Ano
7*** www.professorchassot.pro.br ***Edição 2238
SHANÁ TOVÁ UMETUKA //
A última quinzena do terceiro trimestre corre. Nada melhor que começar uma semana prenhe de otimismo. A proposta é de Hélio Schwartsman, talvez o melhor articulista da Folha de S. Paulo.
Antes de
trazer Abundância e otimismo que está na p. A2, dos mais de 350 mil
exemplares da Folha que circulou
ontem, ajudado pela Wikipédia, um necessário preâmbulo, decorrente de uma
referência do articulista.
Candide, ou l'Optimisme
é um conto filosófico em tom de sátira publicado pela primeira vez em 1759 por
Voltaire. A novela já foi traduzida em centenas de línguas e, em português, seu
título é Cândido ou O Otimismo ou simplesmente Cândido. Foi escrito, ao que parece, em
três dias, em 1758, ainda sob a impressão do terremoto de Lisboa, com
assinatura de um pseudônimo, "Monsieur le docteur Ralph. Narra a história
de um jovem, Cândido, vivendo num paraíso edênico e recebendo ensinamentos do
otimismo de Leibniz através de seu mentor, Pangloss. A obra retrata a abrupta
interrupção deste estilo de vida quando Cândido se desilude ao testemunhar e
experimentar iminentes dificuldades no mundo. Voltaire conclui a obra-prima com
Cândido — se não rejeitando o otimismo— ao menos substituindo o mantra
leibniziano de Pangloss, "tudo vai
pelo melhor no melhor dos mundos possíveis", por um preceito
enigmático: "devemos cultivar nosso
jardim."
Agora então o
texto, do qual é contra exemplo um colega meu de graduação, que respondia assim
ao meu: Como vais? Bem pior que ontem,
mas muito melhor que amanhã!
Abundância e otimismo
-
Se você leu "Cândido", de Voltaire, e achou o dr. Pangloss um sujeito
muito otimista, é porque não abriu "Abundance",
de Peter Diamandis e Steven Kotler.
Os autores, um
milionário com formação em engenharia espacial, genética e medicina e um
jornalista científico, dizem com todas as letras que a humanidade está para
entrar numa era de superabundância, na qual tecnologias tornarão itens
essenciais tão baratos que todos os habitantes da Terra terão acesso a bens e
serviços até há pouco ao alcance apenas dos muito ricos. E tudo isso no
horizonte de uma geração.
Nosso primeiro
impulso é tachar Diamandis e Kotler de malucos e voltar a maldizer os tempos e
os costumes. O problema é que eles apresentam argumentos para apoiar sua tese.
O ponto central é que a tecnologia tem crescimento exponencial. Hoje, um
guerreiro massai com seu smartphone tem acesso a mais informações do que
dispunha o presidente dos EUA apenas 15 anos atrás.
Para a dupla,
revoluções semelhantes estão para acontecer no acesso a água, alimentos,
energia, educação e saúde. No que é provavelmente o aspecto mais interessante
do livro, os autores descrevem dezenas de pesquisas, algumas bem adiantadas,
que poderão em breve mudar a face do mundo. São coisas como membranas que
dessalinizam a água, carne sintetizada em tubos de ensaio, reatores nucleares
portáteis e telefones celulares que realizam exames de sangue em seus donos.
Os autores têm
até explicação para o fato de não acreditarmos muito nessas promessas. Como
fomos programados para ver o mundo como um lugar ameaçador, nutrimos um
inescapável pessimismo global, que não nos deixa perceber as revoluções
silenciosas de que participamos.
Talvez sim,
talvez não. "Abundance" é
definitivamente um livro ousado, e mesmo que lhe apliquemos um deságio cético
de, vá lá, 80%, ainda sobram coisas surpreendentes.
Ano
7*** www.professorchassot.pro.br ***Edição 2
Nesta utópica realidade não é o avanço tecnológico que é difícil de vislumbrar, afinal bellum omnia omnes. Neste eterno Leviatã de Hobbes vivemos a era do ter, ser, principalmente para sufocar o próximo, assim o homem do século XXI amealha para si em excesso e deixa a míngua a maioria em sua volta. Apesar de simpática, a idéia é uma tanto quanto visionária.
ResponderExcluirabraços
Antonio Jorge
Limerique
ResponderExcluirO progresso eletrônico está à vista
Disponibilizando novas conquistas
Convidam-nos então
Sem qualquer senão
Olhar o mundo com lente otimista.
Limerique
ResponderExcluirTecnologia é a nova deidade
Na busca insana pela felicidade
Todos querem acesso
Aos novos processos
Que são redenção da humanidade.
Limerique
ResponderExcluirE completamente seduzido
Num frenesi quase incontido
Homem aposta tudo
Sem qualquer estudo
Nessa tecnologia sem sentido.
Limerique
ResponderExcluirHomem em excesso otimista
Adota o progresso arrivista
Da tecnologia
No seu dia-a-dia
Torna-se então, um alienista.
Limerique
ResponderExcluirDa tecnologia dependente
O homem esqueceu que sente
É um robô agora
Não ri nem chora
Parece que deixou de ser gente.
Caro Chassot,
ResponderExcluirtambém aprecio bastante as colunas do Hélio. Vez por outra estou acessando-a porque o considero bastante centrado. Concordo com ele de que tendemos ao pessimesmo. É difícil falar de uma visão otimista quando em volta de nós todos apontam para coisas negativas. Sou otimista por educação e doutrina.
Um abraço,
Garin