Ano
7*** DIA DA BANDEIRA ***Edição 2301
Estamos começando, com o ‘DIA DA BANDEIRA’ — usualmente de tênue comemoração entre nós — a
quase última semana novembrina. Dezembro espia com ganas e está logo ali.
A imprensa discutiu na semana que passou a oportunidade de
ser acolhido o pedido de retirada da frase: “Deus seja louvado” das cédulas monetárias brasileiras. A polêmica
foi analisada por diferentes articulistas. Trago a opinião de Hélio Schwartsman
que eu subscreveria. Ele é bacharel em filosofia, publicou "Aquilae
Titicans”; “O Segredo de Avicena” e “Uma Aventura no Afeganistão” e colunista
da Folha de S. Paulo. Sua crônica foi publicada na p.A-2 de ontem, no referido
jornal.
O nome de Deus Num ponto eu e a CNBB estamos de acordo: há coisas mais
essenciais com as quais se preocupar do que o dito "Deus seja
louvado" nas cédulas de real. Ainda assim, vejo com simpatia o pedido do
Ministério Público para que a expressão seja retirada das notas.
Sou ateu, mas convivo bem com diferenças. Se a religião
torna um sujeito feliz, minha recomendação para ele é que se entregue de corpo
e alma. O mesmo vale para quem curte esportes, meditação e literatura. Cada
qual deve procurar aquilo que o satisfaz, seja no plano físico ou espiritual.
Desde que a busca não cause mal a terceiros, tudo é permitido.
Isso dito, esclareço que não acompanho inteiramente a
tese do procurador Jefferson Aparecido Dias de que o "Deus seja
louvado" constrange os que cultuam outras divindades ou não creem. Em
teoria, isso pode ocorrer, mas, convenhamos, não é um aborrecimento tão grave
que coloque em risco a liberdade religiosa ou estorve a vida em sociedade.
Vou além. Embora o laicismo preconize uma separação
radical entre Estado e Igreja, na prática, é impossível desligar inteiramente o
poder público de elementos religiosos. Não me incomoda, por exemplo, que o
governo paulista mantenha o Museu de Arte Sacra ou que financie uma orquestra
que executa peças religiosas.
Penso que o "Deus seja louvado" deveria ser
retirado por uma razão mais prosaica: cédulas, bem como as paredes de
tribunais, não são um lugar adequado para manifestar a adesão a crenças
religiosas. Ainda que a maioria da população professe alguma forma de
cristianismo, não marcamos o nome de Deus em todos os bens públicos, como se vê
pelas placas de trânsito, viaturas policiais etc. E as notas estão mais
próximas dessa categoria do que dos museus.
O que me surpreende nessa história é o fato de religiosos
não serem os primeiros a protestar pela inclusão do nome de Deus em algo tão
profano e mal-afamado como o dinheiro.
Attico amigo, boa noite!
ResponderExcluirMuito bem colocadas as palavras de Hélio Schwartsman. Há que se haver um posicionamento mais sensato dos indivíduos que desejam adentrar nesse século tendo civilidade para serem detentores de tolerância religiosa. A bem da verdade, não somente nesse aspecto. Convenhamos que moralidade e religião não estão intrisicamente ligados.Ateu não é sinonímia de ausência de moralidade.
Quem não concorda com o pedido de retirada me irrita tanto quanto aqueles que cismam que um padre seja essencial num debate sobre a legalização do aborto, tomando-o como uma autoridade que não pode deixar de ser ouvida.
Se prezo pela não inscrição na cédula, não quer dizer que sou contra aos princípios que devam redigir uma sociedade justa e ser bom para com o próximo.
Muita paz!
Muito estimado colega Cristiano Marcel,
Excluirprimeiro celebro o retorno do filósofo-matemático com comentário aqui, depois de sentida ausência.
Já publiquei no blogue, um excerto de palavras-cruzadas: homem mau; ímpio (quatro letras) = ateu.
Quando como acenas um ateu pode ser tão bom quanto o melhor dos cristãos ou dos islâmicos.
Claro que ateus militantes (às vezes, tão fundamentalistas quanto religiosos, tipo Richard Dawkins) também atrapalham quando colocam em ônibus, em suas campanhas proselitistas frases do tipo: “Talvez Deus não exista! Divirta-se!”
Obrigado por valorizares este blogue,
a estima e admiração do
attico chassot
Concordo com as palavras transcrição acima e reforço que existem outras preocupações maiores que esta. Para falar a verdade poucas vezes reparei nessa inscrição nas cédulas monetárias e penso que poucos devem ter reparado.
ResponderExcluirIndependente da retirada ou não da frase o que se deve promover é a liberdade e tolerância a qualquer culto religioso bem como para a ausência de crenças.
Vejo nestas atitudes um certo "jogo de cena". Como assim? Muito simples, a discutida inclusão do "Deus seja louvado" originou-se em parte no "In god we trust", assim como a preferência pela música estrangeira, pelos hábitos e indumentária. Nossa língua é cheia de "resertar", "blogar" etc., nossas firmas adotam o "evolution corporation", quando não fazem um assassinato linguístico e criam os "lovi lanxes". Acredito que esta reviravolta, não tão autêntica, na realidade querem refletir um amadurecimento patriota que não refletem nossa realidade com propriedade.
ResponderExcluirabraços
Antonio Jorge
LU Meza comentou no grupo Grupo de Pesquisa sobre Intolerância Religiosa, Educação e Direitos Humanos.
ResponderExcluirEntão... Acredito que isso é um exemplo muito bom sobre o Estado Laico. A dificuldade em separar o Estado das expressões religiosas, encontramos em todos os lugares público. Na cédula, nas repartições públicas, na Capital Federal - a beleza da catedral católica! Ou seja, o ESTADO deve manifestar sua laicidade e não o faz. Daí o porque(?)... bem a conversa será mais longa! ;-)
Renato José de Oliveira postou no Facebook
ResponderExcluirMinha posição é que as cédulas, tanto quanto as certidões e outros documentos, por serem de responsabilidade do Poder Público, não devem conter inscrições de natureza política ou religiosa.
este inscrito pode ser a maneira de tornar sagrado algo tão profano, e aceito nas caixinhas, hehehe
ResponderExcluirabraços, Mestre.
Muito querida Marília,
Excluirduas saudades:
uma, da minha arguta aluna do Curso de Filosofia; outra, da comentarista sempre crítica aqui.
Um bom retorno
attico chassot