Ano 6 *** PORTO ALEGRE *** Edição
2066
Afirma-se
que o naturalista e viajante francês Saint-Hilaire (1779-1853), teria afirmado
quando de sua estada, na então Província de S. Pedro, [http://pt.scribd.com/doc/7389091/Viagem-Ao-Rio-Grande-Do-Sul-Saint-Hilaire] no primeiro quartel do Século 19, que para morar aqui se devia ser um
forte. Pois neste março de 2012, quase 200 anos depois, há confirmações.
Tivemos temperaturas máximas de 39ºC e ontem elas beiravam a 1ºC. É assim que
vivem os gaúchos.
Com duas
bancas que tenho esta tarde/noite encerro meu ciclo de sete bancas neste março.
Hoje são duas defesas muito especiais, pois tem a mesma dimensão daquela do
Bruno Piazza que abriu a série em 9 de março: são de duas alunas que tive o
privilégio de orientar.
Mas antes
uma pérola, de muita sabedoria ouvida neste ciclo de bancas. Em uma delas, meus
colegas e eu, ao fazermos a avaliação, tecemos comentários, que se destinavam a
aprimorar um trabalho que era muito significativo. O avô do mestrando, que
assistia, talvez a primeira vez, um ato desta natureza e julgava irretocável a
produção do neto, teve uma frase lapidar: “A
banca se assemelhava a um técnico querendo ensinar o Neymar a jogar futebol!” Nada
mais bem posto, na visão de um autêntico avô-coruja.
As duas
defesas de hoje têm pelo menos uma originalidade: duas mestrandas do Mestrado
Profissional de Reabilitação e Inclusão realizaram um trabalho em integrada parceria.
Uma psicóloga e uma pedagoga lançam olhares diferenciados sobre o mesmo objeto:
o bullying. Vão às mesmas escolas e
fazem suas perguntas e suas análises. O trabalho de orientação e a maior parte
dos estudos teóricos bem como o trabalho de campo e a qualificação foram em conjunto.
Assim hoje, primeiro a psicóloga Sabrina
Guerreiro Caldeira apresenta sua dissertação: Prevenção de Bullying: o que
responsáveis por escolas de Porto Alegre têm a dizer? Em
um segundo momento, a pedagoga Anna Carolina Muniz Ordobás traz a sua
investigação O Bullying na escola: estamos preparados? Quais (in) formações dispõem os
professores? A Banca de avaliação das duas será formada pelas Professoras
Doutoras Clarice Monteiro Escott, do IF-RS, como avaliadora externa e a Luciane
Carniel Wagner, como representante institucional.
Trago a
seguir uma pequena síntese dos dois trabalhos:
A Sabrina,
enquanto psicóloga, com sua dissertação Prevenção de Bullying: o que responsáveis por escolas de Porto Alegre
têm a dizer? buscou
compreender quais as experiências e percepções que diretores e professores de
escolas de Porto Alegre têm sobre a prevenção de bullying. Embora esta violência venha sendo cada vez mais
investigada por muitos cientistas, ainda há a necessidade de aprofundamento
sobre suas características a fim de diminuir seus índices. Para a realização
deste estudo foi utilizado o método qualitativo sendo entrevistados sete
sujeitos, quatro diretores e três professores, de uma escola municipal, uma
estadual e uma particular. As entrevistas foram gravadas e transcritas, sendo
analisadas e classificadas em oito categorias que foram criadas inspiradas nos
estudos de Bardin. Os resultados encontrados demonstram que diretores,
professores, orientadores educacionais, psicólogos, psicopedagogos, funcionários
da escola, alunos e pais estão despreparados para lidar com o bullying escolar sendo aplicadas medidas
muito mais quando esta violência acontece do que investindo na prevenção da
mesma. Nenhuma das escolas possui um programa estruturado para a prevenção
deste problema e somente uma delas, a particular, tem um projeto de uma semana anti-bullying programado para 2012. A
partir deste estudo seria aconselhado que toda a comunidade escolar pudesse se
unir para compreender que a diminuição dos índices de bullying virá da conscientização de todos os envolvidos sobre o
respeito e aceitação das diferenças, bem como ações preventivas constantes que
devem fazer parte da rotina escolar desde os primeiros anos de vida.
A Anna
Carolina, enquanto pedagoga, realizou com o interrogante: O Bullying na escola: estamos preparados?
Quais (in) formações dispõem os professores? uma inovadora proposta de pesquisa que
contou com a parceria de uma psicóloga na investigação de uma problemática
crescente nas escolas, o bullying
escolar. Mesmo que ocorram cada vez mais estudos acerca do assunto, este
fenômeno ainda encontra espaço no cotidiano de crianças e jovens. Situando seu
olhar nas questões da formação de professores este trabalho procurou investigar
se há (in) formação para docentes em
escolas de Porto Alegre para enfrentar as práticas de bullying. Partindo de uma metodologia qualitativa este estudo se
desenvolveu com a participação de sete sujeitos de pesquisa, sendo três
professoras, duas diretoras, uma orientadora e uma supervisora pedagógica,
provenientes de três escolas da cidade de Porto Alegre. Os resultados
encontrados apontaram que as professoras não compreendem o fenômeno em sua
totalidade. Entretanto, apesar de não procurarem de forma autônoma por maiores
esclarecimentos, elas reconhecem a importância da formação no combate das
práticas do bullying. De forma geral
as escolas também demonstraram essa preocupação ao enfatizarem a preocupação em
realizar momentos de formação para seu quadro de professores, mesmo sem os
conhecimentos adequados para tal feito. Tanto professores quanto escolas
demonstraram compreender seu papel no combate aos atos violentos do bullying. Este estudo pretendeu ser mais
um modo de agir contra este fenômeno na tentativa de encontrar meios que o
minimizem em nossas escolas.
Prof Querido!
ResponderExcluirHoje é um dia de muita emoção pra nós. Terminamos um ciclo, o mestrado.
Nosso profundo agradecimento pelo teu carinho em todas as orientações, pela tua disponibilidade SEMPRE, e por ser para nós um exemplo de educador e pessoa.
Obrigado por ter entrado em nossas vidas!
Abração muito carinhoso,
Sabrina Caldeira.
Caro Chassot,
ResponderExcluirDa maior importância a preocupação com esse desvio comportamental que, na falta de um termo em português, adotou-se o nome de Bullying. Mestres, pais e a sociedade em geral estão conscientes que esse mal deve ser pelo menos controlado, na falta de ações que o eliminem por completo.
Só que, a meu ver, essa mesma sociedade que se preocupa, não olha o problema pelo ângulo correto, não vê (talvez porque não quer) onde está o fulcro da discussão. A questão tem uma resposta fácil e direta: o problema está nas FAMÍLIAS. Depois que a nossa sociedade incorporou uma suposta doutrina “piagetana” a qual, mal digerida, eliminou a palavra NÃO da educação das crianças, temos toda uma geração de sociopatas que não tem freios e se acha dona do mundo. Se a gente duvidar que as famílias estão criando monstrinhos que se tornarão jovens que não respeitam filas e a as regras sociais em geral, que se transformarão em adultos desajustados, é só olhar as sociedades mais conservadoras do oriente como a japonesa e chinesa, por exemplo. Lá, onde os pais sabem dizer não aos filhos, eles criam seus filhos que olham o próximo como um seu igual e não como nossas crianças e jovens que despendem mais energia em disputas bobas e mostras de “independência” do que energia nos estudos e na formação de caráter.
Esse problema já foi detectado em outras sociedades e verificou-se que originou-se no seio das famílias e só ali pode ser eliminado, portando não sou eu que estou “descobrindo a pólvora”. Abraços educados, JAIR.
Caro Chassot,
ResponderExcluirinteressante a observação do avô sobre a tentativa de ensinar o Neymar a jogar futebol. O espírito humano nunca está totalmente acabado e sempre é possível aperfeiçoá-lo. Votos de boas bancas!
Um abraço,
Garin
Bom dia, Mestre!
ResponderExcluirEu não vou reinventar a pólvora, pois o Jair já falou tudo sobre ela!
Mas, eu, que não entendo nada de psicologia, me arrisco a dizer que as crianças às vezes parecem ter a mesma característica dos sociopatas, no que diz respeito à indiferença pelo sofrimento alheio!
Posso ter falado uma grande besteira, mas a impressão que eu tenho é essa!
Abraços!
Profe.,
ResponderExcluirNão tenho palavras para agradecer teu carinho e empenho em nos conduzir por essa jornada que foi o mestrado!
Mas tenho a certeza de que estará em nossos corações como professor,orientador e sem dúvida como um grande amigo!
Obrigada por tudo!
Anna
Chassot,
ResponderExcluirparabéns pela blogada, abordando um tema importante e sério, mas que muitas vezes fica no oblívio por não ser dos mais palatáveis...
O bullyng nos extremos pode ser uma ameaça a vida, tão perniciosa quanto as drogas, a intolerância às minorias e a corrupção.
O Neymar pode ser um bom jogador, mas os técnicos tem a experiência... El diablo tien más de diablo...
Abraços,
Guy.
Queria deixar aqui os meus elogio e parabéns , não somente às recentes mestres como também ao Attico amigo. Cumpres tu, muito bem, o papel do professor com sua disponibilidae e solicitude.
ResponderExcluirMuita paz!