ANO
8 |
EDIÇÃO
2802
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Há
dias passados, vi em Manaus, deixando o aeroporto uma Instituição de ensino (que
oferece cursos da Educação Infantil ao Ensino Superior) cujo nome era homenagem
a um educador. Ou melhor, a um muito famoso educador que conhecia, mas que
nunca vira referido com tal destaque.
Quase
que aposto com meus leitores que muitos, se vissem o imponente prédio do Instituto Denizard Rivail, não se ligariam tratar-se de um dos educadores franceses mais importantes
do século 19. A surpresa seria maior se eu afirmasse tratar-se de uma das
personalidades mais famosas e conhecidas, particularmente no Brasil. Desvelo, algo
que acredito ser uma grata surpresa para alguns.
Hippolyte
Léon Denizard Rivail (Lyon, 3 de outubro de 1804 — Paris, 31 de março de 1869)
foi um educador, autor e tradutor francês. Nascido em uma família de orientação
católica com tradição na magistratura e na advocacia, desde cedo manifestou
propensão para o estudo das ciências e da filosofia.
Fez
os seus estudos na Escola de Pestalozzi, no Castelo de Zahringenem, em
Yverdon-les-Bains, na Suíça, tornando-se um dos seus mais distintos discípulos
e ativo propagador método pestalozziano, de muito significativa influência na
reforma do ensino na França e na Alemanha. Aos quatorze anos de idade Denizard já
ensinava aos seus colegas menos adiantados, criando cursos gratuitos. Aos
dezoito, bacharelou-se em Ciências e Letras.
Concluídos
os seus estudos, o jovem Rivail retornou ao seu país natal. Profundo conhecedor
da língua alemã, traduzia para este idioma diferentes obras de educação e de
moral, com destaque para as obras de François Fénelon, pelas quais manifestava
particular atração. Conhecia a fundo os idiomas francês, alemão, inglês e
holandês, além de dominar perfeitamente os idiomas italiano e espanhol.
Era
membro de diversas sociedades acadêmicas, entre elas o Instituto Histórico de
Paris e a Academia Real de Arras; esta última, em concurso promovido em 1831,
premiou uma de suas teses na área da Educação: "Qual o sistema de estudos
mais de harmonia com as necessidades da época?"
A
6 de fevereiro de 1832 desposou Amélie Gabrielle Boudet. Em 1824, retornou a
Paris e publicou um plano para aperfeiçoamento do ensino público. Após o ano de
1834, passou a lecionar, publicando diversas obras sobre educação, e tornou-se
membro da Real Academia de Ciências Naturais.
Como
pedagogo, o jovem Rivail dedicou-se à luta para uma maior democratização do
ensino público. Entre 1835 e 1840, manteve em sua residência, à rua de Sèvres,
cursos gratuitos de Química, Física, Anatomia comparada, Astronomia e outros.
Nesse período, preocupado com a didática, criou um engenhoso método de ensinar
a contar e um quadro mnemônico da História de França, visando facilitar ao
estudante memorizar — algo muito valorizado no ensinos de então — as datas dos
acontecimentos de maior expressão e as descobertas de cada período da história
da França. Lecionou, enquanto pedagogo: Química, Matemática, Astronomia,
Física, Fisiologia, Retórica, Anatomia Comparada e Francês.
Mas afinal quem este polímata,
aparentemente desconhecido? Denizard Rivail notabilizou-se com o pseudônimo
de Allan Kardec. É reconhecido como o codificador do Espiritismo (neologismo
por ele criado), também denominado de Doutrina Espírita. Foi um pioneiro na
pesquisa científica sobre fenômenos paranormais (mais notoriamente a
mediunidade), assuntos que antes costumavam ser considerados inadequados para
uma investigação do tipo. Adota o pseudônimo de Alan Kardec a fim de diferenciar
a Codificação Espírita em relação aos seus anteriores trabalhos pedagógicos.
Conforme
o seu próprio depoimento, publicado em Obras Póstumas, foi em 1854 que o Prof.
Rivail ouviu falar pela primeira vez do fenômeno das "mesas
girantes", bastante difundido à época, através do seu amigo Fortier, um
magnetizador de longa data. Sem dar muita atenção ao relato naquele momento,
atribuindo-o somente ao chamado magnetismo animal do qual era estudioso, só em
maio de 1855 sua curiosidade se voltou efetivamente para as mesas, quando
começou a frequentar reuniões em que tais fenômenos se produziam. Durante este
período, também tomou conhecimento do fenômeno da escrita mediúnica - ou
psicografia, e assim passou a se comunicar com os espíritos.
Túmulo de Allan Kardec em Paris. Kardec passou os
anos finais da sua vida dedicado à divulgação do Espiritismo entre os diversos
simpatizantes. Faleceu em Paris, a 31 de março de 1869, aos 64 anos de idade,
em decorrência da ruptura de um aneurisma. Está sepultado no Cemitério do
Père-Lachaise, uma célebre necrópole da capital francesa. Junto ao túmulo,
erguido como os dólmens druídicos. Acima de sua tumba, seu lema: "Nascer,
morrer, renascer ainda e progredir sem cessar, tal é a lei", em francês.
Recordo que há alguns anos quando visitei este
cemitério parisiense, ao pedir informações acerca da localização túmulo de Alan Kardec, fui identificado como brasileiro, pois pertencemos à nacionalidade que mais procura conhecer o jazigo do educador e codificador do Espiritismo.
cemitério parisiense, ao pedir informações acerca da localização túmulo de Alan Kardec, fui identificado como brasileiro, pois pertencemos à nacionalidade que mais procura conhecer o jazigo do educador e codificador do Espiritismo.
Sou grato na construção deste texto e na ajuda quando
da busca de ilustrações aos prestimosos robôs do Google e da Wikipédia. Eles
além de prestimosos são incansáveis e muito competentes.
Sem entrar na questão religiosa, mas confesso que me fascina o desapego material que a filosofia defendida pelo espiritismo prega.
ResponderExcluirSó o fato de saber que o espiritismo tem suas bases no conhecimento faz diferença. Talvez seja por isso que pessoas esclarecidas são atraídas e adeptas ao Espiritismo kardecista. Faz pensar.
Confesso que o fato que mais me surpreende é a imparcialidade que o Mestre Chassot aborda os mais variados temas dando azo ao conhecimento como um todo. O respeito a todas opiniões e crenças sem atacar ou defender nem a própria é o que o torna um escritor eclético.
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