Ano
7*** PORTO ALEGRE ***Edição 2015
Uma
quarta-feira, que como ontem e segunda-feira promete, promete ser canicular,
com uma antecipação do verão. Aqui, se vive rogações por chuva. Mas, chuva! e
não este xixizinho de anjinhos que caiu ao anoitecer.
Ontem,
cumpri rituais de despedidas de duas turmas de Teorias do Desenvolvimento
Humano que lecionei este semestre. Pela manhã emocionado, com uma turma de
Música e Pedagogia. À noite, uma asséptica despedida de turma de Educação Física
e Pedagogia. Ainda à noite assisti parte do concerto de fim de ano de alunos e
professores do curso de Música. Muito bonito espetáculo para mostrar as conquistas.
Vibrei vários grupos de ex-alunos executando músicas.
Nos últimos dias, novas tecnologias ligadas à
rede mundial de computadores foram assunto. Vivemos tempos de rapidação.
Há
cinco anos Facebook era algo desconhecido ou pelo menos esotérico à maioria de
nós. Hoje, o face (como é chamado com
tom carinhoso. ¿Como nossas criança ao se alfabetizar lerão, face, site,...?)
se parece com uma nova cédula de
identidade. Há dois anos, certamente desconhecíamos quanto esta rede social tem
interesses muito diferentes do que aquele para encontrarmos um colega que
estudou na mesma classe que nós e do qual não temos notícia há quase meio
século.
Lançado
em 4 de fevereiro de 2004, em 4 de outubro de 2012 o Facebook atingiu a marca
de 1 Bilhão de usuários ativos. Em média 316.455 pessoas se cadastram, por dia,
no Facebook, desde sua criação em 4 de fevereiro de 2004.
Hoje
corporações (empresas, redes comerciais, universidades, programas de rádio e
televisão, filmes etc.) têm ‘sua identidade’ no Facebook. Para que? Para se
divulgarem. Também, mas não só...
Atrevo-me
a dizer que o Facebook é uma ágora pós- moderna. Recordo, ajudado pela
Wikipédia que a Ágora era a praça
principal na constituição da pólis, a cidade grega da Antiguidade clássica.
Normalmente era um espaço livre de edificações, onde os cidadãos costumavam ir,
configuradas pela presença de mercados e feiras livres em seus limites, assim
como por edifícios de caráter público. Enquanto elemento de constituição do
espaço urbano, a ágora manifesta-se como a expressão máxima da esfera pública
na urbanística grega, sendo o espaço público por excelência.
É
nela que o cidadão grego convive com o outro para comprar coisas nas feiras,
onde ocorrem as discussões políticas e os tribunais populares: é, portanto, o
espaço da cidadania. Inspirou-me trazer esta proposta a discussão catalisada
por Zygmunt Bauman “Sobre o Facebook,
intimidade e extimidade” [Isto não é
um diário, p. 221, Rio de Janeiro: Zahar, 2012]. Se tivermos uma
reclamação, o melhor local para fazê-lo: a ágora, ou melhor: o face.
Uma
compra não foi entregue no prazo? A assistência técnica não cumpre a garantia? A
companhia aérea extraviou sua mala e não dá informações consistentes? Vá à
ágora. Logo se notará outra disposição.
Havia
uma prática, que não sei se ainda corrente: quando havia um acidente aéreo, por
primeiro se cobria, na fuselagem avariada, o nome da empresa. Hoje ocorre o
mesmo no Facebook. Coloca-se um protesto, logo aparece ‘um amigo’, na verdade
um avatar, que tem diferentes alter-egos, que procuram te ajudar na solução do
problema. Há que proteger o nome da empresa. Eles também sugerem o abandono de
extimidade nas mensagens (justificam guardar a segurança) por intimidade.
Se
a ágora era penhor de democracia, o Facebook representa isto hoje. Usemo-lo,
que vale a pena.
Chassot,
ResponderExcluirparabéns pela crônica lúcida e inovadora.
Já estava farto dos discursos conspiracionistas e anti-face que rolam por aí.
O ressaibo em excesso deixa-nos todos neuróticos e chatos.
Acho o Facebook uma excelente ferramenta, e, dada esta qualidade, se faz necessário um bom uso.
Abraço muito carinhoso!
Um dos pontos principais para o sucesso da nova mídia é sem dúvida a falta cada vez maior de diálogos. O mundo moderno não perde tempo, e o atendimento eletrônico substitui o elemento humano. Somos obrigados a conversar com máquinas e nossos anseios limitados ao número um, dois, tres etc. No ímpeto de falar e sermos ouvidos recorremos ao face. Alguem lerá, e quem sabe até responderá. Como nada é perfeito as mazelas do comportamento humano tabem habitam o ambiente. Maridos e esposas ciumentos, pedófilos, pedantes e muitos outros como os jovens chamam "sem noção" contaminam a comunicação.
ResponderExcluirNovos tempos, velhos problemas.
abraços
Antonio Jorge
Meu caro Antonio Jorge,
Excluirconcordo contigo: no Facebook somos ouvidos. Em oposição aos callscenters onde só existe nosso CPF e ninguem fala com ele. Ali é quase lotérico falar co, um de nossos atendentes.
Obirgado por diariamente seres parceiro,
achassot
Meu amigo,
ResponderExcluiroutra característica do "face" é nos remeter aos amigos distantes e, ainda que superficialmente, diminuir distâncias.
Tenho usado o Facebook, através de grupos fechados, como intermediação nas disciplinas que ministro na formação de professores. Os recursos que apresenta são muito dinâmicos, constituindo, assim, um espaço de formação. Percebo que cada grupo que faço com esta finalidade torna-se um ambiente onde os participantes apresentam naturalmente um comportamento mais formal, diferente dos comentários fora do grupo, no espaço aberto do Facebook.
A sua análise com o espaço público é extremamente coerente, como sempre. E, assim como uma praça, o face é espaço para expressão da política, das paixões, da ciência e de revoluções. A cidadania que tanto almejamos ao educar pode ser construída também neste espaço.
Abraços saudosos, incluindo para tua Gelsa!
Caro mestre
ResponderExcluirAtravés do ensino ministrado pelo professor Rodnei, acima, me coloquei a disposição de criar um grupo de estudo de química no colégio municipal que eu ensino. De primeiro momento o grupo pareceu repercutir bastante interessante, todavia, muitos alunos reclamaram, alegando diversos motivos: Não se podia ensinar pelo facebook, Existe muitas pessoas sem acesso a internet, enquanto outros queria ter seu "habitat" inalterado. De certa forma, estou deixando de lado essa politica de utilizar ambiente virtual para o ensino, devido a esses problemas relatados, além da falta de privacidade que pode causar certos transtornos. Attc
Limerique
ResponderExcluirPor mal feito despencou meu estuque
Mas agora há uma Ágora sem truque
Sei que posso reclamar
Que meu grito vai gerar
Pois tudo repercute no Face Book.
Repercurtindo:
ResponderExcluirhttp://oprofessorweb.wordpress.com/2012/12/14/o-blog-do-mestre-chassot/
Meu querido Rodnei,
ResponderExcluirvou transferir a postagem que fizeste para uma edição especial do blogue da semana que vem.
Com agradecimento
attico chassot
http://mestrechassot.blogspot.com