Ano 6 *** www.professorchassot.pro.br
*** Edição 2061
E a movimentada semana — que decretou inclusive a transição verão/outono
— chega quase ao fim. Esta 13ª semana de 2012, para mim, talvez tenha sido a
mais prenhe de atividades do ano. E, para, coroar, este sábado não fica por
menos.
Hoje tenho dois momentos adrede curtidos: um
acadêmico e outro familiar. Pela manhã no Mestrado Profissional de Reabilitação
e Inclusão, o Prof. Dr. José Clóvis — parceiro que me desafia — e eu iniciamos
o seminário Educação e Inclusão, envolvendo-nos em discussões, que pelo desenho
que fizemos, promete produtivo.
Ao
entardecer, a Gelsa e eu receberemos filhas, filhos, genros, noras, netas e
netos para uma das tradicionais domingueiras, desta vez, por agenda num sábado.
Se nas duas últimas blogadas dominicais fiz ensaios imagéticos de floradas na
Morada dos Afagos — cactos, dia 11 e strelitzia, dia 18 — o tema de amanhã é
previsível: as doçuras do avonar.
Mas sábado
é dia de dica de leitura e esta vem na esteira de uma das duas dissertações em
cujas defesas fui banca esta semana. O Sassá quebrou um paradigma. Trocou a
enxada pelo livro. O Guy mostrou as marcas de suas origens familiares e quanto ações
da infância o fizeram um apaixonado por museu (ver a edição de otem.
Não é sem
nexo, que escolhi para hoje, o livro Tio
Tungstênio, no qual o neurologista Olivier Sacks relata suas memórias impregnadas por
uma relação muito próxima com a Química, onde um tio que fabricava lâmpadas de tungstênio
exerce uma influência marcante em sua infância prenhe de experimentações e
descobertas.
SACKS,
Oliver Tio Tungstênio: Memória de uma infância
química. São Paulo: Companhia das Letras, 2002. 334 p. [Original inglês: Uncle
Tungsten: memories of a chemical boyhood, tradução Laura Teixeira Motta] ISBN
85-359-0270-8.
Oliver Sacks (Londres,
9 de julho de 1933) é um neurologista britânico que também escreveu alguns
livros sobre seus pacientes que se tornaram best-sellers da literatura.
Bacharelou-se em medicina no ano de 1958, na Universidade de Oxford.
Entre os livros que nos
brindou cito entre outros: O homem que
confundiu sua mulher com um chapéu, Um antropólogo em Marte e Tempo de despertar (esse levado ao
cinema), A ilha dos daltônicos (comentado
aqui há duas semanas), Enxaqueca, Com uma perna só, Vendo
vozes: Uma viagem ao mundo dos surdos, Oaxaca Journal e Alucinações Musicais.
Em Tio Tungstênio conta com riqueza de detalhes sua infância e
adolescência em Londres, particularmente no período da Segunda Guerra Mundial.
Olivier Sacks mostra-nos
com relatos emocionados uma história familiar marcada por um convívio muito
íntimo com a Ciência. Nascido em uma família judia de emigrantes da Europa
Central, com uma forte ligação com a Ciência, filho de pais médicos e
convivendo com tios e primos que tinham ligações muito próximas com aplicações
das mais recentes descobertas da Física e da Química tem uma infância e uma
adolescência marcada pela curiosidade e pela investigação. As memórias que traz
de sua família são saborosas, como quando conta que sua avó, quando oferecia um
jantar, propositalmente virava uma taça de vinho na toalha alvíssima, para
evitar constrangimento futuro, de algum conviva que viesse macular a toalha.
Entre os familiares que
direcionam o espírito investigativo está Tio Dave, que fabricava lâmpadas de
tungstênio - e está ai a razão do nome do livro - que instigava o seu sobrinho a repetir experimentos
químicos em um laboratório doméstico que Tio Tungstênio ajudou a montar.
Aqueles que desejarem se
iniciar na história da Ciência da primeira metade do século 20 encontram em Tio Tungstênio um excelente condutor
para conhecerem detalhes de realizações como as de Niels Bohr ou as de Maria
Curie ou ainda mais conhecer, entre outras, a história da eletricidade, da descoberta
do Raio X ou ainda da genialidade de Mendeleiev no estabelecimento da Tabela
Periódica.
A edição brasileira é da
Companhia das Letras é muito bem acabada e é acompanhada um excelente índice
remisso para que se possa melhor usufruir do texto, que recomendo com
entusiasmo, especialmente àqueles que não tenham conhecimentos muito adensado
de Ciências.
Caro Chassot,
ResponderExcluirComo sempre uma dica preciosa. Tio Tungstênio acaba de entrar na minha lista de leitura. Abraços sabáticos, JAIR.
Caro Chassot,
ResponderExcluirdeixando o Tio Tungstênio para as lâmpadas, fico na expectativa do ensaio imagético de amanhã, no qual o avonado se manifestará com vitalidade e alegria, imagino.
Um abraço,
Garin
Chassot,
ResponderExcluiradorei esta dica. Eu tive a sorte de ter muitos tios Tungstênios.
Assim que terminar o Oaxaca Journal irei para este livro.
Aproveito para agradecer-te pela ode de ontem, que tanto comoveu-me.
Grande abraço!
Guy
Caro Attico,
ResponderExcluiro Tio Tungstênio é realmente um livro empolgante para quem gosta de ciência. O relato do Sacks nos estimula a tentarmos nossas próprias experiências e nos cativa pela proximidade/cumplicidade que permeia seus escritos.
Boa dica de leitura.
ABraços,
PAULO MARCELO