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terça-feira, 28 de agosto de 2012

28.- TRANSEXUALIMO & FEIRA DO LIVRO


28.- TRANSEXUALIMO & FEIRA DO LIVRO

Ano 7*** www.professorchassot.pro.br ***Edição 2211
Nesta terça-feira, além das aulas de Teoria do Desenvolvimento Humano nas turmas da manhã e noite, participo no Mestrado Profissional de Reabilitação e Inclusão do Centro Universitário Metodista do IPA, junto com a Prof. Dra. Eliane Furtado da defesa da dissertação: Transexualismo: Análise de um caso de superação do preconceito, apresentado pela Terapeuta Ocupacional Andrea Vieira de Vieira, orientada pela Prof. Dra. Luciane Carniel Wagner.
No excelente trabalho Andrea produziu um documentário sobre a História de um sujeito transexual tentando ir a busca dos fatores que o levaram a superar o preconceito e a exclusão em seu meio e a encontrar um espaço de inclusão social. Ontem à tarde assisti o documentário e me pareceu que possa ensejar inclusão a minimizar preconceitos.
No desenho do documentário, houve registro de entrevistas com o sujeito investigado, familiares e amigos. Durante o processo de construção e realização do documento filmado, foram emergindo os elementos fundamentais da pesquisa, relacionados aos objetivos da mesma: a história de vida marcada pela presença de uma feminilidade muito precoce no desenvolvimento; o impacto desta experiência na vida pessoal, escolar e familiar, gerando situações de conflito, preconceito e exclusão; e a trajetória marcada pela superação das adversidades através de uma atitude positiva, confiante e firme de busca da identidade. Para contribuir para uma maior compreensão do fenômeno da transexualidade, foi incluída no documentário uma parte introdutória que resgata e registra elementos históricos relacionados à mesma.
Na chamada desta edição a palavra chave do trabalho da Andréa vem aditada a Feira do Livro. Há uma convincente explicação.
Amanhã à tarde participo de uma atividade na 25º Feira do Livro de Santa Cruz do Sul. Minha participação tem um bônus: o patrono da Feira é Antonio Skármeta — escritor chileno notabilizado especialmente por um de seus livros: O carteiro de Neruda (Ardiente Paciencia), que originou um filme muito lindo O carteiro e Poeta (original italiano: Il Postino). Assim depois de minha fala assisto a palestra de Skármeta, retornando após a Porto Alegre.
Faço como mote da edição de hoje (e talvez amanhã e quinta-feira) excertos de minha fala, aqui em primeira mão aos meus leitores.
Adiro ao atencioso convite de Iuri João de Azevedo para vir a esta sempre acolhedora Santa Cruz do Sul, para participar de sua 25ª Feira do Livro e colaborar em Painel “Ciência e Ficção científica”. Há duas semanas estive na UNISC para responder a docentes e discentes do Curso de Química: O que é Ciência, afinal? Senti-me, então, confortável. Estava entre os meus e o tema me é sedutor.
Agora, sinto-me um alienígena. É a primeira vez que dialogo com este tema. Vou tentar, até por ser o primeiro a falar, contribuir para que se façam diálogos nesta tarde, na qual estamos prelibando em oitiva o ágape noturno [A referência é a palestra de Skármeta].
Tenho discutido em alguns textos os cada vez mais tênues limites entre o humano/não humano. Essa parece ser uma novidade que a pós-modernidade nos brindou. Nossos avós, mesmo nossos pais nunca se perguntaram se isso é uma ação de um humano ou de um robô, dúvida que está presente no cotidiano de cada um de nós nos dia atuais. Hoje temos nos robôs (por exemplo, os do Google) competentes e incansáveis serviçais. Para alguns de nós, há não muito tempo, imaginar que robôs seriam os principais agentes para iniciarmos uma pesquisa era uma autêntica ficção científica. Nos anos 80, escrevi um conto onde um personagem, a serviço de uma ordem religiosa secreta, tinha possibilidade de acessar na tela de um computador jornais de todo mundo. Ficção que se fez rotina cotidiana! Outra ficção recente que se faz realidade muito presente é a nossa — cada vez mais acelerada — transmutação pessoal em cyborgues.
Dúvida também usual é se um texto é ficção ou é realidade. A realidade parece cada vez mais fugaz e nos escapa, também porque o presente é cada vez mais efêmero e se esvai entre o passado e futuro que parecem cada dia mais elásticos. Outras duas variáveis que assistimos transmutar-se, o cada momento, é a relação espaço-tempo.
Nesta sucessão de não-fronteiras — ou de fronteiras que se esboroam —, chegamos aos dois territórios demarcados pelo Iuri para serem centrais nos diálogos desta tarde: Ciência e Ficção científica. Talvez surpreenda quando afirme que também aqui há um cada vez uma maior rapidação na transgressão de fronteiras. E as rupturas dos limites são bilaterais.
Permitam-me convidar para este bate-papo Paul Feyerabend (1924-1994), um muito admirado e também bastante odiado epistemólogo do nosso Século 20. Ele escreveu em seu audacioso ’Contra o Método’: “Qualquer ideia, embora antiga e absurda, é capaz de aperfeiçoar nosso conhecimento. [...] o conhecimento de hoje pode, amanhã, passar a ser visto como conto de fadas; essa é a via pelo qual o mito mais ridículo pode vir a transformar-se na mais sólida peça da ciência.” Poderia ilustrar com uma dezena de exemplos as duas situações. Trago apenas um: eu ensinava, enquanto professor de Química que sou, que gases nobres não formavam compostos, quando em 1962 Neil Bartlet sintetizou o hexacloroplatinato de xenônio. Talvez nos debates, se esta for uma das rotas, podemos ilustrar as ideias de fecundação, acupuntura, homeopatia e outros exemplos que corroboram as propostas feyerabendianas.
Amanhã devo apresentar em continuação de minha fala, algo dos mitos, como o de Ícaro e Dédalo, que foram as primeiras ficções científicas de humanos sonhando com o voar.        

4 comentários:

  1. Muito bem colocado, a verdade é uma coisa relativa. No Direito vence a verdade de quem faz a melhor argumentação pois é uma ciencia interpretativa.O que permanece pétreo é a intolerância humana."Não somos assim por acaso", palavras do mestre Chassot. Porém errado não é ser, é continuar no erro e nada fazer para corrigi-lo. Desde cedo incluímos em nosso repertório a referência chula acerca da sexualidade de quem quizermos ofender. Tivemos ícones na história que eram homosexuais, e mesmo sendo criaturas de destaque sofreram a dor da discriminação. Toda forma de preconceito é abominável.

    abraços, e felicidades no certo sucesso da palestra.

    Antonio Jorge

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  2. Limerique

    Um menino aos outros tudo igual
    Diferente só um pouco no gestual
    Mas vivia infeliz
    Modificar-se quis
    E assim tornou-se um transexual.

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  3. Adorei sua colocação Mestre,até mais tarde na nossa aula no ipa de noite poderemos comentar e debater este assunto,abraço!

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  4. Parabéns pela colocação Mestre,a noite poderemos debater este assunto junto com o s colegas.
    Abraço

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