Ano
7*** www.professorchassot.pro.br ***Edição 2212
Esta postagem
é preparada um pouco depois de chegar do terceiro de três turnos que tive hoje
no Centro Universitário Metodista do IPA. Eis, os três momentos:
Pela manhã
aulas de Teoria do Desenvolvimento Humano, onde o tema que se faz central na
edição de hoje, foi comentado lateralmente, quando se falou em fanatismos.
À tarde,
participei da banca de qualificação da mestranda Marcia Andrea Paim Franz, que
apresentou uma muito significativa proposta: “Possíveis contribuições da fisioterapia para a Educação no contexto da
inclusão escolar”. Foi muito agradável fazer uma parceria intelectual com
Profa. Dra. Ana Lúcia Cervi Prado e com meu colega do Mestrado Profissional de
Reabilitação e Inclusão, Clemildo Anacleto da Silva.
À noite, mesma disciplina da manhã, com a mesma proposta “Preparando minha caixa de ferramentas”
mas com uma aula muito diferente.
O tema de
hoje, que certamente é conhecido de meus leitores, pois está em muitos jornais, é trazido aqui, com a dolorosa constatação da
existência de fanatismos, com ressaibos do medievo, neste século 21.
As autoridades
paquistanesas revelaram nesta terça-feira que a menina Rimsha Masih, de família
cristã, acusada de blasfêmia por ter queimado páginas do Alcorão, está presa em
uma prisão comum apesar de sua pouca idade e de aparentemente sofrer de
incapacidade mental.
Sua família
teve que fugir da região onde moravam por medo de represálias de
fundamentalistas muçulmanos. Rimsha Masih, de aproximadamente 13 anos e
aparentemente com síndrome de Down, está detida em um módulo de prisão
preventiva para adultos na prisão de Adiala, na cidade de Rawalpindi, vizinha a
Islamabad.
"Por
enquanto a justiça não disse nada sobre a denúncia contra ela, portanto a
menina permanecerá aqui até nova ordem", disse à agência EFE um
funcionário do centro penitenciário, Arsalan Ahmed.
Rimsha foi
acusada de blasfêmia em um incidente que ainda precisa ser esclarecido. O caso
apresenta semelhanças com outras acusações do mesmo tipo no Paquistão, que
carecem de provas materiais e nas quais tudo se baseia em testemunhos.
A menina teria
usado por engano páginas do Corão para fazer fogo para cozinhar. "Ninguém
em seu julgamento normal queimaria um texto sagrado, e muito menos um cristão.
Eles sabem bem as consequências de um ato assim", disse à Efe a presidente
da Comissão de Direitos Humanos do Paquistão (HRCP), Zohra Yousef.
"Não é
uma menina, mas uma jovem", argumentou Liaqat Ali, policial de uma
delegacia de Islamabad próxima ao local onde a acusada mora.
Rimsha será
examinada por médicos após a festividade muçulmana de Eid ul-Fitr (realizado no
Paquistão até a quarta-feira) para determinar se ela sofre de alguma
incapacidade mental, embora não há garantias de que a menor será liberada.
"Ela não
deveria sob hipótese nenhuma estar presa, é uma menor e a legislação
paquistanesa proíbe sob qualquer circunstância o encarceramento de menores de
16 anos. Ela e sua família deveriam ser protegidas", exigiu Zohra.
São muitos os
casos de acusados de blasfêmia nos quais os acusados são agredidos e até
assassinados por radicais. Em julho, um homem morreu no país linchado por uma
multidão que queimou seu corpo após invadir a delegacia onde estava detido por
um suposto crime de blasfêmia.
Os familiares
dos acusados também costumam sofrer represálias, razão pela qual a família de
Rimsha fugiu de sua casa no subúrbio de Mehrabadi. O policial Liaqat Ali
afirmou que outras famílias cristãs da zona também abandonaram suas casas, o
que foi confirmado pela HRCP.
As acusações
por blasfêmia escondem em algumas ocasiões vinganças pessoais, brigas de
vizinhos ou questões econômicas, como algumas organizações de direitos humanos
sugerem neste caso.
Segundo Zohra,
fontes afirmam que especuladores pressionam a comunidade cristã de Mehrabadi
para que abandone os terrenos que ocupam para explorar a zona economicamente.
Muitas colônias cristãs ocupam de forma irregular áreas abandonadas.
As reações
pelo caso chegaram até o presidente do país, Asif Ali Zardari, quem assegurou
no sábado por meio de um porta-voz que ninguém pode usar a lei contra a
blasfêmia para solucionar questões pessoais.
A porta-voz do
Departamento de Estado americano, Victoria Nuland, classificou ontem o
incidente como "muito inquietante" e pediu ao governo de Islamabad
proteção "não só para as minorias religiosas, mas também para suas
mulheres e meninas".
A lei da
blasfêmia foi estabelecida no período de dominação britânica para prevenir
choques religiosos, mas foi nos anos 80, com uma série de reformas feitas pelo
ditador Ziaul Haq, que a prerrogativa começou a ser usada de forma abusiva.
Desde então,
ocorreram dezenas de acusações por blasfêmia, quase sempre a pedido de líderes
religiosos que procuram amedrontar minorias, especialmente os cristãos e os
ahmadies (braço do islamismo). O Paquistão tem 180 milhões de habitantes, dos
quais cerca de cinco milhões são cristãos.
A intolerância, ao contrario do que muitos afirmam, não nos aproxima dos animais, mas sim nos transforma em seres dantescos capazes de atrocidades das mais variadas. Seja numa torcida de futebol, num grupo racial, numa diferença sexual, ou até atingir níveis hecatombicos como foi, Hitler, Nero, Calígula e outros monstros mais. O próprio Cristo, profecias a parte, foi vítima da intolerância humana.
ResponderExcluirabraços ao mestre,
Antonio Jorge
Caros Antônio Jorge e Mestre Chassot,
ExcluirSem dúvidas, o senhor parece ser bem lúcido em suas considerações. Estamos vivendo em um tempo de barbares, e para tanto tem se usado todo o tipo de desculpa esfarrapada possível. No Brasil, no Pará, uma menina de 15 anos permaneceu, mais de 20 dias presa em uma cela com 20 homens adultos e criminosos. A delegada e a júiza (grifa-se eram mulheres) estavam cientes da situação, o pior foram alertadas explicitamente, e absolutamente nada fizeram. A juíza recentemente respondeu processo sobre o caso, mas foi considerada inocente (?) Assim como a menina do caso acima, ela nunca deveria ter sido presa, temos um estato dos direitos da criança e adolescente, do qual regula que esses devem seguir para instituições específicas. Bem como, temos leis penais que vedam o encarceiramento de pessoas de sexo diferentes juntas. Mas assim como lá, vivemos na barbare. http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u353546.shtml! Nos EUA, as soldados americanas são vítimas de reiterados estupros e violência e sofre retalhações caso denunciem (na terra do "berço da liberdade") http://oglobo.globo.com/mundo/militares-dos-eua-denunciam-estupros-retaliacoes-nos-quarteis-4233575 .No Iraque e Afeganistão os americanos paladinos da liberdade, torturam, matam, estupram, expulsam famílias de suas casas sem que o mundo tome voz contra! Tem um filme muito bom sobre isso à disposição no youtube, chama-se "Um taxi para a escuridão". Na Argentina, existe uma epidemia de violência contra a mulher, na qual, em 2012, chega-se a assustadora média de 1 mulher assassinada por dia por seus companheiros, no Brasil não é muita a diferença.Nossos presídios são exemplos de atrocidades a direitos humanos todos os dias, e a sociedade espera que depois alguém volte reabilitado.No campo, principalmente norte e nordeste, a violência é assustadora, os assassinatos cometidos por grandes fazendeiros a pequenos posseiros é alarmante! O Brasil recentemente foi denunciado na ONU por violações barbares a direitos humanos. O relatório expõe que "a proibição da tortura é amplamente ignorada" http://www.sedh.gov.br/acessoainformacao/acoes-e-programas/relatorio_do_SPT.pdf
Hitler não foi "feito" sozinho, a Alemanha nazista só foi possível pelo desejo de pessoas comuns como nós, que, ou apoiavam, ou nada faziam, quanto aos ataques a direitos humanos. Tenho que esse texto traz um dado muito importante, o dos grupos relacionados a Direitos Humanos, esses foram muito felizes em sua análise, que em outras palavras disse que existia muito mais que religião envolvido no tema. Tanto aqui, como em todo o mundo, acredito que estamos a beira de uma encruzilhada, ou seguimos por esse caminho e teremos graves consequencias, ou temos que mudar radicalmente para não entrarmos em novas guerras mundiais.
Grande abraço
Eunice Gomes
Muito querida Eunice,
Excluir~~ c/cópia para o Antonio Jorge por ter sido referido ~~
muito obrigado por teu tão denso (e doloroso) comentário onde se ratificam milenares preconceitos contra as mulheres.
Acompanhei, então, o caso da menina do Pará e foi assuntado aqui no blogue. Os demais relatos de violações que trazes não tinha registro.
Como acredito que a maioria dos leitores deste blogue não leem os comentários (especialmente depois da postagem, em dia da semana que vem farei uma blogada com teu texto, da qual te credito a autoria.
Com continuada estima e admiração,
a gratidão do
attico chassot
Em tempo, os assassinatos de mulheres na argentina foi dado aproximado visto que não terminou o ano e foi visto no estúdio i da globo news da segunda passada, os dados são do observatório de violência contra mulher da argentina e não são oficiais pq o país não os divulga de forma oficial, segundo aquela forte. Na internet, temos os dados de 2010, com 260 mortes naquele ano, o que elevou as taxas em relação a 2009 em mais de 12%.
ExcluirEunice
ExcluirLimerique
ResponderExcluirHumanidade construída sobre senões
Atrocidades praticadas aos montões
Em nome da fé pratica-se morte
Leste, oeste, sul ou norte
A matança "piedosa" das religiões.