Ano
7*** BOA VISTA – RR ***Edição
2306
Mesmo
que minhas atividades deste sábado aqui em Boa Vista se resumam em minicurso acerca
de História e Filosofia da Ciência pela manhã e pela tarde na UFRR, numa
promoção da SBQ, Regional RR, esta blogada sabatina precisa narrar as emoções
fortes de ontem.
Na
viagem de 125 km de Boa Vista a divisa guianesa, com a Profa. Cléria
Mendonça de Moraes, Secretária da SBQ, de RR fizemos
uma parada na Comunidade Indígena Jaboti. Ao chegarmos a posto de fronteira
erámos aguardados por uma delegação de professores da Escola Estadual Argentina
Castello Branco (ACB) de Bonfim, que nos acompanharam a visita protocolar ao
prefeito de Lethen, na Guiana.
A
primeira impressão impactante ao se cruzar a fronteira é ver, de repente, a
rodovia converter-se em mão inglesa = ‘conserve sua esquerda!’. O impacto se
traduz pela continuada impressão que os carros que vem em sentido contrário
estão na contramão ou ainda carros sem motorista no banco esquerdo.
Depois
de acolhidos no país pelo prefeito em uma conversação agradável, fomos a Saint
Ignatius Secundary School, onde éramos aguardados pela direção. Logo nos
impressionou que todas as crianças estavam uniformizadas: os meninos alguns com gravata e as meninas de saia com meias e jaqueta. Todas tinham os cabelos presos
(para evitar a transmissão de piolho) com destacado tope de fita verde.
Soube
que faltara energia elétrica, logo a apresentação em PowerPoint, em inglês que
preparara, não poderia ser exibida. Sorte minha e das cerca de 700 crianças,
talvez, 15-17 anos, que se comprimiam em pé dentro auditório onde parecia não
caber mais ninguém.
Não
me aventurei a falar em inglês; fi-lo em português e fui traduzido para o inglês
com competência pelo jovem Wanderson Jackson, aluno da ACB, do programa Jovem
Embaixador.
Soube ser adequadamente breve, no entusiasmar para usar a Ciência para
entender e transformar para melhor o Planeta, a um muito atento auditório. Ao
terminar a fala, houve saudações da Diretora e uma aluna. Logo dezenas de
alunos subiram ao palco para tirar fotos comigo e pedir autógrafos, a maioria
deste em suporte muito original: o braço dos solicitantes.
Vencida
esta etapa voltamos ao Brasil e fomos a cidade de Bonfim, mais precisamente a
Escola Estadual Argentina Castelo Branco. Na entrada havia um imenso cartaz com
a frase: “ Devemos ensinar Ciências para
permitir que o cidadão possa interagir melhor com o mundo.” (Chassot)
A
mesmas frase em português e inglês estava em folders que trazia a programação do I Intercâmbio Intercultural das Escolas da
Fronteira Brasil-Guiana, atividade liderada pelo prof. Paulo Ricardo
Pinheiro de Andrade.
Na
ACB por primeiro participei de um lanche com os professores da casa, antecedido
de uma oração, mesmo sendo uma escola estadual. Após fiz a palestra “A Ciência como
instrumento de leitura para explicar as transformações da natureza” para cerca
de 60 professores de diversas escolas da região, atividade iniciada com oração.
Só durante o hino nacional, recebi um sinal do prof. David, que me trouxe à
zona de conforto: conseguira abrir a apresentação que eu trouxera em outro
computador. A palestra foi apreciada, mesmo que feita com muito suor devido ao
forte calor. A falta de energia não conseguiu abortá-la,
Após
um almoçarmos tambaquis linda e saborosamente recheados, voltamos a ACB, onde a
diretora Ednialva Vieira (na foto como o cartaz) ensina-me que Argentina Castelo Branco foi esposa do
primeiro presidente pós-golpe militar Humberto Castelo Branco. Pude ver um
cartão manuscrito por ele de 1967, enviando a escola ‘[...] três sinetas, que
ganhei no Rio Grande do Sul para chamar os alunos após o recreio da escola que
leva o nome de minha saudosa esposa...’
A
tarde fiz palestra ‘A Ciência é
masculina? É, sim senhora!’ para cerca de 120 alunos do 2º e 3º anos do
ensino médio e seus professores, onde era significativo ver o auditório da
biblioteca lotado com jovens se abanando para aliviar o calor.
Após
esta atividade ainda autografei livros para alunos e professores e tirei muitas
fotos com os mesmos. A despedida foi com pedidos que voltássemos breve. Já era
mais de 18 h quando estava de volta à Boa Vista, muito feliz com a jornada.
Agora
é dar conta de sábado com minicurso, tendo no horizonte a madrugada de domingo
para começar a voltar.
O carinho na recepção dispensada por tão miúda platéia não tem preço. Como disse o Mestre, ganha-se vida, se é útil. E o saber é o cultivo do amanhã, educando as crianças não puniremos os adultos.
ResponderExcluirParabéns pela nobre jornada.
abraços
Antonio Jorge
Professor , ler seu blog ja passou a ser um hábito diário , seu profundo conhecimento me motiva em meus estudos e me da pelo menos uma certeza , de que o connhecimento nãso tem fronteiras !!
ResponderExcluirOlá professor Chassot,foi uma honra o receber em Roraima.TAmbém fico muito feliz de ter participado com você desta fantástica experiência na escola da Guiana.Apesar de esta apenas iniciando a carreira de professora de química na ACB.Pena eu não ter participado ativamente da "comissão de frente" do evento...mas penso que surgirão muitos outros.
ResponderExcluirAgradeço pela visita na nossa terra macuxi.
beijos.
Adriamara
Muito querida colega Adriamara,
Excluirobrigado por tua presença aqui no blogue.
Foi muito bom estar contigo na emocionante experiência da Guiana, nas falas no ACB, no minicurso na UFRR e especialmente na memorável viagem Bonfim/Boa Vista, onde estavas com a Comissão de Frente.
Sonho voltar a tua Terra Macuxi,
attico chassot
Olá Mestre Chassot!!!
ResponderExcluirDesculpe-me pelo tempo que passou...e só agora estou aqui lhe passando uma mensagem ...dizer-lhe o quanto foi importante a sua passagem em nossa escola...dizer que Vossa Senhoria já faz parte de nossa historia lendo tudo que o senhor escreveu em detalhes nos deixa muito gratificado e com a consciencia que nosso dever estar sendo cumprido...
Professor muitas mudanças ocorreram, hoje aquela turma toda não esta mais em nossa escola, foram para outra escola Estadual A Aldebaro Jose Alcantara no mesmo municipio...a nossa tristeza foi imensa tanto de alunos , funcionarios e professores, todos os nossos projetos, nossas ações, se foram, hoje estou como professora de Lengua Española, nessa outra escola...vi meu mundo sumir, meus anos dedicados a aquela escola, aqueles alunos desmoronar...conseguir superar, tudo isso aconteceu em janeiro, o Senhor deve ter noção do tamanho qque era o nosso trabalho com a sua vinda aqui em nossa escola. Todos os professores estão em outra escola. fui convidada a reassumir a escola com outra proposta de trabalho, a Escola sera: " Escola de Fronteira Argentina Castelo Branco" como e uma escola de tradições...a primeira no municipio então aceitei o desafio..não sei como será???
Fiquei muito feliz com sua visita,com a sua presença, com a sua palestra, de estar com o senhor, de ver essa reportagem falando da escola, fiquei muitoencantada com tudo que foi proporcionado por vossa senhoria em nossa escola, em nosso municipio, e na cidade vizinha...
Abraços...
Edinalva Vieira da Silva.