06.- O EXOTISMO DOS
DIAS DA SEMANA EM PORTUGUÊS.
Num limerique de Jair C. Lopes a minha admiração a um herói
que partiu.
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A ceifadeira retirou entraves
Então lhe fez a passagem suave
Descansou-lhe a alma
O conduziu com calma
Retirou desta vida Hugo Chávez.
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Esta
edição está na esteira daquelas blogadas que se fez aqui — e geraram
curiosidade — acerca do quanto o Português não acompanha o cultuar de sete
divindades celestes, as mesmas em distintos panteões (grego, romano, saxão)
representado pelos sete corpos celestes supralunares numa concepção geocêntrica
(ver figura): Lua, Mercúrio, Vênus, Sol, Marte, Júpiter e Saturno.
Adito
uma tabela que fiz, que mesmo não muito visível, recebe o convite para o leitor
para observá-la. É muito usual confundirmo-nos nessa equivalência ou mesmo não
nos darmos conta a qual dos dois panteões divinos, grego ou romano, nos
referimos.
Parece
fácil inferir o quanto há de semelhança nas ‘homenagens’ de diferentes culturas
aos mesmos personagens míticos, em sua maioria trazidos do panteão dos deuses
romanos ou de seus homólogos gregos. Há uma exceção em quatro dias (terça,
quarta, quinta e sexta-feira) quando influência de culturas nórdicas não deixou
apagar seus deuses ante a dominação romana. Nesses dias, estão os deuses Tiw,
Wonden, Thor e Friga e correspondem com bastante aproximação, em seus atributos
e áreas de devoção e proteção, respectivamente a Marte, Mercúrio, Júpiter e
Vênus.
Algo
significativo que se verifica é quanto nos sete dias da semana, ressalvado
nisso o destoar da língua portuguesa — antes comentado —, temos nos seis
planetas representados, acrescidos da lua ou das divindades que a eles abençoam
a concepção aristotélica de Universo (na figura), que por mais de 20 séculos
foi o modelo vigente de maneira inconteste.
Sabemos
o que aconteceu com aqueles que o contestaram, como Bruno e Galileu. Vale
lembrar, que ainda hoje esta proposta aristotélica facilita nossas relações,
num quase matuto senso comum, ao nos referir ao Sol, mantendo-nos professando o
geocentrismo, ao invés do heliocentrismo.
Também
é trivial observar na referida tabela o quanto a denominação dos dias da semana
em língua portuguesa — que parece fortemente marcada por uma inculcação da
Igreja católica — destoa das outras línguas latinas (espanhol, francês,
italiano...) e mesmo de tradições anglo-saxônicas e também das culturas
orientais. Parece que se pode trazer apenas duas exceções, determinadas pela
influência da matriz portuguesa:
Uma, o Galego com as fortes marcas da
vizinhança da Galícia espanhola com norte de Portugal -, a língua falada ali é detentora de uma extensa
literatura escrita que se assemelha mais ao português (talvez, mais a nosso
‘brasileiro’ caipira) que ao espanhol. Em Galego há uma forma
‘portuguesa’ (mais galega): segunda feira, terza feira, cuarta feira, quinta
feira, sexta feira, sábado e domingo, mas é corrente uma forma mais
marcadamente castelhana (mais oficial) onde os nomes são: luns, martes,
mércores, xoves, venres, sábado e
doming.
Outra,
o Caboverdiano, no qual se
vê a imposição do colonizador (Portugal) e se pode, não sem muito esforço,
imaginar as dificuldades de adaptação dos nativos à língua imposta pelo
colonizador português, provavelmente substituindo outra maneira mais poética de
nomear os dias, que talvez lembrassem divindades protetoras, transformando a feira, que foi féria para fera, que como
a maioria de nós pronuncia em nosso falar corrente. Os dias da semana em Cabo
Verde são: sugunda fera, tirsera fera, kuárta fera, kinta fera, sésta fera,
sábru, diâ dimingu.
Com votos de
um bom dia de Mercúrio a cada uma e cada um, a promessa de amanhã nos lermos
aqui. Até então.
Em nossa sociedade capitalista e selvagem, cada vez se dá menos valor as coisas das quais não possamos retirar um proveito material, um lucro financeiro e mensurável. Com o conhecimento, o qual é a verdadeira prata, acontece exatamente isso. A juventude deleita-se por longos períodos a apreciar novelas e outras culturas inúteis, mas enfadonha-se em uma prosa que lhe apresente algo que providencialmente lhe estará no mínimo lhe formando um ser melhor.
ResponderExcluirabraços
Antonio Jorge
Limerique
ResponderExcluirOs dias, um na frente outro atrás
Sete dias, uma semana perfaz
Organizemos agenda
Trilhemos a senda
Porquanto o nosso tempo é fugaz.