Ano 7
ANO 7
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EDIÇÃO
2427
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Estamos em uma
semana muito especial para aqueles estão inseridos no mundo cristão: a semana santa iniciada ontem e que
culmina do domingo com a celebração da Páscoa. Também, para os de fé judaica
estes são dias que envolvem celebrações pascais.
Familiarmente,
por questões de agenda dos filhos, fizemos no entardecer de ontem uma
celebração com os netos aqui na Morada dos Afagos. Estavam oito dos nove
(citados cronologicamente): Maria Antônia (quase 14 anos), Guilherme, Maria
Clara, Antônio, Pedro, Felipe, Carolina, Betânia (2,5 meses); lembramos o
Thomas, que vive no exterior.
O vídeo aqui comentado ontem, os silenciou por um
momento. Depois foi a corrida em busca dos ovos.
Havia proposto
dar um tempo para assuntos ligados a dimensão religiosa, recorrente aqui, desde
11 de fevereiro quando do anúncio da resignação de Bento 16, chegando ao ápice
em 13 de março com a escolha de Francisco.
Todavia, recebi
sábado esta mensagem: Amigo prof.
Chassot: Na assentada da poeira de eleição do novo papa (como você mencionou na
blogagem de hoje) publico amanhã [na imprensa de Belém do Pará] o artigo que vai em anexo, com minha
contribuição para o assunto. Abraços, José Carneiro.
Preparava esta
edição quando a minha amiga e colega Conceição (esposa do Zé Carneiro) dá-me
notícia do sepultamento neste domingo do irmão do Zé: Manuel —um Google
ambulante, em se tratando de filmes —. Assim a publicação do texto é também uma
homenagem a um cinéfilo, que herdou do seu Duca, referido aqui ainda em blogada
recente, o DNA fílmico.
O Papa, portenho e estiloso: O mundo inteiro ficou sabendo, em meio a expectativas generalizadas,
que a eleição do novo Papa, o chefe unitário da Igreja Católica, decorreu na
mais perfeita tradição canônica, a não ser pela surpresa resultante da escolha inédita
feita pelos Cardeais do Conclave: o ungido é argentino (embora de ascendência
italiana), jesuíta (nunca houve um Papa oriundo dessa ordem religiosa), não era
favorito (sequer cotado na bolsa das apostas jornalísticas) e adotou o nome pioneiro
de Francisco, como passará a ser conhecido. Coroando tudo isso, já na sua
primeira apresentação pública, da janela do Vaticano de onde se dirigiu aos fiéis
e aos turistas em geral na Praça de São Pedro, o Papa Francisco, em curtas
palavras, demonstrou todo o seu poder de comunicação com o público, deixando de
lado a liturgia para expor, de maneira bastante simples, suas idéias nessa
primeira aparição pública, após eleito. Isso foi o suficiente para sua
aceitação coletiva, tendente a crescer na medida em que aumentarem os sorrisos
papais e, subseqüentemente, sua atuação a frente da Igreja Católica.
Ante a surpresa da escolha do cardeal argentino –
que considerou a si mesmo vindo do fim do mundo, numa alegoria feliz à Patagônia
– a imprensa mundial não demorou a expor o perfil do Papa Francisco, na sua
atividade diária em
Buenos Aires e espraiada pelo país. Foi quando, então, o
mundo conheceu um homem ilustrado, mas simples, que preferia andar de metrô ao
invés de carros de luxo, que cozinhava ele próprio a sua comida e que fazia
clara opção pelos pobres, sem descurar, contudo, da defesa dos dogmas
tradicionais da Igreja – que condenam a homossexualidade, por exemplo – o que
lhe teria rendido alguns arrufos com o atual governo argentino. Houve também
insinuações vinculando-o à ditadura militar da década de 1970, sem repercussões,
todavia, capazes de toldar a sua biografia, embora isso não deva ser
desprezado, agora ou no correr dos tempos.
Os dias seguintes à eleição confirmariam o estilo
que ele pretende impor daqui por diante, quebrando protocolos conhecidos,
driblando a rígida segurança que o Vaticano impõe aos prelados e fazendo valer,
na medida do possível, a sua agenda, como foi o caso de se dirigir ao hotel em
que ficara hospedado antes do Conclave, para pagar sua despesa pessoal. Já
entronizado formalmente no papado, o argentino Francisco diplomaticamente usou
seu sorriso aberto para confraternizar com a Presidenta argentina, e com os
Chefes de Estado – de países católicos ou não – que foram homenageá-lo.
Diante da crise que a Santa Madre Igreja vem
atravessando – como a pedofilia e os desmandos financeiros do banco do Vaticano
– e sobre a qual não há espaço aqui para os devidos aprofundamentos, o Papa
Francisco já deu sinais claros de que pretende, gradativamente, ir enfrentando
os problemas mais pontuais, quem sabe os mais pessoais, a fim de oferecer
satisfação direta aos milhões de fiéis que esperam dele ações efetivas nesse
rumo. Quanto a isso, só o tempo é que poderá dizer se a Igreja Católica encontrou
o caminho difícil do saneamento. Certamente voltarei a este assunto candente.
Se o Papa Francisco for arisco e driblador como
Messi, ousado como Maradona, filosófico como Jorge Luis Borges e se continuar
popular como Carlos Gardel, aí sim, pode-se inferir que o Papa argentino tem
tudo para registrar sua marca à frente do Vaticano. Esperemos, sem pressa, que
seja uma boa marca, a ser difundida pelo mundo afora e por todos os séculos.
O texto aditado hoje, é sem dúvida de ótima leitura. Porém nada mais singelo e belo do que a fotografia dos netos a volta do avô Mestre. Um tesouro cada vez mais abandonado nos dias de hoje. A formação tradicional de família atravessa uma crise sem precedentes. Cada vez mais casa-se, separa-se, "ajunta-se", adota-se e outras inúmeras formas mais de relacionamentos. A figura do pai e da mãe já não são mais imprescindíveis na formação de uma casal. Podemos ter assim duas mães ou dois pais tambem que agora reivindicam o direito inclusive de criar filhos no novo lar. Filhos de um primeiro relacionamento se juntam aos do segundo e terceiro mais o do atual trazendo um quadro que apaga cada vez mais a figura da tradicional familia. Tempos modernos, tempos difíceis.
ResponderExcluirAbraços
Antonio Jorge
Querido amigo mestre Chassot:
ResponderExcluirEstou emocionado com sua reverência ao meu texto e minha dor, no momento em que experimento evento tão triste. Despedi-me ontem, em São Pedro da Aldeia, região dos lagos do RJ do meu irmão mais velho, Manuel, a quem eu tão bem queria. E a vida segue, como você sabe. E ela se torna mais fácil pelas amizades, como a sua.
Grande abraço
Caro Chassot,
ResponderExcluirO que surpreende por parte dos analistas que traçam o perfil do novo papa é certa falta de informação. Contrário ao Brasil, a República Argentina não é laica, lá os religiosos católicos recebem salário do poder público. O Estado argentino os têm como "funcionários" remunerados, e eles se comportam como tal. Aqui no Brasil, por ocasião da ditadura militar, os religiosos botavam a boca no trombone, com todos os riscos que isso poderia acarretar. Lá na Argentina durante aquele período negro pouquíssimos religiosos ousaram timidamente reclamar, afinal estariam reclamando do patrão que lhes garantia comida à mesa, e do chefe, por mais que não se esteja de acordo com sua atitudes, nada se fala. Então, é ocioso discutir se o atual papa pactuou ou não com o regime repressivo, ele fez o que todos faziam: calou-se. O papa Chicão não é melhor que ninguém que tenha calado frente aos desmandos dos militares argentinos, como "funcionário público" ele fez o que se esperava dele. O resto é fogo fátuo. Abraços, JAIR.
Limerique
ResponderExcluirPapa Francisco: de todos os misteres,
Política não pertence às mulheres
É sua ocupação
Tanque e fogão
Que ali devem manter seus talheres.
Muito estimado Jair,
ResponderExcluirdevo confessar que desconhecia esta informação. Conheço similitudes que descreves em alguns países europeus. Não sabia da Argentina. Realmente esta informação ‘determina’ outras análises.
Obrigado por trazeres uma leitura mais crítica à eleição de Francisco,
attico chassot
Attico,
ResponderExcluirregistro minha gratidão, pela acolhida aos netos no domingo. São estes momentos que ficarão na memória deles.
Abraço
Carla