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sexta-feira, 3 de agosto de 2012

03.- ACERCA DE APÊNDICES CAUDAIS AGRESSORES


Ano 7***        Porto Alegre         ***Edição 2193
Ontem, já era quase 13 horas quando chegava à Morada dos Afagos. Isto é, mais de 12 horas depois de deixar o hotel. Houve duas alterações no plano de voo: a) A volta foi por Guarulhos e não por Brasília. b) No trecho GRU/P0A uma surpresa, por problemas de overbooking, foi colocado um Airbus 330 e aqueles que tínhamos assentos marcados com numeração maior que 10 viajamos na primeira classe ou na classe executiva (meu caso). Então se vê o quanto e como somos usualmente ensardinhados na classe ‘dita’ econômica.
Mas nos voos há nova moda que irrita. Há algo novo nos ares — ou com mais precisão nos (des)embarques — que incomoda, Agora o modismo (especialmente entre os jovens sarados) adventício: as mochilas – apêndices caudais — para as quais os neo-dententores ainda vivem uma muito primitiva evolução.
Nos últimos dias, ante as numerosas trombadas destas caudas rígidas, pensei e, escrever algo acerca destas agredidas. Fui salvo por quem escreve melhor que eu. Ruy Castro publicou ‘Mochilas que agridem’ na Folha de S. Paulo. Ofereço-o a meus leitores. Necessariamente não endosso o texto na íntegra. Há exagero, como no caso dos odores. As fotografias as inseri de uma tomada na minha chegada ontem.
 Mochilas que colidem Nos aviões é assim. O jovem de mochila às costas avança pelo corredor, indiferente às pessoas que já se sentaram e estão desgraçadamente no trajeto de seu apêndice. O jovem não se altera. A mochila vai abrindo caminho, colidindo com rostos, penteados, óculos. Depois de muitos voos, alguns passageiros ficam craques na arte da esquiva ou da encolha.
Há algo de especial no portador de uma mochila. Talvez o fato de ocupar mais espaço do que os não portadores de mochila o faça sentir-se com certos direitos, entre os quais o de não pedir licença para passar ou desculpas por um ocasional esbarrão. O portador de mochila é também um ardente adversário da lei segundo a qual dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço. Para ele, uma mochila pode e deve ocupar espaços previamente ocupados.
Talvez eu esteja sendo rigoroso com os portadores de mochilas. Quem sabe a desenvoltura das mochilas seja coisa delas, como se tivessem vontade própria ou se regulassem por leis que só elas conhecem?
E será coincidência que, sempre de lona, as mochilas têm uma notável tendência à morrinha? Tudo bem, esta pode ser apenas uma idiossincrasia do cronista. Mas, pelo que me dizem, o conteúdo natural das mochilas são gorros ensebados, agasalhos que não costumam ser lavados, tênis com extensa quilometragem, tudo enfiado à força, e outros itens que não requerem manutenção e vão direto para o lixo depois de muito uso, inclusive a própria mochila.
Note bem, longe de mim negar a praticidade das mochilas. Elas são portáteis, esportivas e passam de passagem, sem problema, pelo check-in no balcão do aeroporto. O mesmo não acontece com as malas caretas, grandes e duras, que não podemos levar para o avião. E que, pensando bem, não teriam lugar no espaço reservado à bagagem, já atulhado de mochilas.

4 comentários:

  1. Caro Áttico,
    também já fui vítima de mochilas e de enormes bolsas femininas que mais parecem um sacolão. Acho que o problema não é as mochilas, mas a maneira equivocada de acomodá-las. Elas possuem duas alças para serem colocadas às costas ou à frente. Acontece que a maioria a carrega por uma única alça e aí começam os problemas. Primeiro para o próprio portador: sobrecarrega musculaturas e articulações cujos resultados irão aparecer, quem sabe, anos mais tarde; segundo, torna-se um apêndice traseiro-lateral o que amplia em muito a área de arrastro.

    Um abraço,

    Garin

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  2. Caro Mestre, é lamantável mas o problema das mochilas na realidade é apenas a consequencia de uma mal maior, a perda dos valôres de nossa juventude. Faltam principios, falta cordialidade, não há limites. Logo no início de minha senda a faculdade, estando eu na fila do elevador em primeiro lugar, observei que chegou ao final da fila uma colega de sala que faz uso de duas muletas para poder caminhar. Quando a porta do elevador se abriu por uma questão de cavalheirismo e humanidade dei um passo para o lado e ofereci passagem para a moça. Ledo procedimento, quase fui atropelado pela turba da garotada que ainda me empurraram para fora tal qual um estouro de manada. Por isso querido mestre o que falta é a educação.

    abraços

    Antonio Jorge

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  3. Limerique

    Chassot aponta erro da evolução
    Em primatas de caudas na multidão
    É mais simples a verdade
    Esses Homos da cidade
    São Sapiens sem qualquer educação.

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  4. li e reli este texto, incrédula diante tamanho preconceito. A associação da mochila com sujeira me causou asco.

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