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quinta-feira, 5 de junho de 2014

05.- QUANDO INDÍGENAS SÃO ALIENÍGENAS

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ANO
 8
Porto Alegre / Frederico Westphalen
EDIÇÃO
 2795

Quando está edição circular, já terei cumprido um quinto das mais  de cinco horas de viagem que tenho numa noite que se faz relampagueante e tonitruante. Antes de dizer o que me leva a Frederico Westphalen, um comentário acerca do turno de encerramento do SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO SEDUC/ RS, que iniciara na segunda-feira e concluiu no entardecer de ontem.
Quando assistia a linda apresentação do grupo de dança da Escola Estadual Plácido de Castro, de Rosário do Sul agradeci, assim, a um torpedo da Gelsa que me desejava os sucessos de sempre: Não consegui fazer o meu melhor, mas fiz o possível”.  
Não me gostei. Não busco justificativas. Fui informado que meu tempo teria que ser reduzido (e foi, mesmo com meu protesto) em 25%. Desorganizei-me. Ser o terceiro, sucedendo a dois palestrantes que foram brilhantes: Joel Westheimer (Canadá), Paulo Cesar Carrano (Brasil/UFF) não é trivial. Não só fui só o terceiro tarde, mas o último dos palestrantes dos três dias, a maioria dos quais detêm um muito maior estofo que eu. 
Devo convir que para falar para cerca de 25 mil pessoas, das quais 1,5 mil lotavam o auditório que eu estava, tem marcas na minha história. Foi ali que colei grau com licenciado em Química, em 1965 e também foi alvo de muitas fantasias, enquanto aluno do ensino médio, trabalhava no restaurante da reitoria. Jamais imaginava, então, que ali um dia pudesse ter voz.
Mas vou melhorar na próxima. É uma promessa.
Devo registrar que muitos vieram manifestar a sua grande apreciação e não faltou muita tietagem pedindo fotos. Isto, então, muito me confortou.
A razão objetiva de minha ida à URI, além de participar de reunião do colegiado do Programa de Pós Graduação em Educação e de sessões de orientações a duas mestrandas, é participar das atividades que são informadas no convite ao lado.
A Camila defendeu em 14 de março sua dissertação de mestrado, que tive o privilégio de orientar. Ela, sensibilizada pelo muito que aprendeu com os alunos indígenas que estudam na URI de Frederico Westphalen, agradecida desejou socializar a um grupo mais amplo de indígenas seus aprendizados. Foram convidados caciques, professores e membros de várias aldeias da região para trocarmos saberes.
Somos, Camila e eu, expectantes pelo que poderá acontecer. Nossa torcida — pensamento mágico existe — é para não ocorrer chuva. Esta dificultará deslocamentos. Fizemos uma programação posta em seguida. Ela diz de nossas ilusões. 
Ilusão já foi eu imaginar que pudesse importar o arquivo original,

5 comentários:


  1. Ao final do Seminário O Conhecimento e as Juventudes do Século XXI, que sem dúvida alguma, foi o fato do ano na área educacional gaúcha, escolhi meus painelistas preferidos. Um deles falou na noite de abertura do evento, os outros dois, na tarde do encerramento. Ao meu ver, quem melhor envolveu o público com sua exposição e contextualizou o tema abordado foi o Doutor Joel Westheimer (Canadá) , o professor da PUC-POA Juremir Machado da Silva e o Docente do IPA, Attico Chassot. Creio que o último pesquisador citado fechou com chave de ouro o evento, mostrando habilidade em contextualizar a escola como instituição, no século em que vivemos! ! ! ! ! !
    Bárbara Karina Panciera
    Assessora de Imprensa da 35ª CRE, São Borja

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  2. Como já escrevi algumas vezes, em especial no conto “O Pacote”, meu avô materno era autêntico indivíduo da tribo Kaingangue, adotado e aculturado por uma família “branca” da Lapa no Paraná. Pois é, em decorrência dessa ancestralidade e mais meia dúzia de antecedentes com um pé (às vezes dois) na América pré-colombiana considero-me mais ou menos silvícola. Talvez meio-indígena, quem sabe.
    Ser parte americano nativo não é estranho e nem deveria, pois, quando os portugueses iniciaram a colonização vieram sozinhos, a maioria era composta de homens solteiros e os casados em geral não traziam suas mulheres porque o ambiente na colônia era muito inóspito. Em decorrência, quando os colonos aventureiros se deparavam com as nativas “em pelo”, como se dizia, não resistiam à abstinência e acasalavam-se, com ou sem consentimento das pobres inocentes. Daí, desde o início, passou a existir os indivíduos meio-indígenas-meio-portugueses que também cruzaram, tanto com semelhantes como com portugueses e nativos, sem discriminação de qualquer espécie. Vieram os escravos negros e a miscigenação prosseguiu no mesmo ritmo. Portanto, ninguém, absolutamente ninguém que tenha nascido neste país e tenha descendência do colonizador português, pode dizer que não tem uma gota de sangue negro, tupiniquim, guarani, tamoio, guajajara ou outra nação, que eram muitas as que no Pindorama existiam quando os lusos por aqui aportaram.
    Segundo os antropólogos e arqueologistas, os habitantes do continente americano descendem de populações advindas da Ásia, sendo que os vestígios mais antigos de sua presença na América, obtidos por meio de estudos arqueológicos, e datação por carbono 14, estão entre 13 e 11 mil anos. Todavia, ainda não se chegou a um consenso acerca do período em que teria havido a primeira leva migratória, há indícios no Piauí que indicam data anterior, algo em torno de 16 mil anos.
    A versão que os antropólogos americanos adotam, é que os povos indígenas que hoje vivem na América do Sul são originários de povos caçadores que aqui se instalaram, vindos da América do Norte através do istmo do Panamá, e que ocuparam virtualmente toda a extensão do continente há milhares de anos. De lá para cá, estas populações desenvolveram diferentes modos de uso e manejo dos recursos naturais e formas de organização social distintas entre si. Contudo, uma nova análise volta a dar peso à hipótese de que os primeiros humanos a chegar às Américas eram gente com aparência bem distinta da dos índios atuais, mas mais semelhante à de africanos e nativos australianos. Os antropólogos brasileiros Mark Hubbe e Walter Neves, junto com Katerina Harvati, da Universidade de Tübingen (Alemanha), publicam os resultados na última edição da revista científica de acesso livre "PLoS One". Após analisar os crânios dos primeiros americanos e compará-los com os dos indígenas mais recentes e com outras populações do passado e de hoje em dia, o trio buscou a melhor maneira de explicar as diferenças entre os índios atuais e os crânios mais antigos do continente. Qualquer que seja a origem dos nativos que aqui se encontravam em 1500, ainda está aberta a discussões e provas.

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  3. Continuando…
    O processo de colonização levou à extinção muitas sociedades indígenas que viviam no território dominado, seja pela ação das armas, seja em decorrência do contágio por doenças trazidas dos países distantes, ou, ainda, pela aplicação de políticas visando à "assimilação" dos índios à nova sociedade implantada, com forte influência européia. Calcula-se que no Brasil viviam em torno de seis milhões de silvícolas por ocasião do “descobrimento”, hoje talvez existam menos de 200 mil, então, resta-nos o consolo de saber que a descendência Americana está em nosso sangue, e não nas florestas ou regiões remotas do país. Salvo pouquíssimas tribos arredias como dos índios Curukangas, que apenas foram vistas de relance pelo ar e fotografadas nos anos noventa, as demais estão assimiladas ou degradadas cultural e fisicamente. Podemos dizer: indígenas puros e culturalmente isolados são virtualmente inexistentes. Então fica uma constatação: índios somos nós, ou pelo menos nós que assumimos nossa ancestralidade aborígine. Minha parte assumo, sou nativo! JAIR, Floripa, 21/01/11.

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  4. Mestre Chassot,
    so imagino se fosse o melhor. O dito como possível foi excelente. Assisti-o emocionado em Santo Ângelo. Foi a melhor fala do Seminário... disparada.
    Assino o final do comentário da jornalista: o senhor nos revelou a escola do 21, Ela não mudou, foi mudado. Adorei a proposta de pesquisa indisciplinar. O senhor teorizou mas mostrou a prática
    Michaela

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  5. Caro Mestre, mesmo que tenhas tido o tempo reduzido, a última fala no seminário terminou como imaginara: Altíssima qualidade. Confesso que me emocionei quando mencionastes Frederico Westphalen. Muitos de meus colegas, sabedores da minha admiração para convosco e testemunhas de sua sapiência, fizeram questão de manifestar apreço. Isto só nos estimula, ainda mais, a continuarmos nosso trabalho.
    Aos colegas leitores e comentaristas do blog um grande abraço. Pois quanto ao dono do blog o abraçarei mais tarde nas dependências da URI. Lá estarei com meus alunos.

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