Ano 6 *** www.professorchassot.pro.br
*** Edição 2042
Enquanto professor e orientador do Mestrado Profissional de
Reabilitação e Inclusão no Centro Universitário Metodista do IPA tenho me
envolvido com temáticas muito novas para mim. Já orientei três mestres, cujos temas
foram comentados aqui, quando das respectivas defesas. Ainda neste mês de março
mais três meus orientandos (um Educador Físico, uma Pedagoga e uma Psicóloga) defenderão
suas dissertações.
Nas leituras de jornais neste fim de semana — corroborando tese já
trazida aqui: nem no lazer de fim de
semana nos desligamos de nossos orientandos — a dissertação do César Godoy Soares, um estudioso e competente Terapeuta
Ocupacional veio forte à cena. Ele, na sua atividade profissional, envolve-se em processos
de inclusão de Pessoas com Deficiência (PCDs) na sociedade, testemunhando anseios
pessoais dos deficientes, medos das famílias em relação ao futuro social e profissional,
falta de informação da sociedade sobre a deficiência, assim como desvantagens
que estas possam causar em relação ao desempenho ocupacional e ao meio social
que o cidadão seria inserido.
O
César analisa as repercussões da Lei 8.213, em vigor desde junho de 1991, criada
para facilitar o acesso das pessoas com deficiência no mercado de trabalho
obrigando a empresas, com mais de 100 funcionários a reservar 2% de suas vagas
a pessoas com deficiência.
A
Folha de S. Paulo de ontem, no caderno Mercado publicou “Deficiente
intelectual assume atendimento” do jornalista Toni Sciarretta, que destaca
o quanto PCDs mostram aptidão
para lidar com público e ajudar clientes; antes, estes profissionais eram
relegados a tarefas internas, agora bancos,
lojas e supermercados têm colocado funcionários com diferentes tipos de
deficiência intelectual (como síndrome de Down e déficit de aprendizagem) na
linha de frente do atendimento ao cliente. Eram funcionários que estavam escondidos em atividades internas
de empresas preocupadas em cumprir a lei de cotas que agora lidam com o
público.
Catalisou minha decisão de assuntar isto na blogada que abre mais
uma semana de atividades, o depoimento comovente que está na matéria antes
referida.
Tenho Down e sou repórter, com orgulho
Fernanda Honorato*
Quando eu era pequena, gostava de brincar
que era a Marília Gabriela e entrevistava as pessoas da minha família. Se
falasse naquela época para alguém que um dia eu seria uma repórter de verdade,
ninguém acreditaria. Mas isso aconteceu.
Fui entrevistada no "Programa
Especial" da TV Brasil, que fala sobre pessoas com deficiência. A Ângela,
diretora, gostou da minha entrevista e achou que eu podia ser repórter. Fez um
teste comigo e passei.
Muita gente achou que ela era maluca
de ter uma repórter com Down, mas deu tudo certo e me saí muito bem. O que a
Ângela me disse foi que era importante ter o ponto de vista de uma pessoa com
síndrome de Down no programa.
Muitas pessoas com Down, como eu,
ficam felizes de serem entrevistadas por mim. Entrevisto também pessoas que não
têm deficiência e faço reportagens sobre assuntos que não têm a ver com
deficiência.
A relação com meus colegas de trabalho
é ótima. Aprendo com eles, e eles, comigo. Dou ideias para reportagens, penso
em perguntas e gosto de ir à ilha (de edição) espiar o que está acontecendo e ver
como ficaram minhas reportagens.
Uma viagem de trabalho que gostei
muito de fazer foi para a Bahia e estou muito animada com minha próxima, a
primeira internacional. Vou para Nova York gravar na ONU, que pelo primeiro ano
vai comemorar o Dia Internacional da Síndrome de Down (21 de março).
Tenho orgulho do meu trabalho. Sendo
repórter, mostro à sociedade que podemos fazer muitas coisas. Fiquei feliz
quando uma revista italiana disse que sou a primeira repórter com síndrome de
Down no mundo.
Além de ser repórter, também sou
rainha de bateria da Escola de Samba Embaixadores da Alegria (voltada a pessoas
com deficiência), faço teatro no Grupo Teatro Novo, aula de dança cigana e
natação. O apoio da minha família foi muito importante para eu chegar até aqui.
·
Fernanda Honorato, 32 anos, repórter da TV Brasil, trabalha na
área desde 2006.
Caro Attico,
ResponderExcluirimportante tema o levantado hoje. As pessoas não podem ser diminuídas em seu ser por conta de uma ou mais deficiência. Ninguém pode ser considerado menos gente por isso.
Parabéns por trazer assunto tão relevante a nossa sociedade - que se diz humana.
Abraços.
Caro Chassot,
ResponderExcluirTaí uma notícia alvissareira no meio de tantas mazelas e desastres. Se os empresários, independente da lei, tomassem iniciativa de contratar gente desafiada fisicamente, diminuiria a dependência destes em relação a seus familiares e sociedade com um todo sairia ganhando. Parabéns pela postagem, JAIR.
O diferente desacomoda a todos, tomara que a força da lei seja o primeiro impulso, e que, com o tempo, sejam aceitos independente dela. E me chamou a atenção quando ela diz em entrevistas que tem down.Como será que outras pessoas down entendem esta síndrome?
ResponderExcluirCaro Chassot,
ResponderExcluiré com grande alegria que leio em seu blog uma noícia de verdadeira inclusão. Reportemos ainda, o caso do estudante down qye enctrou na faculdade de geografia (universidade federal). É uma pena que na reportagem (jornal da TV brasil), outras pessoas falaram por ele (mãe). Ma sjá considero uma conquista.
Um abraço cordial!
Dirceu Borges
Caro Chassot,
ResponderExcluiruma das alegrias que tive, no exercício da reitoria do IPA foi a oportunidade de oferecer trabalho para algumas pessoas com deficiências, entre eles, o jornalista Eduardo que trabalhou na rádio IPA até o ano passado.
Um abraço,
Garin
Meu caro Garin,
ResponderExcluirdas maiores emoções que vivi foi ter sido duas vezes entrevistado na Rádio IPA pelo Eduardo Purper.
Obrigado por catalisares esta emoção,
attico chassot