Ano 7*** Porto
Alegre ***Edição 2193
Ontem, já era
quase 13 horas quando chegava à Morada dos Afagos. Isto é, mais de 12 horas
depois de deixar o hotel. Houve duas alterações no plano de voo: a) A volta foi
por Guarulhos e não por Brasília. b) No trecho GRU/P0A uma surpresa, por problemas
de overbooking, foi colocado um Airbus 330 e aqueles que tínhamos assentos
marcados com numeração maior que 10 viajamos na primeira classe ou na classe
executiva (meu caso). Então se vê o quanto e como somos usualmente ensardinhados
na classe ‘dita’ econômica.
Mas nos voos
há nova moda que irrita. Há algo novo nos ares — ou com mais precisão nos
(des)embarques — que incomoda, Agora o modismo (especialmente entre os jovens
sarados) adventício: as mochilas – apêndices caudais — para as quais os
neo-dententores ainda vivem uma muito primitiva evolução.
Nos últimos
dias, ante as numerosas trombadas destas caudas rígidas, pensei e, escrever algo
acerca destas agredidas. Fui salvo por quem escreve melhor que eu. Ruy Castro
publicou ‘Mochilas que agridem’ na Folha
de S. Paulo. Ofereço-o a meus leitores. Necessariamente não endosso o texto na
íntegra. Há exagero, como no caso dos odores. As fotografias as inseri de uma
tomada na minha chegada ontem.
Mochilas
que colidem
Nos aviões é assim. O jovem de mochila às costas avança pelo corredor,
indiferente às pessoas que já se sentaram e estão desgraçadamente no trajeto de
seu apêndice. O jovem não se altera. A mochila vai abrindo caminho, colidindo
com rostos, penteados, óculos. Depois de muitos voos, alguns passageiros ficam
craques na arte da esquiva ou da encolha.
Há
algo de especial no portador de uma mochila. Talvez o fato de ocupar mais
espaço do que os não portadores de mochila o faça sentir-se com certos
direitos, entre os quais o de não pedir licença para passar ou desculpas por um
ocasional esbarrão. O portador de mochila é também um ardente adversário da lei
segundo a qual dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço. Para ele, uma
mochila pode e deve ocupar espaços previamente ocupados.
Talvez
eu esteja sendo rigoroso com os portadores de mochilas. Quem sabe a
desenvoltura das mochilas seja coisa delas, como se tivessem vontade própria ou
se regulassem por leis que só elas conhecem?
E
será coincidência que, sempre de lona, as mochilas têm uma notável tendência à
morrinha? Tudo bem, esta pode ser apenas uma idiossincrasia do cronista. Mas,
pelo que me dizem, o conteúdo natural das mochilas são gorros ensebados,
agasalhos que não costumam ser lavados, tênis com extensa quilometragem, tudo
enfiado à força, e outros itens que não requerem manutenção e vão direto para o
lixo depois de muito uso, inclusive a própria mochila.
Note
bem, longe de mim negar a praticidade das mochilas. Elas são portáteis, esportivas
e passam de passagem, sem problema, pelo check-in no balcão do aeroporto. O
mesmo não acontece com as malas caretas, grandes e duras, que não podemos levar
para o avião. E que, pensando bem, não teriam lugar no espaço reservado à
bagagem, já atulhado de mochilas.
Caro Áttico,
ResponderExcluirtambém já fui vítima de mochilas e de enormes bolsas femininas que mais parecem um sacolão. Acho que o problema não é as mochilas, mas a maneira equivocada de acomodá-las. Elas possuem duas alças para serem colocadas às costas ou à frente. Acontece que a maioria a carrega por uma única alça e aí começam os problemas. Primeiro para o próprio portador: sobrecarrega musculaturas e articulações cujos resultados irão aparecer, quem sabe, anos mais tarde; segundo, torna-se um apêndice traseiro-lateral o que amplia em muito a área de arrastro.
Um abraço,
Garin
Caro Mestre, é lamantável mas o problema das mochilas na realidade é apenas a consequencia de uma mal maior, a perda dos valôres de nossa juventude. Faltam principios, falta cordialidade, não há limites. Logo no início de minha senda a faculdade, estando eu na fila do elevador em primeiro lugar, observei que chegou ao final da fila uma colega de sala que faz uso de duas muletas para poder caminhar. Quando a porta do elevador se abriu por uma questão de cavalheirismo e humanidade dei um passo para o lado e ofereci passagem para a moça. Ledo procedimento, quase fui atropelado pela turba da garotada que ainda me empurraram para fora tal qual um estouro de manada. Por isso querido mestre o que falta é a educação.
ResponderExcluirabraços
Antonio Jorge
Limerique
ResponderExcluirChassot aponta erro da evolução
Em primatas de caudas na multidão
É mais simples a verdade
Esses Homos da cidade
São Sapiens sem qualquer educação.
li e reli este texto, incrédula diante tamanho preconceito. A associação da mochila com sujeira me causou asco.
ResponderExcluir