Ano 6 *** Porto Alegre
*** Edição 2011
Uma muito breve preliminar. Há sumarentos
comentários na edição de ontem aditados por leitores à blogada acerca do
sincretismo 2 de fevereiro. Vale
conferir.
Mais uma vez, uma edição muito especial. Nesta
sexta-feira, como nas cinco anteriores, desde 30 de dezembro, a produção é do
Prof. Guy Barros Barcellos. Ele é biólogo e fundador do Museu da Natureza – Unidade de Ensino São
Mateus / ULBRA que já foi assunto deste blogue. Atualmente o Guy, que no
próximo mês estará defendendo sua dissertação de mestrado acerca de Museus de Ciências como recurso para alfabetização
cientifica no ensino fundamental no Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemática –
PUCRS, está em férias nos Estados Unidos. Atenciosamente brinda, a cada semana,
suas impressões muito atentas aos leitores deste blogue. Hoje, como anunciei
ontem, vamos a Nova Iorque para fruirmos
o Metropolitan Museum, um musical da Broadway "Mary Poppins", missa
coral na St. Thomas Church e a ópera "Anna Bolena" de Donizetti em
estreia histórica no Metropolitan Opera House.
Hoje
faremos mais uma exploração pela Big Apple, com algumas sugestões de atrações
nesta metrópole repleta de diversidade e riqueza cultural. Uma boa pedida é o
musical “Mary Poppins”. O filme musical, lançado pela Disney em 1964 foi/é /
será uma obra de arte. Foi o primeiro filme a misturar desenhos animados com
seres humanos, com efeitos especiais revolucionários para época, teve como
estrela ninguém menos que Dame Julie
Andrews, com sua belíssima voz e excelente atuação ganhou o Oscar de melhor
atriz. Nesta nova produção do musical, para a Broadway, a partitura dos irmãos
Sherman é mantida com pequenas alterações, um competente elenco de cantores e
bailarinos nos fazem sentir como se estivéssemos no próprio filme, com direito
a sapateado no teto do palco e Mary voando de guarda-chuva pela plateia.
Impossível não se sentir criança neste belo espetáculo (foto 1).
Quem
aprecia canto coral irá se refestelar em NYC. Na 5a Avenida há dois
lugares para isto: Saint Patrick Cathedral todos os dias, em diversos horários,
tem missas com coral e órgão de tubos, como comentara em crônica anterior:
“quem não acredita acreditará”. Na mesma rua a Saint Thomas Episcopal Church,
uma graciosa edificação gótica (foto 2), menos opulenta que a St. Patrick, mas muito agradável
também oferece missas com coral de homens e meninos. Nesta ocasião cantaram
obras dos ingleses Thomas Tallis e Edward Elgar. Quem se interessar poderá
encontrar informações nos sites:
Não
pude deixar de visitar o Louvre das Américas, o Metropolitan Museum of Art (foto 3). Lá encontro
alimento para minha sede estética que não se sacia com os acervos do MoMA (Museum
of Modern Art) e o Guggenhein Museum, já dizia o pintor que: na arte o que vale
é o início, o fim já é o fim. Para confirmar isto fui direto à grandiosa
coleção de arte egípcia. É realmente imensa, mas vale falar especialmente sobre
Hatshepsut, uma das poucas mulheres que ocuparam o posto de faraó, junto com
Cleópatra e Nitocris.
Apesar de ser menos conhecida que a amante de Marco
Antônio, Hatshepsut foi uma das mais importantes reinantes do Egito, há 15
séculos A.C. ou 36 séculos A.P. (Antes do Presente). Sua época é considerada um dos pináculos da arte e da cultura egípcia.
Com a morte de seu marido, o faraó Tutmés II, Hatshepsut teria um reinado de
regência, pela pequena idade de seu filho, entretanto esta mulher decidiu
vestir-se com as roupas de faraó e assumiu a dignidade de seu cargo, dizendo-se
a filha do deus Hórus. Apelidamos Hatshepsut de “faraôua” (na foto 4, eu e a faraôua),
uma mulher corajosa que enfrentou os preconceitos e a própria lei de seu Império,
reinou com prosperidade e ajudou a expandir o Egito.
O Met
Museum também apresenta uma sala gigantesca onde fica o Templo de Dendur (foto 5). Em 1962 um rio
iria submergir todo o complexo, ao saber disso o presidente JFK pediu recursos
ao Congresso para ajudar o governo egípcio a salvar este patrimônio da humanidade,
obtendo sucesso. Em 1978 o governo egípcio doou o Templo de Dendur ao
presidente Johnson, que encaminhou ao Met Museum para ficar permanentemente
exposto à quem quiser ver, protegido de erosões da natureza e das
instabilidades do Egito. Não fosse a intervenção estadunidense o Templo de
Dendur seria visitado só por peixes e crocodilos.
Uma das
exposições temporárias do Met Museum é “The Renaissance Portrait: From
Donatello to Bellini” (foto
6). Mostrando obras dos maiores gênios da Renascença, que retratavam pessoas
influentes e importantes com seus pincéis mágicos. O que mais me chamou atenção
foram as obras: Retrato de Simonetta Vespucci, de Botticelli e o Retrato do
Velho com o menino, provavelmente do avô com seu neto favorito. O olhar
enternecido do ancião sendo tocado candidamente pelo infante é emocionante
(foto
7), uma obra de Ghirlandaio. Quem quiser conferir esta exposição poderá
ver todas as obras sem sair de casa no: http://www.metmuseum.org/exhibitions/listings/2011/the-renaissance-portrait-from-donatello-to-bellini.
Para
encerrar esta crônica um pouco de ópera. O Metropolitan Opera House (foto 8) apresentou pela
primeira vez o grande sucesso de Donizetti “Anna Bolena” (1830) com a belíssima
e competente cantora Anna Netrebko (foto 9) no papel principal. O libreto trata sobre os últimos
momentos da amante de Henrique VIII Tudor, causadora do cisma entre a
Inglaterra e a Igreja Romana, tornou-se rainha ao casar-se com Henrique. Não
podendo dar-lhe um filho homem, logo deixou de ser o foco das afeições do
caprichoso rei, caiu em desgraça sendo acusada de traição e incesto, e foi
condenada, (ao menos na ópera) injustamente, por seus crimes. A ópera é
romântica, altamente dramática, com belíssimas e ricas melodias de alta
dificuldade técnica para os intérpretes.
Termina com a loucura da Rainha Bolena
ante ao cadafalso dizendo que não teme a lança do carrasco. Arrebatadora
partitura, história intensa, grandiosa montagem do Met Opera e bela performance
dos cantores. Bravi
tutti!
Quem quiser degustar
confira: http://www.youtube.com
/watch?v=ee1u974jzjo&feature=related
Meu amigo,
ResponderExcluirmais uma vez a diagramação ficou irretocável.
Obrigado pela oportunidade.
Grande abraço,
Guy.
Errata: Hatshepsut foi reinante do Egito há 36 séculos, 15 A.C. Enganei-me na digitação. Mea culpa maxima.
ResponderExcluirAbraços, Guy.
ERRATA 2: O erro foi deste editor. Hatshepsut reinou há 36 séculos, ou como colocastes 15 séculos A.C ou 36 séculos A.P.
ResponderExcluirJá corrigi na edição em circulação.
Com pedido de escusas aos leitores e a ti.
attico chassot
Caro Chassot,
ResponderExcluirimpressionante o tour do prof. Guy. Particularmente chamou minha atenção para a exposição do Templo de Dendur acolhido pelo governo estadunidense e agora disponível para a visitação pública. Fico imaginando quanta obra, que custou o suor da humanidade, foi soterrada por barragens, conflitos civis e guerras, perdidas para sempre.
Um abraço,
Garin
Prezado Norberto,
Excluiralegro-me que tenhas lido e apreciado o texto.
O Templo é realmente muito bonito e emocionante.
Grande abraço,
Guy.
LUIS OTÁVIO AMARAL escreveu de Belo Horizonte
ResponderExcluirQuerido Chassot,
Paz e bem!
Como sempre muito saboroso o texto do Guy. Ele escreve muito bem, de uma forma sempre cativante.
Eu tive dificuldade para postar um comentário à contribuição da última sexta-feira. Então vai agora. Gostei muito das informações e especialmente do entusiasmo do Guy sobre as belugas. Fui tocado pelas fotos. Às vezes dois, às vezes três mamíferos muito alegres. Não tenho tanta certeza sobre o mamífero marinho. Eles sempre parecem ter um lindo sorriso. Essa é a minha impressão desde a minha primeira beluga, retratada no inesquecível livro "Mamíferos", editado pelo MEC.
Agradeço ao Guy pelos endereços da exposição do Met e do canto da Anna Netrebko. Vou visitá-los.
Desta vez ele nos brinda com duas lindas mulheres. A Simonetta Vespucci foi casada com um primo distante do "nosso" Américo Vespúcio. Deixou fama de ser a mais linda mulher de Florença, enlouquecendo desde os Medici a Botticelli.
A Anna Netrebko é uma bela moça e uma estrela (ou seria A
estrela?) da ópera hoje.
Apresso-me em dizer que a "faraoa" também se achava linda, a mais linda de todas. Mas as estátuas com seu estilo convencional não mostram isso. Nem ela se dignou a dar um sorriso de agradecimento pela visita do Guy.
Complementando a informação do Guy, a doação do templo de Dendur aos Estados Unidos foi a retribuição à ajuda que o país deu - como diversos outros - para a salvação dos monumentos mais significativos ameaçados pela construção da barragem de Assuan (ou Aswan). A contrapartida do Egito foi na forma de doação de outras preciosidades aos países que se envolveram na operação de salvamento. Há outras maravilhas que emigraram na mesma época. E certamente muitíssimas outras que, como diz o Guy, somente podem ser vistas por peixes e crocodilos.
Abraços e votos de uma boa tarde de sexta-feira.
Tavinho
Estimado Luís Otávio,
Excluiragradeço teu comentário tão gentil.
Gostei muito das informações adicionais que trouxeste.
Respondendo à tua pergunta, apesar da ópera ser uma constelação hoje em dia, a Netrebko é a de maior brilho. Pelo talento, empatia com a platéia, belo timbre da voz e imenso volume.
Com admiração, meu abraço,
Guy.