ANO
8 |
JUIZ DE FORA - MG
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EDIÇÃO
2752
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Esta é a terceira vez que estou em Juiz de
Fora. Na viagem, a estada de quase três horas em Viracopos/ Campinas teve com
marca ausência de sinal para internet e telefone celular só para emergência.
Momentos para experenciar o difícil sermos desasados.
Mais uma vez frui no voo destinado à Zona da Mata
(é assim que o destino é anunciado) a troca de experiências com pessoas de
outra grei. Conversei com duas irmãs gêmeas que voltavam de um concurso em
Brasília na área jurídica. Analisar a prova que se submeteram no dia anterior
foi significativo.
No aeroporto em Goianá era esperado pela Cristhiane. O papo de 40 km até Juiz de
Fora foi precioso. No hotel novos problemas com internet e telefone.
Ontem a
atividade central foi a fala que fiz à noite para cerca de 70 professores e
alunos. Recebi distintas manifestações de apreciação à mesma. A Cristhiane, à apresentação, destacou
o quanto o livro A ciência através dos tempos foi
significativo em sua história profissional. Leu, à guisa de abertura, trecho do Memórias de um professor: hologramas desde
um trem misto.
Da agenda de hoje destaco a defesa de dissertação
da Patrícia Maria de
Azevedo Xavier, uma bacharel e licenciada em Química que estudou os saberes populares da produção artesanal
de doces por pequenos produtores de Juiz de Fora – MG: Um olhar a partir da
abordagem Ciência, Tecnologia e Sociedade. Patrícia é a primeira orientanda
que Professora Dra. Cristhiane Cunha
Flôr leva à defesa, o que confere diferenciadas emoções para o evento.
A leitura do trabalho foi muito fruída pois
envolve uma área que há muitos anos recebe meus estudos e neste trabalho a
gratificação foi espraiada quando vi não apenas vários das propostas que
defendo merecerem destaque, mas ver a presença estudos de pelo menos quatro de
meus orientandos: Inês Reichelt, André Siqueira, Antonio Valmor de Campos e
Luciana Venquiaruto.
Patrícia
trouxe o alerta de Eric Hobsbawm (1917-2012)
“A destruição do passado — ou melhor, dos mecanismos sociais que vinculam nossa
experiência pessoal a das gerações passadas — é um dos fenômenos mais
característicos e lúgubres do final do século XX. Quase todos os jovens de hoje
crescem numa espécie de presente contínuo, sem qualquer relação orgânica com o
passado público da época em que vivem. Por isso os historiadores, cujo ofício é
lembrar o que os outros esquecem, tornam-se mais importantes que nunca no fim
do segundo milênio”*.
Ela destaca em seguida minha sugestão quando sugiro que é no apossamento
das recomendações de Hobsbawm, que nós, educadoras e educadores,
temos também o ofício cometido aos historiadores: lembrar o que os outros
esqueceram. É neste espírito que a dissertação que examinaremos esta tarde revisita
nossas raízes passadas para encontrar perspectivas para o futuro.
* HOBSBAWM,
Eric. A era dos extremos: o breve século XX. São Paulo: Companhia das Letras, 1995,
p. 13
O saber é como a boa semente plantada em solo fértil, torna-se planta frondosa e dissemina frutos e outras boas sementes.
ResponderExcluirPenso que Hobsbawm também nos quer lembrar de que precisamos, para preservação das espécies, não esquecermos que ainda somos humanos.
ResponderExcluirOlá Mestre Chassot, estou na aula de saberes químicos escolares da Prof. Cristhiane Cunha Flor, na UFJF, e mais uma vez estou lendo seu blogue. Pretendo passar por aqui semanalmente. Admiro muito o seu trabalho. Gostaria de ter ido na defesa da Patricia, pois me interesso muito pelo assunto abordado.
ResponderExcluirTambém acredito que as gerações futuras estão perdendo aos poucos esse saberes populares, o que me remete profunda tristeza. É como se estivéssemos perdendo a nossa própria cultura, a cultura das gerações passadas.
Um abraço e até a minha próxima leitura
Lethycia Lopes Pereira
Muito querida Lethycia,
Excluirsaber que catalisada com o entusiasmo da Prof. Cristhiane de vez em vez passaras aqui é um estímulo para fazer com cada vez mais cuidados este blogue.
Um afago do
ac