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sexta-feira, 8 de março de 2013

08.- (R)ESTRUTURANDO O MITO DE PANDORA



Ano 7*** www.professorchassot.pro.br Edição 2410
Minhas homenagens a uma muito ampla gama de Mulheres que foram/são históricas na minha vida se faz numa releitura do mito de Pandora.
Há um amplo espectro de mulheres na minha história: começa com minhas queridas avós Bárbara e Suzana e se estende, por ora, à chegada em 10JAN13 da doce Betânia, minha neta mais jovem. Numa história  de quase ¾ de século muitas mulheres marcaram/marcam minha vida. A cada uma homenageio grato nesta data.
Há muitas versões ao mito de Pandora. Mostro em A Ciência é masculina? É, sim senhora! que dentre as marcas que assimilamos, inculcados de nossa tradição grega, podemos encontrar em narrações dos mitos religiosos fundantes do relacionamento dos gregos com seus deuses, a versão mítica da origem das mulheres.
Refere-se ali, uma das muitas disputas entre os deuses. No princípio, os mortais (os humanos ánthropoi) conviviam com os imortais (os deuses nascidos da Terra e do Céu), divididos em linhagens paralelas, algumas vezes se estabeleciam conflitos entre os deuses e os humanos. Estes diferentes gêneros de seres — mortais e imortais — formavam uma sociedade homogênea em que felicidade reinava sem reservas.
Mas um dia ocorre um grave incidente. Prometeu, um deus mais de menor categoria, teve a ideia de zombar de Zeus — o chefe supremo dos deuses —, quando da partilha de um boi, destinado a um banquete comum, não lhe dando a melhor parte. As disputas sucedem-se. Prometeu rouba o fogo do Olimpo e o presenteia aos humanos, estes até então tidos todos como seres hermafroditos. Depois de sucessivas perdas e ganhos Zeus resolve dar um mal, como contrapartida, àqueles que estavam muito felizes com a conquista presenteada por Prometeu: dá-lhes a mulher.
Os deuses modelam uma criatura artificial: Pandora, a primeira mulher. Em sua criação os vários deuses colaboraram com partes; Hefestos moldou sua forma a partir de argila, Afrodite deu-lhe beleza, Apolo deu-lhe talento musical, Deméter ensinou-lhe a colheita, Atena deu-lhe habilidade manual, Poseidon deu-lhe um colar de pérolas e a certeza de não se afogar, e Zeus deu-lhe uma série de características pessoais, além de uma caixa, a caixa de Pandora.
Este maravilhoso ser dará origem ao gênero das mulheres, criaturas que trazem aos humanos a avidez do desejo, o fim do contentamento e da auto-suficiência. Sua chegada aos humanos decreta a separação de um par hermafrodita ao Pandora capturar para si a parte masculina. A parte feminina sobrante, busca uma parte masculina de outro par. Assim se sucede a eterna busca do acasalamento entre o feminino e o masculino, sempre com a ruptura de casais hermafroditas, formando casais de mulheres homens.
Pandora traz consigo uma caixa fechada, de onde deixará escapar, estupidamente, todos os males que pesam sobre os homens. Só não deixa sair a esperança.
Qual a releitura proposta aqui e agora? Pandora, assim como Eva — na tradição judaico-cristã, responsabilizada pela perda do paraíso — é acusada de terminar com a harmonia em que viviam os humanos parificados como hermafroditos.
Nas duas narrativas (teogonia grega e Gênesis judaico) machistamente se culpabiliza as duas primeiras mulheres. Na leitura de nosso DNA grego, ouso propor — e esta é minha homenagem por este 08MAR13 — que o desencadeamento que Pandora catalisou é muito melhor que a ‘dita’ harmonia de sermos todos hermafroditos.
Assim, mulheres de minha história, é bom tê-las todas como mulheres individuais; as prefiro assim à opção de ser apenas um ser acasalado segundo a concepção mítica fundante. A todas minha admiração, a muitas minha gratidão

4 comentários:

  1. Limerique

    Seja Eva, Pandora, Dilma ou Ester
    Aquela que pariu ou outra qualquer
    Todas esteios da humanidade
    Sem elas não há sociedade
    Afinal, melhor que homem só mesmo mulher.

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  2. Com a maestria dos sábios mestre Chassot nos comtempla com esta pérola de blogada, atrevo-me a relatar pequeno exemplo de nossa história correndo o risco de trocar algum nome: Na Roma antiga tivemos um Imperador, Justiniano. Justiniano não tinha origem nobre, era apenas um soldado romano que foi colocado no trono por seu tio Justianeu, o qual tambem havia sido apenas chefe da guarda, chegando ao trono por falta de outras opções. A origem dos dois era de família de camponeses. Justiniano era assim um imperador sem muita expressão. Um dia, uma companhia circense de passagem por Roma apresentou um espetáculo no qual uma jovem e bela mulher, de nome Teodora,se apresentava totalmente desnuda com o corpo coberto por grãos e deixava os pombos comerem a totalidade das sementes revelando a sua intimidade. Justiniano ficou perdidamente apaixonado e para desagrado de todos desposou-a.
    A partir de então teve um firme governo, atravessando severas crises, sempre ao lado da mão firme de sua esposa. Há relatos inclusive que em determinados momentos quis abandonar o trono e fugir de Roma, sendo severamente advertido por Teodora que o ajudou a manter-se no poder.

    abraços

    Antonio Jorge

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  3. Meu caro Antonio Jorge,
    obrigado por trazeres a importante Teodora, de quem eu não sabia o detalhe da alimentação de aves com bem postas sementes.
    Com admiração e gratidão por teus comentários cotidianos,
    attico chassot

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  4. Pai

    Parabéns para todas mulheres !

    Linda homenagem !!

    Bernardo

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