ANO
8 |
LIVRARIA VIRTUAL em
www.professorchassot.pro.br
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EDIÇÃO
2553
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O tema não é
para um domingo. Ele é nojento e indigesto. Mas já quase no final da tarde de
ontem recebi a estocada final.
Na quinta-feira,
ao conhecer noticiário acerca da ‘dança das cadeiras’ soube que a senadora do
Tocantins trocara ‘a pedido da Presidente da República’ o PSDB pelo PMDB, para
reforçar a base aliada.
Eu fizera, de
maneira sistemática campanha por eleições de Lula desde 1989 até 2002, quando
emocionado festejei sua eleição, em uma quarta tentativa. Devido a certas
alianças, não repeti isso em 2006, quando de sua reeleição e muito menos fiz
campanha para Dilma em 2010. Em 2014 minha bandeira do PT, há muito rota, não
será desovada.
Eis o tiro de
misericórdia recebido: A Folha de S. Paulo deste sábado publicou o artigo
semanal da presidente da CNA (Confederação da
Agricultura e Pecuária do Brasil). Dona Kátia Abreu, que a cada sábado bate em indígenas
e em movimentos de pequenos agricultores, não muda o tom de seu discurso
agressivo e reacionário.
Ela
não merece, mas como posso parecer implicante com aquela que agora é impingida
como companheira, transcrevo do texto torpe de ontem, que me fez estupefato.
Doutrinação e demonização
Kátia Abreu
Nas escolas, produtor rural é explorador
do trabalhador que produz para exportar e deixa povo passar fome
O marxismo e suas variações constituem
as principais ferramentas conceituais que os alunos brasileiros aprendem nas
escolas de todo o país. O domínio cultural é tão expressivo que mesmo os
professores não identificados com essa corrente ideológica --e até aqueles que
lhe são contrários-- acabam, sem perceber, utilizando interpretações
tributárias dela.
Quando o ferramental marxista não dá
conta de uma questão, quando dados questionam ou refutam a tese geral, a
questão e os dados simplesmente desaparecem. E é por isso que muitos autores
são desconhecidos no Brasil.
Nada pode romper a harmoniosa narrativa
maniqueísta. Assim, a velha luta do bem contra o mal ganha novas roupagens: o
país explorador e o explorado, o patrão e o trabalhador, o rico e o pobre, o
agronegócio e a agricultura familiar.
Nessa narrativa, o produtor rural é
apresentado fundamentalmente como um latifundiário que explora os trabalhadores
--em alguns casos em regime de escravidão-- e que produz alimentos para
exportação deixando o povo passar fome.
O pequeno agricultor, chamado de
campesino quando visto com bons olhos, é apenas uma vítima em potencial, dizem,
pois logo venderá sua propriedade para o cultivo da monocultura.
Com a causa ambiental absorvida pelo
marxismo cultural, o inimigo do presentetambém inviabiliza o futuro. O
agricultor é a versão rural da elite urbana.
Essa imagem não aparece de modo claro,
direto, mas emerge do emaranhado de afirmações, insinuações e lacunas que devem
ser preenchidas pelos alunos.
Se o estudante procurar "MST"
no Brasil Escola, um dos mais famosos sites de conteúdo educacional, ele
encontrará o seguinte trecho em um artigo: "E o que dizer da bancada
ruralista no Congresso, lutando com unhas e dentes para defender seus
afilhados? Por acaso este não é um comportamento antiético e imoral, vindo de que vem?".
O site Brasil Escola figura entre os 300
mais acessados no Brasil, de acordo com a Alexa (serviço de medição de
acessos).
A absurda frase do Brasil Escola não é
exceção. Na coleção de livros didáticos "Nova História Crítica", a
mais vendida do país --só o MEC comprou mais de 10 milhões de livros--, o autor
Mario Schmidt escreveu o seguinte: "Desde a colonização, quase todas as
terras estão nas mãos de uma minoria de latifundiários, latifúndio-monocultor e
escravista... Os latifundiários reagem com brutalidade às invasões. Contratam
capangas que em várias ocasiões já perderam o controle e mandaram bala nos
sem-terra".
O geógrafo e professor José William
Vesentini escreveu que "a produtividade agrícola só aumenta nas culturas
de exportação, ocasionando fome". Tal frase contraria fatos e dados
elementares, mas é a síntese do autor de "Brasil Sociedade e Espaço",
o renomado livro didático de geografia.
Vesentini argumenta que a modernização
da agricultura só ocorre em setores exportadores, o que, a seu ver, diminui a
produção dos principais itens que compõem a alimentação dos brasileiros como
feijão, arroz, milho, batata e mandioca. O autor entende que disso surgiria o
seguinte paradoxo: o Brasil vive abundância produtiva e fome quase
generalizada. Consequência, segundo o autor, da concentração fundiária.
Infelizmente Vesentini e Schmidt
retratam, com precisão, um conjunto de
ideias dominante que
aparece, inclusive, no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que avalia e
direciona os alunas.
Em uma questão do Enem, por exemplo, o
estudante deveria interpretar a "fala" de um "ruralista"
imaginado pelo proponente: "A minha propriedade foi conseguida com muito
sacrifício pelos meus antepassados. Não admito invasão. Essa gente não sabe de
nada. Estão sendo manipulados pelos comunistas. Minha resposta será à bala".
Mais claro impossível.
Eis a mentalidade que está sendo gestada
no país, inculcando preconceito e ignorância nos nossos jovens. E tudo com
dinheiro público, dos contribuintes. É essa a educação que queremos?
KÁTIA ABREU, 51, senadora (PMDB/TO) e presidente da
CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), escreve aos sábados
nesta coluna.
Meu Caro Chassot! Me solidarizo contigo neste repudio à Senadora do Agronegocio. Eu tambem fiquei estupefato outro dia quando assisti um video no You Tube denominado O VENENO ESTÁ NA MESA, onde a Senadora justifica com argumentos incrivelmente inimaginados o uso de agrotóxicos nas nossas plantações. JB
ResponderExcluirLimerique
ResponderExcluirEnergúmena essa Kátia Abreu
Empurra brasa para assado seu
É cega que não quer ver
Interessa-lhe só o poder
Uma besta que do bando se perdeu.
É isso aí... Sonhos de um "outro Brasil" que se esboroam de vez...
ResponderExcluirGelsa Knijnik
Mestre Chassot,
ResponderExcluiragora uma das mais sórdidas políticas, Dona Kátia do Latifúndio, está na base aliada.
Há algo podre na Republica pela qual fizemos bandeiradas e nos emocionamos um dia.
PT, nunca mais,
Rosa Moro
Limerique
ResponderExcluirVou estar plantando um minifúndio
Enquanto escrevendo no gerúndio
Então dona Kátia Abreu:
"Este Basil é todo meu!"
"Minha sesmaria, meu latifúndio!"
Sua decepção e tristeza fazem eco em meus pensamentos mestre Chassot. Também sonhei o sonho de um outro país que pensei que um dia seria possível com a chegada do partido dos trabalhadores ao governo, o que, infelizmente, por percalços e alianças não aconteceu e está cada vez mais longe de acontecer embora muitas conquistas se sucederam. Muito me entristece o resultado de uma luta por um país que realmente pensasse na qualidade de vida do nosso povo e nos acessos aos que jamais souberam o que era uma chance ou possibilidade. Decididamente, a transformação não acontece, nem acontecerá jamais pela máquina pública, pois ela está viciada demais e minada de outros que pelos mais diferentes propósitos estão também lá, agarrados, como carrapatos, disseminando suas ideologias demoníacas, exploratórias e discriminatórias no limite. Mas vamos em frente, a vida nas bases segue e nós, inconformados com as mazelas que se cristalizam cada vez mais, ao certo continuaremos defendendo nossas lutas por mais acesso e qualidade de vida para o nosso povo.
ResponderExcluirMeu caro Chassot,
ResponderExcluirrespeitosamente divirjo hoje do mestre.
Patroa dos latifundiários, a ultra direitista Kátia Abreu, foi xingada aqui em prosa e verso. Há equívocos nestes ‘elogios’ mesmo que merecido.
Li o texto que ela escreveu. Nota 10. Não há uma virgula mudar, A pústula argumenta como sempre muito bem. Ninguém massacra indígenas e o MST como ela. Ela passou para a base aliada (que saco de gatos é esse?) e continua coerente. Ela não mudou seu discurso. Continua na defesa dos ricos.
O PMDB agora tem a vestal da bancada ruralista.
Quem merece a ira sua e de seus leitores é a Presidente Dilma e a cúpula do governo.
Há dois mais que precisam arigimentar: Caiado e Bolsonaro.
Mas concordo com o senhor.
Não dá para expor mais aquela bandeira vermelha com a estrela amarela e o PT em preto. Nem mais naftalina coloco nela.
Que as traças devorem aquilo que foi meu orgulho.
MdeS
Limerique
ResponderExcluirEles todos querem mamar na teta
Me alio a você desde que prometa
Que tenho dez por cento
Sempre a todo momento
Sendo assim me ligo até ao capeta.
Mestre Chassot: "Vergonha Nacional"estou enojada com essa política , onde todos são oportunistas e só querem se dar bem,prá mim são todos dissimulados e como tal essa Senadora Kátia Abreu não fica de fora arrogante e prepotente.Nas próximas eleições vamos votar nele! o Sr. Nulo. Um forte abraço Ley
ResponderExcluirEstimadas Gelsa, Rosa, Mbell e Ley.
ResponderExcluirObrigado a vocês por colaborarem na edição do blogue deste domingo. São parceiras no esboroar de sonhos; refiro-as na edição desta segunda-feira;
Transcrevo na edição de amanhã o comentário de Mirian de Salônica que mostra o equivoco das críticas feitas a Kátia Abreu, mostrando, com picardia, a coerência da Patroa do Latifúndio.
Sou grato também ao pertinente comentário do Jairo.
Dos três limeriques do Jair, elegi um como sobremesa da blogada de amanhã.
attico chassot
No apagar das luzes adito meu comentário lembrando aqui a opinião do meu saudoso amigo médico Dr. Carlos de Carvalho que dizia assim : "Quer ver a esquerda virar direita com todas as sua mazelas e injustiças? Dá o poder na mão dela!". Palavras proféticas, se vivo fosse lhe daria os parabéns por sua visão futurista.
ResponderExcluirps: o comentário se deu em meio a uma conversa sobre o PT da época (na eleição do Collor)
abraços