Esta blogada foi gestada ainda envolvido
emocionalmente com o filme Os miseráveis
— magistral direção Tom Hooper em
adaptação da obra homônima de Vitor Hugo (1802—1885). A história se passa na
França no começo do Século 19.
Qual a conexão que faço com a
dramática narrativa de um dos mais conceituados escritores do mundo ocidental,
de 200 anos passados, com trabalhadores do século 21, marcado por altíssima
tecnologia?
A resposta é uma pecha para a humanidade
judaico-cristã de alguns séculos passados: ser trabalhador era sinônimo de ser
escravo, ou pior, ser miserável. E agora?
O blogue do Prof. Jairo —profjairobrasil.blogspot.com.br
— desta semana narra e documenta com o vídeo ‘Linha de desmontagem’ que hoje existem trabalhadores que trabalham
em situações ainda piores que os miseráveis de Vitor Hugo.
Não são trabalhadores clandestinos.
Eles são assalariados, com carteira assinada, até sindicalizados. Trabalham com
luvas, botas, gorros, máscaras que só deixam aparecer os olhos. São empregados
pela indústria da carne. Há, por exemplo, aqueles que passam uma jornada
inteira degolando galinhas, que passam ante seus olhos penduradas debatendo-se.
Sinto que não tenho condições de acrescentar
mais nada. Vale ler a edição desta semana do blogue do Prof. Jairo. Aprendi a admirar seu editor quando meu
orientando no mestrado. Ele tem expertise em Segurança do Trabalho. Escreve
como defensor de uma melhor qualidade de vida da trabalhadora e do trabalhador.
Há um vídeo de uma produção pirata de origem francesa que circula na internet o qual faz apologia a desobediência civil como reação a exploração atual do homem. Vou ficar devendo o link, mas assim que encontrá-lo informarei a todos. Neste é retratada, com muita inteligência, a vida caótica em que vivemos. A igreja prega que a pobreza é virtude e atributo indispensável para o ingresso no reino dos céus. A sociedade reivindica do homem comum uma postura ilibada e cumpridora dos deveres. Dever de passar fome, de morar mal, não ter acesso a saúde, não ter acesso a educação. Direitos? Sim, o de ficar calado, porque senão a "autoridade" o prende por desacato. Se quiser reclamar, que vá conversar com a máquina. Opção um, opção dois... obrigado por ter ligado.
ResponderExcluirabraços
Antonio Jorge
Prezado Chassot!
ResponderExcluirO relato que trago nesta edição do blog, e para o qual você direcionou tua edição desta quinta, é um depoimento de quem conviveu com esta realidade por mais de 15 anos. A convivência com estes trabalhadores me fizeram entender muitas coisas relacionadas ao domínio de uma classe dominante de forma avassaladora. Ainda esta semana pudemos ouvir na Rádio Gaúcha o anúncio de que um frigorífico da Brasil FOODS (união das antigas SADIA e PERDIGÃO), localizado na cidade de Marau, está selecionando 150 trabalhadores aqui na capital para trabalhar naquele município, por falta de mao de obra local. A empresa está pagando o transporte de ida e volta toda a semana e estadia durante a semana para todos os contartados. Detsa forma se pode comprovar a grande rejeição que há por parte dos trabalhadores em atuar neste setor. Abraço JB
Muito querido amigo Jairo,
Excluirobrigado pela ratificação, como comentário neste blogue, de tua experiência profissional, evitando que mulheres e homens continuem a ser moídos nesta “Linha de desmontagem.” Como muito bem sintetizou Jair. o Exupéry de Floripa:
A escravidão continua nas lidas
Para o patrão lucrativas saídas
Na linha de montagem
Horrorosa voragem
Operários desmontam suas vidas.
Com admiração renovada
attico chassot
Querido mestre!
ResponderExcluirSe considerarmos a cultura do trabalho como a capacidade de pensar e construir significados percebe-se que, por ela, tornamo-nos humanos.
É pelo trabalho que nos humanizamos (ou não) e, em decorrência, humanizamos (ou não).
Se ele constituir elemento existencial alienado ou subjugado, aniquila a condição pertençual, relacional, humana, que pressupõe dignidade de vida e decência no com-viver.
Que jamais cessemos de lutar por condições dignas de trabalho. Grata pela preciosa reflexão.
Grande abraço: Lia, a Ilíria que ainda lê
Limeriques
ResponderExcluirA escravidão continua nas lidas
Para o patrão lucrativas saídas
Na linha de montagem
Horrorosa voragem
Operários desmontam suas vidas.