Ano 6 *** www.professorchassot.pro.br
*** Edição 2022
No último fim de semana, iniciei a primeira
experiência de ler um livro no iPad. Acompanhei a curiosidade da Gelsa acerca
dos dramas que vive a rainha da Espanha e leio “La soledad de la Reina”. Mas
não é sobre a experiência de folhear paginas de um livro digital e nem sobre a
solidão de Sofia que falo nesta blogada.
Sofia é grega de nascimento; o livro refere Monte
Athos. Buscava assunto para esta blogada, que devesse ser mais ameno que
tétrico tema de ontem. Ocorreu-me pensar que, talvez alguns de meus leitores
não conhecessem o Monte Athos, que para mim é algo muito significativa.
Já na primeira edição (1994) de A ciência através dos tempos ao falar dos monastérios do medievo
dizia:
“Essa nossa referência à vida
monacal medieval
seria incompleta se não
destacássemos um núcleo
que foi, e surpreendentemente
ainda é, um
dos maiores repositórios
do saber : A República de Monte Athos (também
transliterado como Monte Athos, em grego Άγιο Όρος,
"Montanha Santa") é uma península montanhosa de 2.033 m de altura , situada na parte
mais oriental
da Grécia, no mar
Egeu, que está sob
o exclusivo controle
da Igreja ortodoxa ,
tendo governo próprio ,
reconhecido como um
distrito autônomo
pela constituição
grega de 1975 – há apenas
a proteção militar
da Grécia” (p. 106, na edição de 2011).
Monte Athos, mesmo pertencendo formalmente ao
território da Grécia, que mantém um espécie de governador, é na verdade uma
"entidade teocrática independente". Para entrar neste território é
necessária uma permissão especial, não obstante a Grécia faça parte da União
Europeia e tenha abolido os controles fronteiriços. A única forma de chegar ao
Monte Atos é por barco, partindo da cidade de Ouran-oupoli. Tratando-se de um
território habitado por monges, só podem entrar homens e animais do sexo
masculino.
Quando meu livro foi reformulado em 2004, vali-me de depoimento
de Gregório MORÁN, Un ateo en el monte
Athos. [La vanguardia,
(Barcelona) p. 27; 25 de mayo de 2002] e ampliei informações como acerca da gestão:
assim, comunidade é administrada por
um conselho
de 4 membros e por
assembleia de 20 deputados ,
um de cada
um dos principais
monastérios da Igreja
Ortodoxa grega .
O território desta pequena república está situado na
península da Calcídica, a 100 km a sudeste da cidade de Tessalônica e é
habitado por cerca de 1500 monges ortodoxos distribuídos em vinte mosteiros
principais, alguns datados
do século 9. Cada um destes
mosteiros elege seu próprio superior e os representantes para a Santa
Assembleia, que exerce o poder legislativo em todo Monte Atos.
Este pequeno enclave abriga preciosos tesouros
artísticos: antigos manuscritos, ícones e afrescos pintados pelos mais ilustres
representantes da pintura bizantina, destes muitos salvos da Biblioteca de Alexandria e de outros
centros culturais. Acredita-se que o conteúdo
de muitos desses manuscritos ,
ainda hoje ,
não tenha sido reincorporado ao patrimônio
de conhecimentos da humanidade .
Desde suas origens, a Montanha Santa hospedou místicos
e mestres espirituais cujos escritos foram recolhidos no século 18 numa célebre
antologia - a Filocalia - que influenciou profundamente o mundo ortodoxo.
Em Monte Athos só se pode entrar por mar , depois de com muita antecedência
ter providenciado um
atestado de peregrino .
Reservo para concluir algo muito exótico e que mostra , de uma maneira
diferente , como
se pode ser intolerante ,
para não violar alguma suposta
norma religiosa :
O território orgulha-se de desde o século
11 não admitir
o ingresso de nenhuma fêmea – humana ou animal (não maior que uma galinha )
–. Assim , está preservada, supõe-se, a castidade da comunidade .
Quando em agosto do ano passado, visitei pela primeira
vez Saint Petersburgo na Rússia, sentia-me realizando um dos meus maiores
sonhos de turista. Valeu muito. Tenho ainda outros; um deles: Monte Athos.
Mestre!
ResponderExcluirMinha leitura diaria e seu blog...como faço poucos comentarios precisso me redimir..e pedir descupa que escrevo pouco, mas "Que delicia" é a leitura diaria do blog...Que tal o sonho de conhecer Monte Athos...mas pelo visto so pode ser sonhado por masculinos...
Com carinho
Elzira.
Elzira muito querida,
ResponderExcluirsabes que posso acompanhar diariamente cada cidade no Planeta de onde há acesso ao blogue. Vejo a assiduidade de Maravilha e sei que és tu que me lês aí no oeste catarinense.
Tenho sempre a lembrança de teu carinho ‘segurando’ o ônibus para eu chegar a tempo e me obsequiando com um gostoso sanduíche.
Lamentavelmente tu, por ora, não podes pensar em visitar Monte Athos.
Um afago do
attico chassot
Bom dia, Mestre!
ResponderExcluirEsta reportagem me desperta humildade, pois às vezes a gente pensa que está bem informado, mas desconhece coisas como esta!
Eu desconhecia completamente a existência deste "Vaticano Ortodoxo".
Mas, um lugar onde não entram fêmeas, apesar de curioso, para mim perde um pouco do colorido e deixa de figurar nos topos da minha lista de locais a serem visitados...Talvez uma passagem rápida!
Será que algum brasileiro já tentou contrabandear alguma mulher para lá?
Abraços!
Caro Chassot,
ResponderExcluirEstarrecedor! Como? Um local cheio de machos em que não podem adentrar fêmeas? Clube do Bolinha? Eu ein? Se deixar de existir homens dispostos a abdicar da vida comum em machos e fêmeas interagem, essa comunidade está destinada a extinção. Como eles poderiam se reproduzir, não é mesmo? Deixando de lado essa excentricidade que discorda daquele "crescei e multiplicai-vos" bíblico, será bem feito se eles não receberem sangue novo e forem para onde a vaca do adágio foi.
Quero apenas assinalar: "Assim, está preservada, supõe-se, a castidade da comunidade". A ver as milhares de denúncias de pedofilia dos padres, bispos e outros religiosos, não creio nessa suposta castidade nessa comunidade de machos, muitos certamente cheios de hormônios. Abraços, JAIR.
Meu caro Jair,
ResponderExcluirna frase: “Assim, está preservada, supõe-se, a castidade da comunidade” a oração chave é: ‘supõe-se’!
Com estima
attico chassot
Caro Chassot,
ResponderExcluirhá muito tempo assisti a um documentário sobre os mosteiros do Monte Athos. Entre outras particularidades, dizia que o dia dos monges é dividido em quatro partes: seis horas dedicadas ao sono e ao descanso; seis horas dedicadas ao trabalho e ao estudo; seis horas dedicadas à meditação e seis dedicadas ao culto, esse dividido em duas missas: uma pela manhã e outra á noite, cada uma com duração de três horas. Não há homilia e nos templos não há bancos, cadeiras ou poltronas; todos ficam em pé durante o ato religioso. É mesmo muito particular.
Um abraço, com os votos de que em breve possas subir a Montanha Sagrada.
Garin