ANO
8 |
LIVRARIA VIRTUAL em
www.professorchassot.pro.br
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EDIÇÃO
2574
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Os dias para encerrar outubro
serão plenos. Hoje à noite depois de minhas aulas de Teorias do Desenvolvimento
Humano para a licenciatura em Música, compareço, via Skype, em atividade que
minha orientanda Silvia Daiana Parussolo Boniati, do Programa de Pós Graduação
em Educação da URI de Frederico Westphalen realiza em seu estágio de docência.
Nesta quinta-feira, a Silvia submeterá sua proposta de dissertação à qualificação.
No momento em que as biografias
suscitam amplo debate, é importante analisar o interesse cultural de
publicá-las. Textos sobre a vida de filósofos e artistas, por exemplo, iluminam
aspectos de suas obras, mas, como todo trabalho do gênero, devem ser encarados
como uma reinterpretação, e não verdade absoluta. Pois neste domingo li, na Ilustríssima, da Folha de S. Paulo, um excelente texto Reinvenção da existência de
Evando Nascimento, apresentado com a epígrafe: Não há chave única para o texto de uma vida do qual reproduzo aqui,
com outro propósito, alguns excertos.
[...]
Fui convidado a dar um testemunho para o trabalho biográfico de Benoît Peeters
sobre Jacques Derrida (1930-2004), que estava se iniciando em 2007. Refleti
muito sobre o que seria relevante ou não narrar, principalmente por ter
convivido com o pensador num momento de grande fragilidade física. A biografia
foi publicada em 2010 e recebeu resenha extremamente elogiosa da psicanalista e
historiadora Elisabeth Roudinesco no "Le Monde".
[...]
Peeters realizou uma pesquisa de fôlego durante três anos, lendo uma massa
documental gigantesca e entrevistando uma centena de pessoas na Europa, nos
Estados Unidos e no Brasil. É o tipo de abordagem que historiadores,
jornalistas, críticos, teóricos e escritores desempenham com competência.
No
entanto, há um episódio no volume bastante desagradável. Trata-se de um
relacionamento extraconjugal, mas que era do conhecimento da família de
Derrida, bem como de grande parte do meio intelectual parisiense; era, por
assim dizer, um segredo de
Polichinelo. Peeters poderia tê-lo ignorado, mas preferiu narrá-lo com
todas as letras, porém igualmente com grande senso ético.
Qualquer
desconfiança que o leitor possa ter quanto à validade de narrar o episódio se
dissipa quando um dos filhos de Derrida conta sua versão dos fatos, com algum
sofrimento, mas sem fazer nenhum julgamento moral. Daí se pode concluir que foi
muito salutar não omitir essa informação, tanto por fidelidade à história,
quanto — em nome dessa fidelidade — para evitar a hagiografia, ou seja,
transformar aquele que foi considerado o filósofo mais influente da segunda
metade do século 20 num santo.[...]
Meu
uso destes parágrafos é para contar, que nesta leitura, dera-me conta, que
mesmo tendo já ouvido muitas vezes não sabia o significado e a origem da locução:
segredo de Polichinelo .
O sempre
eficiente Priberam esclarece o significado: Informação
que devia ser secreta, mas que já é do conhecimento de todos.
Na Wikipédia
aprendo que Polichinelo é uma antiga
personagem-tipo e burlesca do teatro, cujas raízes remontam à Roma Antiga e que
teve maior desenvolvimento com a ‘commedia dell'arte’. É a versão napolitana do
Arlequim. O bufão polichinelo é personagem ridículo, sem traquejo, ingênuo. Polichinelo
resume em si mesmo a unidade dos contrários, com algumas versões de sua estória
colocando-o até mesmo como hermafrodita ou filho de plebeu e nobre.
A Wikipédia
registra também um verbete referido a exercício físico, não relacionado com a locução
que catalisa esta blogada.
Em www.dicionarioinformal.com.br
registra: Polichinelo é o nome de uma antiga personagem, cômica, de teatro,
cujas raízes remontam à Roma Antiga. Era caracterizado por uma pessoa com um longo
nariz, corcunda, de barriga enorme, vestido de roupas coloridas e usando um
barrete na cabeça. Nas comédias assumia um papel de pobre serviçal, mas ambicioso,
enamorado da filha do patrão, a Colombina. Na Alemanha era visto como um bobo, na
Inglaterra era visto como sendo esperto e malandro.
Não encontrei
explicação mais convincente para o uso da locução ‘segredo de Polichinelo’.
Posso inferir que seja porque o personagem descrito de maneira tão pícara não possa guardar segredo. Agradecimentos a quem puder aditar algo mais.
Limerique
ResponderExcluirSe quer esconder cubra com um velo
Oculte pois seu submarino amarelo
Mas com apenas um véu
Livre debaixo do céu
Somente é segredo de polichinelo.
Acredito que muitos eventos são acrescentados a história no intuito de trazer a atenção do leitor, afinal o proibido, o profano, o ato falho que atrai. Ao ouvirmos um relato de um ato simples, se muito extenso for o relato, certamente arrancará bocejos de nosso interlocutor. Mas se acrescentarmos a narrativa estratégicas gotas de peculiaridades não muito "normais"; Pronto, sucesso garantido, a platéia não só ouvirá, como também repassará a informação.
ResponderExcluirabraços
Antonio Jorge