ANO
8 |
EDIÇÃO
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Mesmo
que adiramos a Heráclito e saibamos que não tomamos duas vezes banho no mesmo
rio (= a vida não é monótona, com
dizem outros), o correr de nossas existências tem certa rotina. Quando no ocaso
de domingo olhamos a semana que se avizinha, não precisamos consultar oráculos;
sabemos a agenda da semana. Esta guarda uma conformação: segunda, academia e
depois aulas aqui, terça, aulas, ali...
etc.
Hoje
começamos uma semana que provavelmente nenhum dos meus leitores tem lembranças
precisas. A semana que inaugura uma copa do mundo no Brasil. Pode ser que
alguns raros possam recordar o encerramento da Copa de 50. Não sei quem lembra
da estreia de então. Logo, a quinta terá ineditismos para todos.
Mas
prometo que este blogue não será o cronista da copa. Tal não descarta, todavia,
que ela seja presença aqui. Por exemplo, leio na capa de um dos cadernos da
Folha de S. Paulo deste domingo. “As chances de Brasil e Estados Unidos se enfrentarem
nesta Copa do Mundo são muito remotas. Mesmo assim, os estadunidenses continuam
sendo os adversários mais perigosos para os brasileiros durante o evento”.
Isso
ocorre porque as 31 delegações que virão ao país poderão trazer 350 pragas
ainda inexistentes no Brasil. A maior ameaça vem dos norte-americanos, com 225
espécies. E pior: além de líder nas pragas, os EUA trazem o maior número de
torcedores. E o perigo é real. O rastro de pragas deixado pelas delegações que
participaram da Olimpíada de Pequim, em 2008, foi longo: 44 novas espécies
ficaram por lá.
Nesta
direção, recebi de um muito querido amigo, médico porto-alegrense, doutor em Saúde
Pública, há décadas radicado nos Estados Unidos, mensagem da qual transcrevo
excertos:
Querido Attico,
[...] Vi
que tens comentado sobre a Copa e por isso gostaria de compartilhar contigo uma
iniciativa inovadora do Ministério da Saúde, que tenho o privilegio de assessorar. Anexo um
resumo que espero dê uma ideia do que estamos tentando conseguir com esta
iniciativa.
O desenvolvimento
do aplicativo foi feito pela start-up EpiTrack com sede em Recife, e contamos
com parceiros de ONGs internacionais: Skoll Global Threats Fund e TEPHINIET
(Training in Public Health Interventions Networks).
Esperamos contar
uma avaliação do uso do aplicativo na Copa para fazer os ajustes em tempo para
as Olimpíadas. Estamos confiantes que esta metodologia e outros usos de novas
tecnologias serão um legado para futuros eventos de massa que ocorrem
frequentemente no Brasil.
forte abraço,
A
seguir o texto referido:
SAÚDE
NA COPA, ENVOLVENDO O PÚBLICO NA SAÚDE PÚBLICA
Os milhões de pessoas que estarão
presentes no Brasil durante a Copa do Mundo FIFA 2014TM esperam ter
uma experiência emocionante e prazerosa durante o período de 12 de junho a 13
de julho de 2014. Proteger a saúde destes entusiastas do futebol e da população
em geral enfrenta o risco potencial gerado pela presença e intercambio de
doenças infecciosas associadas a aglomeração de pessoas das mais diversas
latitudes e brasileiros de todo o país.
Pandemias e
doenças emergentes podem ocorrer em qualquer momento, com a capacidade de causar morbidade, mortalidade
e dificuldades econômicas catastróficas. Melhorar a
oportunidade, sensibilidade e acessibilidade ao que esta acontecendo na
comunidade é crítico para reconhecer e atuar rapidamente
ante a eventos prioritários para a saúde nacional e mundial, e para
alertar os serviços de saúde sobre como responder ao risco de disseminação de
doenças.
“Saúde na Copa” é um projeto de
vigilância participativa em saúde durante a Copa do Mundo FIFA 2014 que busca
ampliar a capacidade do sistema de vigilância em saúde do país para detectar doenças
oportunamente e desencadear as ações de controle recomendadas.
A vigilância participativa oferece a
possibilidade de, em forma complementar, incluir a comunicação direta entre a
fonte do evento (pessoas com sintomas) e os responsáveis pela vigilância, em
comparação com os sistemas tradicionais baseados exclusivamente nos serviços de
saúde. O presente projeto visa agregar um sistema de vigilância participativa
(VP) ao sistema de vigilância existente e avaliar os benefícios proporcionados
por um sistema integrado
Um aplicativo para navegação na
internet e em dispositivos móveis desenvolvido para implementar esta vigilância
participativa estabelece um enlace de comunicação bidirecional entre os
responsáveis pela saúde pública e a população. Ele permite auscultar a
comunidade sobre seu estado de saúde, e ao mesmo tempo dar à população os
resultados desta vigilância e outras informações de saúde úteis que fomentem a
proteção individual de maneira proativa.
Na modalidade de vigilância
participativa que se adotará os participantes deverão informar regularmente
sobre a presença ou não de uma lista de 10 sintomas comuns às síndromes febris
respiratórias, diarreicas e exantemáticas por meio de computadores e
dispositivos móveis. Esta operação deve demorar menos de 15 segundos.
O êxito desta
iniciativa dependerá da adesão maciça da população presente no Brasil durante a
Copa do Mundo FIFA 2014TM. As análises dos dados disponíveis serão
mais robustas quanto maior o contingente de participantes inscritos.
A plena
implementação desta iniciativa requer ainda a colaboração de um amplo espectro
de instituições públicas e privadas direta ou indiretamente envolvidas na
realização da Copa e principalmente tendo-se em conta as estimativas de 200
milhões de usuários de telefones celulares no Brasil, além dos visitantes
estrangeiros.
A adesão a
participar desta iniciativa inovadora será aberta a todos os indivíduos com 13
anos de idade ou mais os que queiram voluntariamente contribuir a esta ação
solidaria. O conhecimento e as ações geradas através desta vigilância se
constituem em um bem público comum cujos benefícios são coletivos, distribuídos
de maneira equitativa a toda população.
Mestre Chassot,
ResponderExcluirbaixei o app. Obrigadíssimo.
Estarei divulgando nas minhas redes.
Impressionante isso das pragas que podem entrar com os torcedores.
A admiração do
LLL
O triste é que no "papel" tudo funciona no Brasil...
ResponderExcluirBoa tarde, Mestre Chassot.
ResponderExcluirSeria muito bom se ao invés de termos um aplicativo para monitorar quantas pessoas com algum sintoma de alguma praga, tivessemos um sistema de saúde que funcionasse de verdade para que ao inves de sermos monitorados pudessemos contar com médicos e medicamentos.
Olá mestre Chassot, fiquei perplexa com a sua blogada de hoje. Eu realmete não sabia e nem imaginava que nós brasileiros estamos correndo o risco de sermos infectados por tantas doenças.
ResponderExcluirGostei muito da sua atitude de divulgar essa notícia que quase não é divulgada.
O aplicativo é interessante, mas ao invés dele deveriamos ter uma saúde de melhor qualidade, com hospitais e médicos para nos orientar e nos atender com facilidade.
Um abraço,
Lethycia
Olá Mestre!
ResponderExcluirComo essa informação de que os Norte Americanos podem trazer pragas inexistentes para o nosso país, me vem a cabeça as pessoas que querem conhecer os Estados Unidos.
Muito queridos Lethycia, Juliana & Eduardo,
ResponderExcluirconcordo com a tese: melhor se ao invés de aplicativos para sabermos acerca da saúde, houvesse uma saúde de melhor qualidade para todos.
Por outro lado esses aplicativos, desenvolvidos para buscar detecção poderão fazer progmósticos ou mesmo dignósticos de situações de risco à saúde.
Poe outro lado: é importante estarmos alertas às pragas adventícias com a Copa.
Obrigado pela presença da UFJF neste blogue,
achassot