Ano
7*** Frederico Westphalen / Porto Alegre ***Edição 2250
Depois de um dia extenso em Frederico
Westphalen [orientações, reunião de colegiado envolvendo 3 campi por vídeo
conferência e uma dupla jornada de aulas] quando esta postagem iniciar a
circular, terei percorrido minha primeira meia hora das 6,5 h que me separam de
Porto Alegre, onde pela manhã tenho aulas no Mestrado Profissional de
Reabilitação e Inclusão. No começo da tarde recebo meu amigo Enrique del
Pércio, da Universidade de Buenos Aires, minha bibliografia quando discuto ‘indisciplinaridade’.
À noite, a Morada dos Afagos será cenário de confraternização de docentes dos
dois mestrados do Centro Universitário Metodista do IPA.
Nesta edição sabatina, dia de falar
em leituras, primeiro um registro de homenagem recebida de um leitor: Bruno Peixoto de Oliveira, da Universidade Estadual do Ceará, residente
em Itapipoca, CE, escreveu no Facebook: "Não consigo passar um dia sem ler suas blogadas. Obrigado por todo o
conhecimento repassado mestre Attico Chassot."
Hoje a dica de leitura é inusual.
Apresento um livro que não li. A matéria Em busca da eterna juventude de Léo Gerchmann,
publicada no último domingo em Zero Hora
muito me impressionou de tal maneira, que antecipo o comentário à leitura do
livro.
Livro relata busca de cientistas do III Reich por fórmula
científica que evitasse o envelhecimento. O diálogo a seguir é assustador pelo
conteúdo e também pela proximidade territorial. Deu-se na Argentina e consta no
livro A Fórmula da Eterna Juventude e
Outros Experimentos Nazistas (240 páginas, Civilização Brasileira), do
historiador Carlos de Nápoli:
– (...) Quando começaram os bombardeios aliados sobre Auschwitz,
no verão de 1944, os projetos experimentais principais se descentralizaram. O
do rejuvenescimento continuou perto do spa de Solahuette. Um grupo de mulheres
foi instalado ali (...).
– Vinte mulheres.
– Sim, talvez restassem 20 mulheres.
– A senhora participou dessas experiências ou foi utilizada
nelas?
– Não nessas, já que era jovem demais e não servia para isso
(...).
Quem indaga é o próprio historiador argentino, autor e
protagonista do seu thriller incrivelmente verídico. Quem responde é a
dinamarquesa Frieda Sorennsen, ainda hoje radicada no sofisticado bairro
portenho da Recoleta e descrita pelo estudioso como “uma bela septuagenária com
aspecto de uma mulher de 40 anos” – se você desconfiou, sim, o livro mais
adiante dirá que Frieda, apesar da relutância inicial em reconhecer, foi uma
das tais mulheres submetidas aos experimentos narrados no diálogo acima.
O que está por trás dessa conversa? No trecho a seguir, fica bem
claro do que se trata:
“Como contraface do assassinato em massa de soviéticos, judeus e
ciganos (...), registra-se o empenho dos médicos do Führer em conseguir
rejuvenescimento humano, em particular o de seu chefe supremo, uma descoberta
politicamente imprescindível para o líder sem descendentes do Império dos Mil
Anos. Não se tratava, nesse caso, das complicações sempre um pouco grotescas
das sucessões monárquicas: depois de Hitler não havia nada. O doutor Mengele,
conhecido em Auschwitz como o Anjo da Morte, foi o mestre dos mestres na
experimentação com produtos dessa natureza, mas não foi o único. Karl Peter
Vaernet, capitão da SS, médico em campos de concentração, continuou praticando
suas artes na Argentina, em seu próprio laboratório na rua Uriarte, no bairro de
Palermo, em pleno coração da cidade de Buenos Aires. O desconhecido bioquímico
alemão Ernesto Oton Timmermann foi, por sua vez, sócio de Mengele na Fadrofarm
SCA, a maior unidade na Argentina dos laboratórios secretos de Hitler.”
De Nápoli passou 30 anos pesquisando o assunto. Morreu no ano
passado. O livro, escrito três anos atrás, chega agora ao Brasil.
Em síntese, o autor assegurava que cientistas nazistas
desenvolveram, na II Guerra Mundial, um método de rejuvenescimento destinado a
prolongar o período fértil das alemãs que gerariam arianinhos para a
posteridade – e, especialmente, a vida do próprio Adolf Hitler.
Autor
vê nas experiências o surgimento da aids Estudioso do nazismo, autor de diversas obras a respeito, De
Nápoli respalda suas tenebrosas conclusões nos documentos encontrados em uma
casa de Buenos Aires, onde o médico nazista Joseph Mengele viveu.
O texto límpido que dá forma a informações surpreendentes se
arrisca a cogitar que ali se originava a aids. Os documentos de Mengele
relatam: testículos de macaco enxertados em humanos, algo próprio dos
experimentos nazistas, “produzia um rápido rejuvenescimento, embora seguido
muitas vezes por uma doença desconhecida que levava à morte em questão de
meses”.
Seriam os primórdios da aids? De Nápoli acreditava nessa
possibilidade.
Documentos acumulados pelo autor mostram como os nazistas, no
afã de chegar à chamada “fórmula da eterna juventude” e até de “curar” a
homossexualidade, trancafiaram mulheres-cobaias em um spa próximo a Auschwitz.
Rejuvenesceram-nas em cerca de 30 anos, à base de hormônios e rígidas dietas
constituídas de vegetais, torradas de centeio, geleia real e carne magra.
De onde sairiam tais hormônios? Eram extraídos dos milhões de
sacrificados nos campos de extermínio. Terrível, mas real.
Mestre, ao acordar e mais uma vez ler seu blogue, me senti extremamente lisonjeado em ver meu nome na sua blogada sabática. Novamente agradeço pelo conhecimento repassado todos os dias aqui neste espaço e pela atenção que tem aos seus leitores, inclusive a mim. Você é um exemplo para todos que fazem educação científica. Abraço
ResponderExcluirA mais ou menos trinta anos li uma coleção intitulada "Médicos Nazistas". Ali estavam relatadas as mais impensáveis barbaridares, inclusive com fotos reais. O penúltimo tomo ocupava-se do processo de Nuremberg, e o último aventava as várias hipóteses do destino dos alemães que fugiram. Este tema causa arrepios em todos, pois mostra-nos a que o ser humano é capaz de chegar.
ResponderExcluirabraços
Antonio Jorge
O assunto não merece nem um limerique, lamento.
ResponderExcluirAo Estimado Jair,
ResponderExcluirpara que se ponha na oitiva de seus admiradores
attico chassot