ANO
8 |
EDIÇÃO
2815
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Esta blogada ocorre na esteira do assunto
comentado aqui ontem: 25.- CRIACIONISMO
BANIDO DE ESCOLAS INGLESAS. Os cinco comentários postados são díspares.
Vão do irrestrito aplauso à decisão até manifestação de reservas, pois se se
requer (parece até na escola), também, uma leitura fideísta. Aqui a referência é
a de uma adesão ao fideísmo, sistema filosófico que, julgando
a razão incapaz de chegar aos primitivos princípios, faz depender o seu
conhecimento único da fé.
Não vou polemizar aqui e agora. Trago um
excerto de um comentário mais leve, talvez até um pouco impudente. Ei-lo:
Professor
Chassot, [...] a decisão do governo britânico deverá beneficiar também as
igrejas. Quando elas contarem as crianças suas historietas do tempo da
carochinha, dirão que são mitos ou lendas.
A esse propósito, parece que a ilustração não
é fiel ao relato bíblico: as samambaias estão bem postas, pois são das plantas
mais primitivas; todavia, presumo que os tapa-sexos não são as folhas de
parreiras que se menciona no relato bíblico (pelo assim aprendi).
Digo isso, pois
um dia um professor meu, falou lateralmente em aula, que Jonas foi tragado por
uma baleia, um biblista de plantão protestou: “Foi um grande peixe, pois a
baleia tem uma goela muito pequena para engolir um ser humano!” Beatífico
fundamentalismo!
A postagem da Mirian, que necessariamente não
avalizo, oferece subsídio para outra mirada. Muitas vezes, quando contemplamos
certos quadros célebres esquecemos os propósitos dos mesmos.
Eles — de uma maneira especial aqueles inspirados
em relatos bíblicos — foram concebidos e produzidos, não para serem vistos em
museus ou galerias de arte como os vemos hodiernamente.
Hoje, estas obras são admiradas por um
público letrado que conhece a historia da cena representada. Então, e estou imaginando
obras do renascentismo, a quase totalidade da população era analfabeta. Estes
quadros eram ‘os livros’ que tinham
para ler. Vale imaginar-se a situação. Assistiam a cerimônias religiosas muito
prolongadas, em uma língua (latim) que não entendiam, ficavam ‘lendo’ as
edificantes pinturas. Cenas dos evangelhos eram inspiradoras a piedade.
Também havia pinturas que convidavam à
conversão e mostravam os suplícios que podiam ocorrer no inferno. Quando li o
comentário que transcrevi acima, pensei em oferecer a seguir algumas conhecidas
representações do pecado de Eva e da expulsão de Adão e Eva do paraíso. As
cenas estão no Gênesis (na cosmogonia judaico-cristã) e na 2ª surata (a vaca),
no alcorão daqueles de fé islâmica. Elas estão a seguir sem comentários. Vale
encarnar-se em leitores há 500 anos.
Ratifico aqui minha posição em registrar como aos ditos ateus a postura da intransigência é marcante. Afinal como pode incomodar a alguém no que o terceiro acredita? A preocupação das escolas inglesas demonstra-se nada mais do que uma vertente do mais puro preconceito. Lembro que a Bíblia é uma obra prima, porém como toda obra, escrita por homens sofrendo como todo relato histórico intempéries de interpretação. Lembro-me de uma obra antropológica "Os Deuses do Éden" de William Bramley onde o mesmo relata a semelhança de diversos relatos bíblicos com versões de fenômenos hoje entendidos pela ficção científica numa alusão de que na realidade teríamos tido a época a visita de seres mais adiantados. Note-se que é uma indagação científica, que em momento algum desmerece a fé, apenas tenta explicar os fatos de forma racional. Quanto ao fideísmo citado pelo Mestre, lembro também que o renascimento foi uma das épocas em que o ser humano mais se aproximou do que pode ser chamado de humano. Enfim opinião é coisa que cada um tem a sua, respeito a todas.
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