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TRANSEXUALIMO & FEIRA DO LIVRO
Ano
7*** www.professorchassot.pro.br ***Edição 2211
Nesta terça-feira, além das aulas de Teoria do Desenvolvimento Humano nas
turmas da manhã e noite, participo no Mestrado Profissional de Reabilitação e
Inclusão do Centro Universitário Metodista do IPA, junto com a Prof. Dra. Eliane Furtado da defesa da dissertação: Transexualismo:
Análise de um caso de superação do preconceito, apresentado pela Terapeuta
Ocupacional Andrea Vieira de Vieira, orientada pela Prof. Dra. Luciane Carniel Wagner.
No excelente trabalho Andrea produziu um documentário sobre a História de um sujeito transexual tentando ir a busca dos fatores que o
levaram a superar o preconceito e a exclusão em seu meio e a encontrar um espaço
de inclusão social. Ontem à tarde assisti o documentário e me pareceu que possa
ensejar inclusão a minimizar preconceitos.
No desenho do documentário, houve registro de entrevistas com o sujeito
investigado, familiares e amigos. Durante o processo de construção e realização
do documento filmado, foram emergindo os elementos fundamentais da pesquisa,
relacionados aos objetivos da mesma: a história de vida marcada pela presença
de uma feminilidade muito precoce no desenvolvimento; o impacto desta experiência
na vida pessoal, escolar e familiar, gerando situações de conflito, preconceito
e exclusão; e a trajetória marcada pela superação das adversidades através de
uma atitude positiva, confiante e firme de busca da identidade. Para contribuir
para uma maior compreensão do fenômeno da transexualidade, foi incluída no
documentário uma parte introdutória que resgata e registra elementos históricos
relacionados à mesma.
Na chamada
desta edição a palavra chave do trabalho da Andréa vem aditada a Feira do
Livro. Há uma convincente explicação.
Amanhã à tarde
participo de uma atividade na 25º Feira do Livro de Santa Cruz do Sul. Minha
participação tem um bônus: o patrono da Feira é Antonio Skármeta — escritor
chileno notabilizado especialmente por um de seus livros: O carteiro de Neruda (Ardiente Paciencia), que originou um filme muito
lindo O carteiro e Poeta (original
italiano: Il Postino). Assim depois de minha fala assisto a palestra de
Skármeta, retornando após a Porto Alegre.
Faço como mote
da edição de hoje (e talvez amanhã e quinta-feira) excertos de minha fala, aqui
em primeira mão aos meus leitores.
Adiro
ao atencioso convite de Iuri João de Azevedo para vir a esta sempre acolhedora
Santa Cruz do Sul, para participar de sua 25ª
Feira do Livro e colaborar em Painel “Ciência
e Ficção científica”. Há duas semanas estive na UNISC para responder a
docentes e discentes do Curso de Química: O
que é Ciência, afinal? Senti-me, então, confortável. Estava entre os meus e
o tema me é sedutor.
Agora,
sinto-me um alienígena. É a primeira vez que dialogo com este tema. Vou tentar,
até por ser o primeiro a falar, contribuir para que se façam diálogos nesta
tarde, na qual estamos prelibando em oitiva o ágape noturno [A referência é a
palestra de Skármeta].
Tenho
discutido em alguns textos os cada vez mais tênues limites entre o humano/não
humano. Essa parece ser uma novidade que a pós-modernidade nos brindou. Nossos
avós, mesmo nossos pais nunca se perguntaram se isso é uma ação de um humano ou
de um robô, dúvida que está presente no cotidiano de cada um de nós nos dia
atuais. Hoje temos nos robôs (por exemplo, os do Google) competentes e
incansáveis serviçais. Para alguns de nós, há não muito tempo, imaginar que
robôs seriam os principais agentes para iniciarmos uma pesquisa era uma
autêntica ficção científica. Nos anos 80, escrevi um conto onde um personagem, a
serviço de uma ordem religiosa secreta, tinha possibilidade de acessar na tela
de um computador jornais de todo mundo. Ficção que se fez rotina cotidiana!
Outra ficção recente que se faz realidade muito presente é a nossa — cada vez
mais acelerada — transmutação pessoal em cyborgues.
Dúvida
também usual é se um texto é ficção ou é realidade. A realidade parece cada vez
mais fugaz e nos escapa, também porque o presente é cada vez mais efêmero e se
esvai entre o passado e futuro que parecem cada dia mais elásticos. Outras duas
variáveis que assistimos transmutar-se, o cada momento, é a relação espaço-tempo.
Nesta
sucessão de não-fronteiras — ou de fronteiras que se esboroam —, chegamos aos
dois territórios demarcados pelo Iuri para serem centrais nos diálogos desta
tarde: Ciência e Ficção científica. Talvez surpreenda
quando afirme que também aqui há um cada vez uma maior rapidação na
transgressão de fronteiras. E as rupturas dos limites são bilaterais.
Permitam-me
convidar para este bate-papo Paul Feyerabend (1924-1994), um muito admirado e
também bastante odiado epistemólogo do nosso Século 20. Ele escreveu em seu
audacioso ’Contra o Método’: “Qualquer ideia, embora antiga e absurda, é
capaz de aperfeiçoar nosso conhecimento. [...] o conhecimento de hoje pode,
amanhã, passar a ser visto como conto de fadas; essa é a via pelo qual o mito
mais ridículo pode vir a transformar-se na mais sólida peça da ciência.” Poderia ilustrar com uma dezena de exemplos
as duas situações. Trago apenas um: eu ensinava, enquanto professor de Química
que sou, que gases nobres não formavam compostos, quando em 1962 Neil Bartlet
sintetizou o hexacloroplatinato de xenônio. Talvez nos debates, se esta for uma
das rotas, podemos ilustrar as ideias de fecundação, acupuntura, homeopatia e
outros exemplos que corroboram as propostas feyerabendianas.
Amanhã devo
apresentar em continuação de minha fala, algo dos mitos, como o de Ícaro e
Dédalo, que foram as primeiras ficções científicas de humanos sonhando com o
voar.
Muito bem colocado, a verdade é uma coisa relativa. No Direito vence a verdade de quem faz a melhor argumentação pois é uma ciencia interpretativa.O que permanece pétreo é a intolerância humana."Não somos assim por acaso", palavras do mestre Chassot. Porém errado não é ser, é continuar no erro e nada fazer para corrigi-lo. Desde cedo incluímos em nosso repertório a referência chula acerca da sexualidade de quem quizermos ofender. Tivemos ícones na história que eram homosexuais, e mesmo sendo criaturas de destaque sofreram a dor da discriminação. Toda forma de preconceito é abominável.
ResponderExcluirabraços, e felicidades no certo sucesso da palestra.
Antonio Jorge
Limerique
ResponderExcluirUm menino aos outros tudo igual
Diferente só um pouco no gestual
Mas vivia infeliz
Modificar-se quis
E assim tornou-se um transexual.
Adorei sua colocação Mestre,até mais tarde na nossa aula no ipa de noite poderemos comentar e debater este assunto,abraço!
ResponderExcluirParabéns pela colocação Mestre,a noite poderemos debater este assunto junto com o s colegas.
ResponderExcluirAbraço