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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

16.- TRABALHAR OU ENRIQUECER?



Ano 6 *** www.professorchassot.pro.br *** Edição 2024
Uma viagem (quase) emergencial me retirou por longas horas da Web nesta quarta-feira. Se os deuses que cuidam dos voos estiverem de meu lado, estarei chegando em casa (que deixei, ainda madrugada cerrada) quando esta edição prepostada entrar em circulação.
Trago para cumprir a programação um artigo, que está na contracapa do caderno Mercado, da Folha de S. Paulo. Ele pode catalisar boas reflexões, à moda daquelas que Marx já fazia há mais de 1,5 século. No artigo a tese é: “Quem sonha em sair das amarras do emprego deveria trabalhar um pouco para si também”.
Ao texto de Gustavo Cerbasi, que escreveu, entre outros: "Casais Inteligentes Enriquecem Juntos" (ed. Gente) e "Como Organizar sua Vida Financeira" (Elsevier Campus) adito votos de uma muito boa inauguração desta segunda ‘quinzena de fevereiro’ depauperada em um dia e enriquecida com um tríduo momesco.
Trabalhar ou enriquecer? Você já deve ter ouvido aquela máxima que diz que quem trabalha não enriquece. Infelizmente, ela traz uma verdade.
A maioria dos assalariados nunca parou para refletir sobre o motivo de uma empresa lhe pagar salário. Seria por caridade, altruísmo, generosidade? Longe disso: um empregado assalariado dedica nove, dez ou mais horas por dia para, simplesmente, enriquecer os donos ou acionistas da empresa para a qual trabalha.
Passa, portanto, a maior parte de seu tempo dedicando seu suor, sua inteligência, sua experiência e seu networking para gerar riqueza para os outros.
Isso não é injusto; é só a mais franca tradução do que é o capitalismo. Quem tem riqueza põe essa riqueza para trabalhar e multiplicar seu capital, convidando aqueles que não têm capital para ajudá-lo nesse objetivo de multiplicar riquezas. Em troca, oferece parte da riqueza gerada, na forma de salário.
É fundamental, para a sobrevivência do capitalismo, que todo trabalhador perceba isso e s esforce para virar o jogo a seu favor, poupando parte do que ganha (isto é, acumulando capital) para que, no dia em que sua carreira se esgotar, ele tenha capital suficiente para viver de renda ou, melhor ainda, para investir esse capital em um negócio próprio, gerando oportunidades para vários outros trabalhadores sem capital.
Imagine se cada trabalhador de hoje criasse condições de emprego para dois ou três trabalhadores no futuro. Seria muito bom para ele, para os futuros empregados e para a economia como um todo. Obviamente, pensar que todo trabalhador conseguirá isso é uma visão utópica, pois temos que considerar que muitos empreendedores não conseguirão fazer seu negócio sobreviver e que muitas pessoas nem sequer têm vocação para empreender.
Mas é provável que quem continuar dependendo de todo o salário para pagar as contas a cada mês precisará ser empregado a vida toda ou verá seu padrão de vida decair após sua aposentadoria. Se, por outro lado, optar por reservar para o futuro, estará gerando uma riqueza potencial muito importante para todos que o rodeiam.
Para virar o jogo, é preciso entender a essência do papel do trabalhador nas empresas. Quando alguém trabalha, dedica tempo para obter recursos monetários, mas deixa de dedicar tempo para sua família, para cuidar de sua saúde, para suas relações pessoais e para outros projetos pessoais. Muitas pessoas sentem dificuldade em melhorar seus conhecimentos porque dedicam tanto tempo ao trabalho que não sobra tempo para estudos.
Trabalhar, portanto, rouba tempo que o trabalhador poderia dedicar a seus investimentos pessoais, consequentemente prejudicando o aumento de sua riqueza. É por essa interpretação que eu defino salário não como renda, mas sim como indenização. O trabalhador apenas passaria a ter renda quando decidisse construir patrimônio que lhe gerasse ganhos, como aplicações financeiras, imóveis alugados, bens para revenda com lucro ou algo do tipo. Quem optar pelo caminho de ser empregado a vida toda estará se autossabotando, fadando-se a receber uma simples compensação pelo uso de seu tempo em favor dos outros.
Não prego aqui o fim do emprego. Ele sempre será necessário para os primeiros passos em um projeto de construção de riqueza. Quem não tem recursos para investir deve buscar um emprego que lhe gere esses recursos. Porém, por estar nessa condição, é essencial para seu futuro que o trabalhador tenha um projeto de longo prazo, que envolva a acumulação de parte do salário ganho para que, um dia, ele possa abandonar seu emprego e dedicar seu tempo para o crescimento da própria riqueza.
Entender o ganho dos investimentos como renda e o salário como indenização é exatamente a forma de pensar daqueles que enriquecem. Por isso, quem sonha em sair das amarras do emprego deveria trabalhar um pouco para si também.
A conclusão é simples: se você pensa em enriquecer, não é você quem deve trabalhar pelo dinheiro, mas sim o dinheiro é quem deve trabalhar para você.

5 comentários:

  1. Attico amigo,

    Não tenho tino certamente para ter altos lucros e enriquecer. Trabalho tal como a formiga, contudo, acredito que me divirto como a cigarra na mesma intensidade!

    Muita Paz!

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  2. Amigo Chassot,
    como o articulista destaca, nem todos os tralhadores têm vocação para empreendimentos; entretanto, há outras formas de fazer o capital trabalhar para o trabalhador e parece que esse era o principal sonho de Marx.
    Um abraço.

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  3. Caro Chassot,
    Espinhosa tese do Gustavo Gerbasi, pressupõe que para se libertar do capitalismo que o oprime o trabalhador deve se tornar capitalista, pelo que entendi. Quero apenas lembrar aqui do famoso armador grego A. Onassis que quando perguntado a que atribuía sua imensa riqueza, respondeu: "Trabalhei para os outros e não ganhei dinheiro, trabalhei para mim e também não consegui ganhar, só fiquei rico depois que coloquei os outros para trabalhar para mim". Essa é a essência do capitalismo, e se nós colocarmos os outros para trabalhar para nós teremos tempo para gastar o dinheiro que eles nos rendem. Eu fico com continuar pobre mas feliz, não jogo nem na loteria por que não quero mais dinheiro do que já tenho, uma mixaria. Abraços, JAIR.

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  4. Bom dia, Mestre!
    "Em troca, oferece parte da riqueza gerada, na forma de salário."
    O que torna o capitalismo mais ou menos mesquinho é justamente a forma como isto é feito!
    Nota-se que há países onde quem executa uma função dentro de uma empresa tem determinado padrão qualidade de vida, enquanto em outros, quem desempenha função equivalente vive em condições bem diferentes.
    O ranking do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) situa o Brasil em 84º lugar neste índice, que expressa a qualidade de vida do cidadão. Por aí, pode-se ver que no nosso país, o quinhão da riqueza produzida que cabe ao empregado deve ser proporcionalmente bem menor que, por exemplo, na Suécia (10º lugar).
    Mas, a ideia de cada um se desenvolver por conta própria ganhou sua versão patropi: aqui no Rio, por exemplo, grande parte da massa considerada "desempregada" pelas estatísticas oficiais na verdade é constituída por pessoas que se autointitulam "empresários"!
    São camelôs e outros atividades, inclusive prestadores de serviços que integram uma gigantesca economia informal, que segundo cálculo da Fundação Getúlio Vargas, movimentou no país R$ 578 bilhões em 2009!
    Todo este capital foi movimentado sem pagamento de nenhum imposto!
    Já os assalariados...
    Excelente blogada!
    Abraços!

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  5. Postado no Facebook por Edgardo Aquiles Prado
    Olá Metre:

    Tentei comentar seu blog do dia QUINTA-FEIRA, 16 DE FEVEREIRO DE 2012; 16.- TRABALHAR OU ENRIQUECER?
    e deu algum problema.

    Posto aqui, então.

    Saudações,

    Muito claro, então, que além da indenização, o assalariado deve "perceber" algum outro ganho, de natureza psicológica, ou "imaterial". Me refiro à, no meu caso, sensação de estar aprendendo algo que me será útil no futuro, ou "sensação" de segurança, ou de não precisar pensar muito no futuro (via planos de previdência). Entretanto, isto só poderá funcionar se a opção de não estar "empregado" apresentar medos ou promessas de sofrimentos maiores que os atuais.
    É por isso que um sistema de previdência assustador tem uma função bem clara aqui no Brasil, não funcionar. Com isso ele mantém os trabalhadores, cada vez mais, que pagam planos de saúde, "satisfeitos" com sua sorte. Da mesma forma, a "violência" das ruas que os jornais e TVs mastigam diariamente serve para manter todo myundo em casa, no pouco tempo livre que resta,...depois do trabalho.
    Edgardo Aquiles Prado

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