Ano
7*** MANAUS/BOA VISTA ***Edição 2304
Uma
etapa de minha jornada amazônica está vencida. Cheguei a uma Manaus, abafada,
depois de 1,5 + 3,5 horas, com translado em Campinas, às 13h (15h BSB) e quando
esta edição entrar em circulação já estou viajando para Boa Vista. Na capital
de Roraima, participo, hoje, estou em uma mesa-redonda no II Colóquio
Internacional de Práticas Pedagógicas e Integração, na UFRR com uma colega da Espanha
e outro da Venezuela.
Minha
fala no entardecer de ontem na XXVI Semana de Química da UFAM foi “Como formar jardineiros para cuidar do
Planeta”. Nesta dimensão o que fazer com o lixo é assunto. E lixo
tecnológico se faz novidade. A propósito trago um texto de Ruy Castro que esta
na p. A-2 da Folha de S. Paulo de segunda-feira, 19NOV12.
Vivendo
com o lixo - Há dez anos, dei-me conta de que o aparelho de fax em
minha bancada de trabalho só estava servindo para ocupar espaço — suficiente
para acomodar os quatro volumes do "Lello Universal", os três do
"Webster's Dictionary" e os nove da "História da Literatura
Ocidental", de Otto Maria Carpeaux. Sei disso porque foi o que botei no
lugar quando me livrei do bicho.
Custei a perceber que há muito ninguém me mandava
mensagens por fax nem eu para ninguém. Não havia motivo para conservar o objeto
que, apesar de meio úmido de maresia, ainda funcionava bem. Assim, dei-o para
minha faxineira, que o aceitou empolgada — até concluir que, também para ela,
aquele aparelho já era inútil, derrotado pelo e-mail. Perguntei-lhe outro dia o
que tinha feito com o fax. Não se lembrava.
É o que vivo me perguntando: para onde vão esses
aparelhos depois que morrem? Com os eletrodomésticos, é diferente: antes de ir
para o ferro-velho, um liquidificador pode atravessar gerações, mesmo que bata
abacate, amendoim e gelo de hora em hora. Mas celulares, torres, teclados,
monitores, notebooks, mouses, baterias, pilhas têm de ser regularmente jogados
fora, destino que também já atinge iPods, Kindles, Nooks etc. -esses, não por
desgaste, mas por já superados. E para onde vão as embalagens de plástico disso
tudo?
Por mais que os órgãos do ambiente lutem para que as
empresas que produzem ou vendem lixo eletrônico o recebam de volta e lhe deem
um fim adequado — chama-se a isto de "logística reversa"—, parte de
seus componentes tóxicos continua entre nós, no ar ou na água. Donde não se
espante se, numa dessas, seu café ou limonada vier temperado com mercúrio,
chumbo, berílio, cádmio ou arsênico.
Afinal, para onde quer que se mande esse veneno —reciclado
ou não, ele não tem como deixar o planeta.
Eis uma breve historieta afeta ao assunto. Há alguns anos atrás em uma de minhas oficinas de reparos eletrônicos herdei da administração anterior uma velha tv sanyo híbrida (válvula mais transistor). Por se tratar de um modelo em desuso telefonei para o proprietário que ratificou a intenção de consertá-la. Feito o reparo ainda fiquei por mais quase um ano solicitando que o dono viesse buscá-la, acabando por ir levá-la ao dono. Quando lá chegamos enquanto descarregávamos o pesado traste escutamos o seguinte diálogo entre o cliente e a esposa: "- Eu já lhe disse Manoel que eu não quero esta porcaria aqui em casa!"
ResponderExcluirE ele virando-se para nós retrucou: " Viu o problema que vocês me arrumaram?".Largamos a tv aos pés dos dois brigões e fomos embora mesmo sem receber o reparo. É a síntese das tralhas, as pessoas não desapegam.
abraços
Antonio Jorge
Attico amigo,
ResponderExcluircá no Rio de Janeiro, seja no subúrbio ou na zona sul, não há uma distribuição regular de lixeiras onde se possa depositar o lixo COMUM. Imagine o lixo eletônico e pilhas, baterias, etc...
O que agrava mais ainda a situação é a falta de consciência de se descartar devidamente esse lixo. Num colégios onde leciono, há uma lixeira como essa a qual me refiro.Trabalho nesse estabelecimento há mais de 10 anos.Talvez tenha visto uma ou duas baterias ali depositadas, não mais do que isso...
Bela blogada, como sempre!
Muita paz!!!