Ano
7*** PORTO ALEGRE Morada dos Afagos ***Edição 2034
O badaladíssimo 21 de dezembro passou. Aqui na região sul
não só não vimos o fim dos tempos, como também não deu para curtir o solstício,
pois a chuva obscureceu o sol. Mas vale curtir agora o primeiro sábado da nova
era.
Hoje, guardado uma
tradição falo de escritos. E não vou me considerar despudorado por trazer aqui
um texto meu. Afinal faço em um período que literalmente aqui é de vacas
magras. Os cerca de 300 leitores, neste entorno das festas ficam reduzidos a
esmirrados 200. Assim falar em causa própria não é impudico.
Quando
já é sábado, seduzido por uma mensagem que recebi na quarta-feira, resolvi
falar de “Diálogos de aprendentes#”.
Cada artista, artesão, escritor ou cientista tem a sua ‘obra mais querida’. Os
filhos, no mítico ciúme, dizem que, até entre eles temos o preferido, logo
porque, entre, nossos muitos escritos, não vamos ter um ‘que mais gostamos’.
A
maneira original (para mim) de como ‘os
diálogos’ foram tecidos e o uso do texto são as duas dimensões que me
autorizam fazer deste capítulo inserido em uma coletânea como a minha obra
prima. Mesmo que tenha sete livros em circulação e destes haja um (A ciência através dos tempos) que já vai
completar 20 anos de sucessivas reedições, superando já os 100 mil exemplares
ou outro (Memórias de um professor:
hologramas desde um trem misto) que tem mais de meio milhar de páginas, uma
bela capa e uma apresentação primorosa de um Secretário de Estado da Educação,
é um texto de um pouco mais de duas dúzias de páginas que leva os louros e
quero trazê-lo aqui.
Em
“Diálogos de aprendentes” houve a
proposta de trazer algumas discussões acerca de uma ‘Educação científica para cidadania’
para um livro organizado com a contribuição de expertos da Educação Química
brasileira. O capítulo é apresentado sob forma de um diálogo internético entre
uma jovem aluna, que cursa a segunda metade do curso de licenciatura em Química
e um professor que há muito se envolve com a formação de docentes para a área
das Ciências da Natureza. O ponto de partida são interrogações que Maria Clara,
uma jovem estudante de uma instituição no interior da Amazônia, faz para
Giordano, um professor já mais experiente. Aqui termina a ficção.
O
capítulo se constrói com uma produção real formada por mensagens, consultas e
comentários no blogue que recebo. Nas respostas trago meu ponto de vista,
analiso postura de outros teóricos, recomendo leituras de textos e apresento
sugestões de como abordar determinados assuntos que envolvem uma alfabetização
científica em um espectro muito amplo. Tudo está centrado em termos daquilo que
é central no capítulo: ‘Educação científica para cidadania’. Há uma continuada
troca entre a aluna e o professor. Ambos fazem tessituras com as aprendizagens
de uma e de outro. Nessa troca de experiência faço uma arqueologia de alguns de
meus textos e postulo uma expansão de fronteiras para Educação Científica e Alfabetização
científica.
Outra
dimensão do texto é seu uso. Nada gratifica tanto um autor quanto saber do uso
de sua produção. A escrita só tem sentido se houver leitura. Então ocorre o
desiderato; a plenificação do binômio: Escrita<>Leitura. Depois da
produção do texto, fiz visitas ‘escaipadas’ a várias salas de aulas de
licenciaturas em diferentes Estados, onde alunos haviam lido e discutido “Diálogos de aprendentes” passaram a
analisar o texto comigo. É fácil inferir o quanto estas ações ampliaram
aprendizagens.
Adito
algo mais para fazer deste texto um preferido:
ele foi escrito em fevereiro e março de 2010, enquanto Professor Visitante da
Aalborg Universitete, na Dinamarca. As fortes emoções do mais rigoroso inverno
branco de minha história, para quem deixar uma Porto Alegre de quase 40ºC fertilizaram
alguns dos escritos de então.
Eis
a mensagem que recebi nesta quarta-feira, desde Hanói, no Vietnã, de um
brasileiro ligado ao Itamaraty:
"Obrigado professor
Attico Chassot, por me aceitar como amigo no face. Eu tenho `A Ciência através
dos Tempos`, que gostei muito e é livro de referencia pra mim e estou lendo `Ensino
de Química em Foco`. O capítulo um é o melhor de todos, hehehe. Não deviam
colocar o seu texto logo no primeiro capítulo, aí os outros capítulos parecem
chatos... (os demais capítulos de ensino de Química em foco são bons, mas são
mais técnicos, não tem a poesia, a contemporaneidade, a leveza e a profundidade
de alma do primeiro capítulo)... Enfim, é um privilégio ser amigo no Facebook
de um professor, cientista, poeta, filósofo e blogueiro que admiro muito.
Parece que minha
escolha teve um bom endosso. Agradeço o aval de Juliano de Almeida Elias. Ele me fez ainda mais entusiasmado com o “Diálogos
de aprendentes”.
# O texto está publicado em MALDANER, Otavio Aloisio (Organizador); SANTOS, Wildson Luiz Pereira dos (Organizador). p. 23-50 Ijuí: Ensino de Química em Foco Editora Unijuí, 2010, 368 p. 15 X 21 cm. ISBN 978-85-7429-888-7
Confesso não conhecer a obra citada, o que pretendo providenciar neste período de férias. Porém identifiquei uma curiosa e agradavel coincidência; ou não seria apenas obra do acaso? O nome da personagem é o mesmo da netinha vivaz e precoce a Maria Clara.
ResponderExcluirabraços
Antonio Jorge
Muito prezado Antônio Jorge,
Excluirestá correta (e oportuna) tua ligação.
Maria Clara é m nome forte na meu mundo familiar e não sem razão fiz dele o nome da personagem central do texto. Maria Clara é nome de minha neta que com sua sagacidade se fez musa dialogante com o prof. Giordano, nome que lembro Bruno). Maria Clara é também o nome de minha mãe e de uma querida irmã minha.
Obrigado por tua continuada presença aqui e boas leituras sabáticas,
attico chassot
Caro amigo prof. Chassot:
ResponderExcluirContinuando como sobreviventes de um mundo que, felizmente, ainda não acabou, faço este contato pré-natalino para corroborar a penúltima postagem [21DEZ2012], que acabei de ler. Considero o texto da "Salve Rainha" dos mais belos da liturgia católica, com destaque para o que você chamou a atenção: "a vós bradamos, os degredados filhos de Eva, a vós suspiramos, gemendo e chorando neste Vale de Lágrimas". O "bradamos" e o "Vale de Lágrimas" se vestem de uma expressividade tocante. Mas de modo geral, e lembrando da minha/nossa infância, os textos das escrituras, ou derivados delas, tendem a ser bem escritos e mexem com a emoção dos que crêem.
Hoje, como agnóstico, atenho-me apenas à beleza literárias desses textos.
Com o meu forte abraço, aproveito para encaminhar meu artigo desta semana.
Atenciosamente
José Carneiro
Meu querido José,
Excluira chegada de uma mensagem belenense sempre me encanta e tua fala da ‘Salve Regina, Mater misericordiae’ vem prenhe de recordações. Aquele ‘vale de lágrimas’ foi/é muito denso no meu imaginário. Tenho outra explicação de porque a “Salve Rainha” nos marcou tanto. Ela encerrava a récita do terço. Depois daquelas xaroposas 50 repetições das ‘ave-marias’ vinha algo diferente, poético que oferecia esperanças aos ‘degradados filhos de Eva’.
Olha que aí tem assunto para uma blogada, que evocaria saudades de uma geração como a nossa marcada por densa religiosidade mariana.
Obrigado pelo texto que será leitura para abrir o verão.
Com admiração
attico chassot
Limerique
ResponderExcluirChassot nos livros coloca sualma
Amor pelo ensinar ele empalma
Seus rebanhos conduz
Em direção à luz
Com sutileza, firmeza e calma.
Muito ínclito Jair,
Excluiro poeta-Limerique,
obrigado pelo comovente (e exagerada) homenagem.
Com admiração e encantamento
attico chassot
Reitero tudo que eu disse no post do facebook, e acrescento o agradecimento pela citação no seu blog. O senhor tem que fazer uma continuação, sobre a televisita à UniFlorestania!
ResponderExcluirMeu estimado colega Juliano,
Excluirratifico meus agradecimento a tua avaliação e recomendo a meus leitores a homenagem que fazes desde o Vietnam que pode ser vista em http://www.facebook.com/photo.php?fbid=528171733868388&set=a.205291742823057.52809.100000266987032&type=1
Com gratidão
attico chassot
http://mestrechassot.blogspot.com