Ano 6 *** www.professorchassot.pro.br
*** Edição 2052
Depois de uma
novena com temperaturas médias sempre superiores a 35ºC, a chuva veio a
borbotões. Pela manhã choveu 92% da média de todo o mês de março: 40,2 mm em duas horas; são 'as águas de março em pleno verão.' Em Porto
Alegre houve um caos, [foto da manhã de ontem] até porque ainda não temos automóveis anfíbios.
Automóveis, ou em
sentido mais amplo veículos automotores (inclui-se então, ônibus, caminhões,
motos...) têm historicamente — também — a marca de máquinas mortíferas. Por tal
são memoráveis as campanhas para reduzir a dizimação produzida por estes
objetos todo poderosos com os quais a humanidade convive há um pouco mais de
100 anos. Isto é que traz a relação da ‘máxima’ que se faz manchete desta
blogada.
Apenas um dado histórico — e
a escolha que ser uma homenagem a meus leitores lusitanos, que garantem que sua
Pátria seja a segunda em visitação a este blogue, com cerca de uma dezena de
acessos diários —: O primeiro automóvel a chegar a Portugal foi um veículo
da marca Panhard-Levassor tendo sido importado de Paris pelo Conde de Avilez,
em 1895. Na alfândega de Lisboa, ao decidirem a taxa a aplicar, hesitam entre considerar
aquele estranho objeto máquina agrícola ou máquina movida a vapor. Acabam por
se decidir por esta última.
Este veículo também passou à história por um acontecimento
insólito: logo na sua primeira viagem, entre Lisboa e Santiago do Cacém,
ocorreria o primeiro acidente rodoviário em Portugal, tendo sido vítima um
burro, atropelado a meio do percurso.
Existem
aproximadamente 600 milhões de automóveis de passageiros a nível mundial (cerca
de um carro para cada onze pessoas). Em todo o mundo, havia cerca de 806
milhões de carros e caminhões leves na estrada em 2007, eles queimam mais de 1
bilhão de m³ (260 bilhões de galões) de gasolina/diesel e combustível por ano.
Os números estão aumentando rapidamente, sobretudo na China e na Índia.
Estes dados falam
da soberania de automóveis e similares no Planeta. Este meio de transporte
sempre me parece ‘burro’ pois seu modelo mais que centenário continua,
especialmente em termos de volume ocupado por passageiro igual às carruagens
das quais é sucedâneo. Mesmo com esta qualificação este parece ser o Objeto mais desejado dos humanos.
Mas este já extenso
preambulo é só para deixar aflorar algo do baú de memórias. Há dias vi a frase:
PERCA UM MINUTO NA VIDA, MAS NÃO PERCA A VIDA NUM MINUTO e lembrei a primeira
vez que a vi usado.
Era final dos anos
50, do século passado. A fiscalização de trânsito não tinha ainda radares ou câmaras
para flagrar irregularidade. Também, não existia a ‘freeway’ e para ‘ir para as
praias’ a alternativa era pela rodovia estadual que passava por Gravataí e
Santo Antônio da Patrulha. Cito estas duas cidades, pois elas são partes do detalhe
que desejo narrar.
Lateralmente,
Refiro que então, as classes mais abastadas iam para litoral, logo depois do
Natal (ou, já antes) e lá ficavam até março, quando reiniciavam as aulas. Os de
classe média que podiam alugar uma casa — de localização menos privilegiada, às
vezes entre cômoros — por um mês (ou por uma quinzena), se punham na estrada,
em janeiro e fevereiro.
A hoje chamada
estrada velha, desclassificada pela freeway, já então não suportava o número de
carro e ainda manos os corredores que provocavam acidentes na acidentada
rodovia.
Pois é o genial
controle da época que é mote aqui: no posto da polícia rodoviária de Gravataí, se
recebia um papelucho, talvez um quarto de uma folha de ofício onde era carimbado
um relógio, que assinalava a hora na qual não se podia passar antes no posto de
Santo Antônio da Patrulha (que se localizava antes dos bares que vendiam
famosos sonhos). E neste papel estava a frase-título. Realmente um controle
precário, pois os corredores sabiam burlar, e próximo ao posto, estes quase que
paravam.
Foi bom matar
saudades aqui. Uma muito boa quinta-feira a cada uma e cada um.
Caro Chassot,
ResponderExcluirainda bem que o posto de controle de Sto. Antônio ficava antes dos famosos "sonhos". Valeu pelo resgate desse passado recente cheio de emoções.
Um abraço,
Garin
Caro Chassot,
ResponderExcluirAcrescento que o primeiro automóvel a aportar no Brasil foi um Peugeot importado por Santos Dumont em novembro de 1891 e custou 6200 francos.
Já, o primeiro acidente de trânsito registrado no Brasil ocorreu no Rio de Janeiro, no ano 1897. O abolicionista José do Patrocínio importou um carro e deu para Olavo Bilac, que sem ser habilitado, bateu na primeira árvore que encontrou na Estrada Velha da Tijuca. Parece que o Príncipe dos Poetas era tão barbeiro quanto craque em rimas. Abraços automotivos, JAIR.
Boa tarde, Mestre!
ResponderExcluirEu lamento pelos sonhadores, mas na minha visão, a viabilidade das cidades futuras dependerá da extinção quase total dos veículos individuais!
Pelo menos neste particular, os "canhotinhas" podem festejar, pois o modelo americano de H. Ford "um carro (que virou dois ou três) em cada garagem", é uma coisa sem futuro, um caminho errado que foi percorrido sem que se soubesse que leva a um abismo!
Os espaços aparentemente inesgotáveis por onde passavam as amplas estradas americanas acabaram convergindo para centros urbanos cada vez maiores, onde o número de veículos é quase igual ao dos membros de cada família!
O único futuro para as grandes cidades deste planeta é a adoção de mudanças drásticas nos sistemas de transportes, com uso amplo de metrôs e linhas de micro-ônibus para pequenos percursos, ligando as estações às repartições e centros administrativos, shoppings, colégios e universidades!
Palavra de um futurólogo de boteco!
Abraços!
Martin Sander mencionou você em um comentário no FACEBOOK.
ResponderExcluirMartin escreveu:
"Prezado Prof Attico Chassot, teu texto me fez viajar na memória, quando pela primeira vez embarquei em um carro anfíbio (Russo), em 1985 na Estação Polonesa Antártica. A sensação no início foi estranha, ver aquela montanha de aço, fazendo um barulho infernal indo da terra em direção ao mar. Ufa ... não afundou. Boiavam, como os automóveis expostos no teu Blog, mas com uma bela diferença, avançavam ao encontro do navio que lá longe esperava."
Lia Beatriz Woltmann escreveu um comentário no FACEBOOK
ResponderExcluirLembro bem das idas para a praia, por Gravataí, com os famosos postos de controle de velocidade. Imensas filas para carimbar o ticket de velocidade, que de nada adiantava, pois os motoristas corriam bastante, e depois paravam na beira da estrada esperando o tempo passar, ou ficavam comendo sonhos deliciosos em Santo Antonio
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirProfessor, queremos parabenizá-lo pela coluna.
ResponderExcluirE dizer que Porto Alegre debate a utilização dos corredores de ônibus pelos táxis. Ou seja, poderemos ter a inversão da prioridade inicial de incentivo ao transporte coletivo em vias expressas, minimizando o congestionamento. A medida beneficiará quem opta pelo transporte individual e que dispõe de dinheiro para pagar um táxi, razão pela qual talvez se julguem pessoas mais 'importantes" que o restante da população. Os corredores, congestionados, perderão a sua finalidade.
Jornalista e Professor