Ano 6 *** www.professorchassot.pro.br
*** Edição 2057
Hoje começa
o outono no Hemisfério Sul. No Hemisfério Norte ocorre a entrada da primavera.
Assim por primeiro, meus votos de feliz outono / feliz primavera para meus
leitores meridionais e setentrionais. E como a inclusão é bandeira aqui, aqueles
e aquelas que, por viver próximos a linha do Equador, não têm estações
definidas, também a ele votos de agradáveis dias, de preferências com ventos
frescos e temperaturas amenas.
Aqui no Sul — tida como mais agradável que a primavera, pois
quase não há ventos — nessa
estação ocorre a maioria das colheitas agrícolas, pois os produtos cultivados
já estão bastante desenvolvidos. As folhas, com poucos nutrientes, além dos
frutos bastante maduros, caem no chão. Outros fenômenos marcantes desse
período são as mudanças bruscas de temperatura, diminuição da umidade do ar,
a mudança na coloração das folhas das árvores (elas começam a “amarelar”).
Por tal, nos
Estados Unidos e no Canadá, usa-se, para referir o outono, a palavra fall,
uma contração de “fall of the leaf”, algo como queda da folha – já que o
outono é a época do ano em que muitas plantas perdem suas folhas. No Reino
Unido e em outros países de influência britânica a palavra usada é autumn,
que vem do francês automne (a pronúncia é ôtône).
Há algo
significativo nestes dias de troca de estação. Estamos nos dias equinociais.
O fenômeno onde a duração do dia é idêntica à da noite e os hemisférios Norte
e Sul recebem a mesma quantidade de luz, o equinócio – do Latim, aequus
(igual) + nox (noite) = noites iguais – só ocorre durante duas vezes ao ano,
normalmente nos dias 21 de março e 23 de setembro. Nestas duas datas, apenas,
o dia e a noite têm duração igual (12 horas), visto que o plano da órbita da
Terra ao redor do Sol cruza o equador celeste.
No entanto, nestes
dois dias do ano, a Terra se situa em pontos onde os raios solares incidem
perpendicularmente à linha do Equador, proporcionando a mesma distribuição de
luz para os dois hemisférios, caracterizando o equinócio.
Assim, vale recordar
que tivemos, pela última vez, dias noites iguais (= com o mesmo número de
horas de luz solar) quando iniciou primavera. Desde então, no Hemisfério Sul,
as noites (em termos de tempo de iluminação solar) vem encurtando. Hoje se
igualam. Logo a seguir continuam diminuindo, para chegar em 23 de junho temos
a maior noite, para então começar a diminuir até a primavera, para no inicio
do verão termos a menor noite.
Não é sem
razão que os dois dias de maior noite (23 de dezembro no Hemisfério Norte //23
de junho de junho no Hemisfério Sul) estejam associados a celebrações no calendário
cristão: Natal e festas juninas. Pois eram, já no período pré-cristão,
associadas a rituais de perda e retorno do sol, com festas para ‘amarração’
do sol. Posteriormente, quando o cristianismo se torna hegemônico no Ocidente
(Século 4º) na busca de datas para festas cristãs, por sincretismo religioso
se assume as grandes celebrações já correntes.
A diferença
na distribuição dos raios solares entre os dois hemisférios é consequência de
uma inclinação de aproximadamente 23°27’ do eixo de rotação da Terra
(movimento que a Terra realiza em torno de seu próprio eixo) com relação ao
eixo de translação (movimento que a Terra realiza em torno do Sol). Sendo
assim, em um período do ano, a luz solar incidirá com maior intensidade sobre
um dos hemisférios, alternando em outra parte do ano, conforme o movimento do
planeta.
IN
MEMORIAM: A trazida de um assunto que aprendemos em nossas aulas de
Geografia, faz-me associar este texto a perda que tivemos na última sexta-feira:
Aziz Nacib Ab'Saber (São Luís do Paraitinga, 24 de outubro de 1924 — Cotia,
16 de março de 2012 foi um geógrafo e professor universitário brasileiro.
Na foto ao receber o troféu Juca Pato, em 2011
Considerado
como referência em assuntos relacionados ao meio ambiente e a impactos
ambientais decorrentes das atividades humanas foi um cientista polivalente,
laureado com as mais altas honrarias científicas, em arqueologia, geologia e
ecologia - Membro Honorário da Sociedade de Arqueologia Brasileira, Grã-Cruz
em Ciências da Terra pela Ordem Nacional do Mérito Científico, Prêmio
Internacional de Ecologia de 1998 e Prêmio Unesco para Ciência e Meio
Ambiente. Era Professor Emérito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas da Universidade de São Paulo, professor honorário do Instituto de
Estudos Avançados da mesma universidade e ex-presidente e atual Presidente de
Honra da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Embora
aposentado compulsoriamente no final do século XX, manteve-se em atividade
até o fim da vida.
Na
véspera da sua morte, entregou à SBPC os arquivos de sua obra completa, em
DVD, com a seguinte dedicatória: "Tenho o grande prazer de enviar para
os amigos e colegas da Universidade o presente DVD que contém um conjunto de
trabalhos geográficos e de planejamento elaborados entre 1946-2010.
Tratando-se de estudos predominantemente geográficos, eu gostaria que tal DVD
seja levado ao conhecimento dos especialistas em geografia física e humana da
universidade"
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Caro Chassot,
ResponderExcluirPrimeiro, tua aula de mecânica celeste foi excelente como revisão da matéria que aprendemos nos bancos escolares, mas que raramente nos referimos e, por consequência, tendemos a esquecê-la. Por segundo, esse exemplo de cientista,Aziz Nacib Ab'Saber, deve ser homenageado sempre. Parabéns por amas as abordagens, JAIR.
Boa tarde, Mestre!
ResponderExcluirEnriquecedor este post, com tanta informação!
Os gaúchos parecem ser os que mais se emocionam com a chegada do outono, a julgar pelos blogs relacionados!
Talvez pelo prenúncio do frio que tanto amamos!
Saudade do minuano assobiando!
Abraços!
Caro Chassot,
ResponderExcluiras cenas mais lindas que já presenciei na paisagem estão associadas às multicores tarde de outono.
A propósito, como fazem falta os geógrafos! Estão cada vez mais escassos.
Um abraço,
Garin
Algumas estações do ano muitas vezes nos parecem mais belas, porém todos esses ciclos que observamos tem fundamental importãncia para vida na Terra, proporcionando a variação dos elementos climáticos que observamos, e nos presentiando com belas paisagens.
ResponderExcluirLívia.
"Nossa existência é transitória como as nuvens do outono. Observar o nascimento e a morte do ser é como olhar os movimentos da dança.Uma vida é como o brilho de um relâmpago no céu. Levada pela torrente montanha abaixo" (Gautama Buda)
ResponderExcluirO outono é caracterizado pela queda na temperatura, e pelo amarelar das folhas das árvores, que indica a passagem de estações...
Luísa