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quarta-feira, 6 de março de 2013

06.- O EXOTISMO DOS DIAS DA SEMANA EM PORTUGUÊS.


06.- O EXOTISMO DOS DIAS DA SEMANA EM PORTUGUÊS.

Ano 7***  www.professorchassot.pro.br  Edição 2408
Num limerique de Jair C. Lopes a minha admiração a um herói que partiu.

A ceifadeira retirou entraves
Então lhe fez a passagem suave
Descansou-lhe a alma
O conduziu com calma
Retirou desta vida Hugo Chávez.


Esta edição está na esteira daquelas blogadas que se fez aqui — e geraram curiosidade — acerca do quanto o Português não acompanha o cultuar de sete divindades celestes, as mesmas em distintos panteões (grego, romano, saxão) representado pelos sete corpos celestes supralunares numa concepção geocêntrica (ver figura): Lua, Mercúrio, Vênus, Sol, Marte, Júpiter e Saturno.
Adito uma tabela que fiz, que mesmo não muito visível, recebe o convite para o leitor para observá-la. É muito usual confundirmo-nos nessa equivalência ou mesmo não nos darmos conta a qual dos dois panteões divinos, grego ou romano, nos referimos.
Parece fácil inferir o quanto há de semelhança nas ‘homenagens’ de diferentes culturas aos mesmos personagens míticos, em sua maioria trazidos do panteão dos deuses romanos ou de seus homólogos gregos. Há uma exceção em quatro dias (terça, quarta, quinta e sexta-feira) quando influência de culturas nórdicas não deixou apagar seus deuses ante a dominação romana. Nesses dias, estão os deuses Tiw, Wonden, Thor e Friga e correspondem com bastante aproximação, em seus atributos e áreas de devoção e proteção, respectivamente a Marte, Mercúrio, Júpiter e Vênus.
Algo significativo que se verifica é quanto nos sete dias da semana, ressalvado nisso o destoar da língua portuguesa — antes comentado —, temos nos seis planetas representados, acrescidos da lua ou das divindades que a eles abençoam a concepção aristotélica de Universo (na figura), que por mais de 20 séculos foi o modelo vigente de maneira inconteste.
Sabemos o que aconteceu com aqueles que o contestaram, como Bruno e Galileu. Vale lembrar, que ainda hoje esta proposta aristotélica facilita nossas relações, num quase matuto senso comum, ao nos referir ao Sol, mantendo-nos professando o geocentrismo, ao invés do heliocentrismo.
Também é trivial observar na referida tabela o quanto a denominação dos dias da semana em língua portuguesa — que parece fortemente marcada por uma inculcação da Igreja católica — destoa das outras línguas latinas (espanhol, francês, italiano...) e mesmo de tradições anglo-saxônicas e também das culturas orientais. Parece que se pode trazer apenas duas exceções, determinadas pela influência da matriz portuguesa:
Uma, o Galego com as fortes marcas da vizinhança da Galícia espanhola com norte de Portugal -, a língua falada ali é detentora de uma extensa literatura escrita que se assemelha mais ao português (talvez, mais a nosso ‘brasileiro’ caipira) que ao espanhol. Em Galego há uma forma ‘portuguesa’ (mais galega): segunda feira, terza feira, cuarta feira, quinta feira, sexta feira, sábado e domingo, mas é corrente uma forma mais marcadamente castelhana (mais oficial) onde os nomes são: luns, martes, mércores, xoves, venres, sábado e doming.
Outra, o Caboverdiano, no qual se vê a imposição do colonizador (Portugal) e se pode, não sem muito esforço, imaginar as dificuldades de adaptação dos nativos à língua imposta pelo colonizador português, provavelmente substituindo outra maneira mais poética de nomear os dias, que talvez lembrassem divindades protetoras, transformando a feira, que foi féria para fera, que como a maioria de nós pronuncia em nosso falar corrente. Os dias da semana em Cabo Verde são: sugunda fera, tirsera fera, kuárta fera, kinta fera, sésta fera, sábru, diâ dimingu.
Com votos de um bom dia de Mercúrio a cada uma e cada um, a promessa de amanhã nos lermos aqui. Até então.

2 comentários:

  1. Em nossa sociedade capitalista e selvagem, cada vez se dá menos valor as coisas das quais não possamos retirar um proveito material, um lucro financeiro e mensurável. Com o conhecimento, o qual é a verdadeira prata, acontece exatamente isso. A juventude deleita-se por longos períodos a apreciar novelas e outras culturas inúteis, mas enfadonha-se em uma prosa que lhe apresente algo que providencialmente lhe estará no mínimo lhe formando um ser melhor.

    abraços

    Antonio Jorge

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  2. Limerique

    Os dias, um na frente outro atrás
    Sete dias, uma semana perfaz
    Organizemos agenda
    Trilhemos a senda
    Porquanto o nosso tempo é fugaz.

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