Porto Alegre Ano 4 # 1359 |
Hoje, trago uma blogada simultaneamente esotérica e exotérica. Quem ler verá. Aqui o primeiro desafio. Hoje, ao lado da comemoração título, é o Dia Mundial do Livro –não tenho como deixar de recordar que em 2002 estive nesta data na Biblioteca de Alexamdria, que terá comemoração especial aqui uma blogada dominical. Aguarde que será algo muito diferente.
Hoje é dia São Jorge um dos santos mais controvertidos, cuja cassação do calendário litúrgico já foi intentada, pois segundo alguns sua ‘criação’ não passa de lenda. Há razões para este blogue abrir uma exceção e dar destaque a uma das mais significativas produções da cultura popular em vários países do mundo.
A hagiografia católica o refere assim: Nascido na Capadócia, Jorge
trocou a Turquia pela Palestina onde ingressou no exército do imperador Diocleciano, no qual teve uma carreira de sucesso, chegando a ocupar o posto de tribuno militar.
Quando as perseguições aos cristãos recomeçaram, Jorge não quis negar sua fé e o imperador, sentindo-se traído, ordenou que o então amigo fosse submetido a pesadas torturas.
A todas Jorge sobreviveu com firmeza: enfrentou as lanças dos soldados, o peso de pedras, navalhadas, queimaduras. A cada vitória, convertia mais e mais soldados. O imperador mandou, então, chamar um mago que lhe deu para beber duas poções venenosas. O "filho da Capadócia" resistiu a ambas e ainda alcançou a conversão do próprio mago e da esposa do imperador, que não admitiu este acontecimento e mandou degolar o soldado.
A Jorge atribui-se também, a lenda de que haveria matada um dragão que ameaçava a filha do rei de Selena e dos habitantes desta cidade que fica na Síria.
Entre nós, brasileiros, é celebrado com muita festa e é invocado nos momentos de perseguições e tentações.
Prova de sua popularidade: o santo patrono da Inglaterra, Portugal, Etiópia, Geórgia, Catalunha, Lituânia, da Ordem Jarreteira, da cidade de Moscou e, extra-oficialmente, da cidade do Rio de Janeiro, é por tal hoje é feriado municipal hoje para os cariocas (título oficialmente atribuído a São Sebastião, outro santo de discutível existência), padroeiro da Diocese de Ilhéus, cenário de romances de um dos Jorges mais ilustres: Jorge Amado. Não havia casa portuguesa no Brasil que não tivesse uma imagem de São Jorge. O grito de combate dos portugueses durante a Batalha de Aljubarrota (1385) era: "Por Portugal e São Jorge". O Brasil herdou de Portugal a tradição de incorporar, nas procissões de Corpus Christi, uma imagem de São Jorge montado a cavalo e armado como militar.
É também padroeiro dos escoteiros– cujo dia é hoje – e do S.C Corinthians Paulista. As tatuagens e estampas de camisetas com o santo estão entre as que fazem mais sucesso no Brasil. É considerado o santo padroeiro dos jogadores de RPG; esta informação é trazida como homenagem a ativo comentarista deste blogue.
A devoção a São Jorge pode ter também suas origens na mitologia nórdica, pela figura de Sigurd, o caçador de dragões. A ligação de São Jorge com a lua é algo puramente brasileiro, com forte influência da cultura africana. Tal associação se dá porque na Bahia o santo é associado a Oxossi, orixá associado à lua. Em outros Estados, no candomblé e na umbanda, o santo é associado a Ogum. A tradição diz que as manchas apresentadas pela lua representam o milagroso santo, seu cavalo e sua espada pronto para defender aqueles que buscam sua ajuda. ¿A propósito tu não tens algum conhecido Jorge?
Mas como vimos aqui na blogada da última terça-feira: De Eyjafjallajökull via Popocatépetl até um casal mal-comportado – e tenho por que referi-la depois dos elogios que recebeu – assunto puxa assunto, para que esse blogue não se desvie de seu escopo, é preciso falar de uma planta popular como o santo que lhe empresta o nome: a Espada-de-são-jorge.
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Nome Científico: Sansevieria trifasciata
· Sinonímia: Sansevieria laurentii, Sansevieria trifasciata var laurentii
· Nome Popular: Espada-de-são-jorge, rabo-de-lagarto, língua-de-sogra, sansevéria
· Família: Liliaceae
· Divisão: Angiospermae
· Origem: África
· Ciclo de Vida: Perene
É uma planta herbácea, muito usada como decorativa, mesmo sendo altamente tóxica, cuja seiva pode matar quando em contato com a corrente sanguínea. Além do seu uso ornamental, e esse ocorre inclusive em praças públicas, as espadas-de-são-jorge são também conhecidas como plantas de proteção contra o mau-olhado, devendo ser colocada próximo à entrada das casas.
Devem ser cultivadas a pleno sol ou meia-sombra, em vasos ou em maciços e bordaduras. Resiste tanto à estiagem, como ao frio e ao calor, além de ser pouco exigente quanto à fertilidade. Multiplica-se por divisão de touceiras, formando mudas completas com folhas, rizoma e raízes. É usada como fornecedora de fibras para, misturada a argamassa ou mesmo ao barro, produzir materiais de construção de baixo custo.
Herbácea de resistência extrema, excelente para jardins de baixa manutenção. No entanto seu
crescimento é um pouco lento. Suas folhas são muito ornamentais e podem se apresentar de coloração verde acinzentada e variegadas, com margens de coloração branco-amareladas, todas com estriações de um tonalidade mais escura. As flores brancas não tem importância ornamental. É uma planta de utilização bastante tradicional e a cultura popular recomenda como excelente protetor espiritual.
Nos cultos afro-brasileiros, ela é também chamada de espada-de-ogum (quando tem coloração verde) ou espada-de-ossose (bicolor, com bordas amarelas). Esta folha sagrada é uma folha gún (excitante “quente”), sempre presente nos rituais de sasanha e na realização de águas sagradas denominada de abô.
Para os que seguem a terapia floral a espada-de-são-jorge é indicada para pessoas maledicentes, negativas e mentirosas que, com fofocas e maldizeres, impregnam negativamente seu campo energético. Igualmente indicada para pessoas que se contaminaram com essas situações de maledicência... Recomendada para servir de defesa contra pensamentos negativos.
Querido Chassot,
ResponderExcluirLembro dessa planta espada-de-São-Jorge quando era menina, na casa de meu avô. Eu a achava feia, sem flores, e ela ficava bem na entrada da casa para espantar "maus olhados". Minha mãe e minha tia tinham os mesmos costumes. Hoje não a vejo em muitas residências. Lembro-me também que toda "imagem " que via na lua eu dizia que era São Jorge montado no seu cavalo. Acreditava que ele podia vir da lua para Terra se nós o chamássemos. Boas recordações!
Abraços,
Muito querida Joélia,
ResponderExcluirmuito obrigado por trazeres esse comentário tão enriquecedor. Muito me foi mostrado, como para ti, São Jorge e seu cavalo na lua. É mais, em noites de plenilúnio, muitas vezes era bem visível uma figura que lembrava um cavalo e cavaleiro. Lembro que eu enxergava até a lança e o elmo na cabeça do santo.
Quanto à planta (espada-de-são-jorge) tínhamos em casa, mas a religiosidade de minha mãe e de meu pai, jamais admitiriam que pudesse coibir mau olhado e até ridicularizava quem usava a planta ou arruda para tal.
Obrigado por me ajudares evocar isso.
Saudades e um afago do
attico chassot
Na religião dos meus avós,eles falam que~são jorge não deixaria coibir mau olhado, dizem até que arruda plantada na porta da casa é ótimo.
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