Ano
7*** PORTO ALEGRE/MORADA DOS AFAGOS ***Edição 2308
Estamos
na semana de despedir novembro. Sábado já será dezembro, então os de fé cristã
começam o tempo litúrgico do advento. E logo será natal.
O
domingo foi dia de acertar, literalmente, o fuso. Ele começou com janta com
Cléria, Lucinha, Edinalva e Ana Maria e depois me acompanharam ao aeroporto,
até acessar a sala de embarque. O retorno ao horário de Brasília se deu em três
voos: BVB/MAO: 60 min + MAO/RIO: 250 min + estada de 2 horas no Galeão +
RIO/P0A: 120 min. Então Porto Alegre, e um pouco depois das 14 estava na Morada
dos Afagos, aonde os peixes chegaram ainda congelados.
Além
de sesta revigorante, havia muitos jornais para receberem espiadelas. Ao
entardecer recebi uma visita querida meu filho André, minha nora Tatiana com o
queridíssimo Pedro. Foram espaços físicos de reinserção familiar. Os virtuais
ocorreram no Galeão e em Porto Alegre, com a Gelsa em Aalborg.
Na
esteira do debate trazido na segunda-feira anterior: a presença de uma laudação
a Deus nas cédulas, que catalisou vários comentários, dou voz acerca do tema a Carlos
Heitor Cony um dos mais destacados escritores brasileiros. Ele é membro da
Academia Brasileira de Letras desde 2000. Sua carreira no jornalismo começou em
1952 no "Jornal do Brasil". É autor de 15 romances. O texto a seguir
foi publicado na Folha de S. Paulo, do domingo anterior, dia 18NOV2012, na p.
A-2.
Deus seja louvado Querem tirar das cédulas do nosso real a breve citação
carregada de ironia machadiana: "Deus seja louvado". O argumento é
pífio: o Brasil é um Estado laico, qualquer alusão a divindade é uma afronta, o
país tem diversas religiões e, inclusive, tem razoável porcentagem de ateus ou
agnósticos de carteirinha, entre os quais o cronista se inclui, apesar de sua
formação ter sido feita com valores de determinado credo.
Os Estados Unidos não cultivam uma religião oficial, mas nas
cédulas de um dólar, com a cara de Washington, há a frase "In God we
trust". Há também na mesma cédula um símbolo maçônico: a pirâmide
interrompida, tendo em cima o olho que em muitas religiões representa o olhar
de Deus. Que também comparece nas caixas de fósforos, simbolizando o "Fiat
lux".
O hino oficial inglês também invoca Deus: "God Save the
Queen" — ou King. E voltando aos Estados Unidos, o "God Bless
America", de Irving Berlin, funciona como hino alternativo, mais ou menos
como "Aquarela do Brasil".
Poderia citar outras invocações oficiais ou oficiosas da
divindade. Barack Obama, que me parece meio muçulmano, em breve prestará seu
juramento para o segundo mandato com a mão em cima da Bíblia --base do judaísmo
e do cristianismo.
A invocação na cédula do real não discrimina nem faz apologia de
qualquer religião. Até mesmo os cultos afro-brasileiros têm seus orixás e
nossos índios invocam Tupã.
O Império brasileiro tinha uma religião oficial que foi abolida
com o advento da República. A bandeira que consagrou o novo regime tem até hoje
a influência do positivismo, que para muitos de seus adeptos funciona como
religião. O dístico ("Ordem e Progresso") é redução do lema
fundamental de Auguste Comte.
É interessante registrar que Comte inicia sua teoria positivista adepto da escola do "Deus está morto" de Nietzsche, já ao final, louco e desorientado, transforma sua teoria em religião e chega a se declarar "O Cristo".
ResponderExcluirabraços
Antonio Jorge
Limerique
ResponderExcluirPois todos sabem e eu também sei
Pôs Deus na cédula como fosse lei
Imitando os do norte
Como submisso consorte
Esse execrável e babaca do Sarney.