Ano
7*** Porto Alegre/Frederico Westphalen ***Edição 2248
Esta é mais uma edição em trânsito
em uma de minhas repetidas viagens entre Porto Alegre e Frederico Westphalen.
Quando esta entrar em circulação já terei percorrido cerca de 1/6 das 6,5 horas
de viagem. Hoje e amanhã tenho atividades na URI.
Já contei aqui, mais de uma vez, que
escrevo mais de um texto simultaneamente. Esta produção é vergastada por atenciosos
(mas, exigentes) colegas que, de vez em vez, recordam que a data se aproxima.
Para os primeiros dias desta primavera, que agora se trasveste de rigoroso
inverno, há dois capítulos de livro prometidos. Na terça-feira celebrei a
entrega de um. Agora, vivo há quase terminação de outro que se arrasta já há
mais de dois meses.
Neste escrevo um capítulo de um
livro sobre História da Química coordenado
por meu colega Euzébio Simões, da UFRPE. Escolhi fazer um recorte da biografia
de Marie Curie (detalhei isso em 11 de agosto) onde narro a sucessão dos
três calvários que sabem a fel: 1.-A morte trágica de Pierre Curie em 1906. 2.- A perda do acesso à Academia de Ciências da
França, por um voto em 1911. 3.- A exploração, em 1911, pela imprensa francesa
do romance de Mme. Curie com Paul
Langevin (1872-1946)
Ontem
ao me dedicar a este terceiro episódio, encantou-me a solidariedade que Marie
recebe de Paul-Jacques Curie
foto (Paris,1855 —1941)
um físico francês irmão de Pierre Curie. Foi professor de mineralogia na
Universidade de Montpellier. Com o irmão estudou a piroeletricidade; este estudo
levaria à descoberta de alguns dos mecanismos da piezoeletricidade.
Pareceu-me significativo antecipar
aqui — esperar pelo livro, protelaria a meus leitores conhecer algo que me
comoveu — o apoio do cunhado quando Marie era vítima de difamação chegando-se
pedir sua expulsão da França. Ele a defendeu, evocando a esposa leal e querida
que fora para seu irmão e nora dedicada ao pai de Pierre e Jacques.
Para Marie ele escreveu quando de uma
das reportagens: “...que ralé, que
porcos, que porcos imundos”. Para o jornal escreveu:
Morando
nas províncias, soube com certa surpresa que algumas pessoas ficaram espantadas
com meu silêncio em relação ao odioso ataque contra minha cunhada, e que usaram
isto para negar o afeto que sinto por ela e que sempre sentimos por ela em
minha família.
Nem
preciso dizer em que medida os ignóbeis artigos escritos contra ela provocaram
minha indignação: este é o sentimento unânime de todas as pessoas honestas, e
as cartas dos Srs. Poincaré, Borel e Perrin manifestam exatamente a opinião que
temos a esse respeito... Em nome da família Curie, pode-se dizer que minha
cunhada sempre foi, em sua vida particular, tão perfeita e notável quanto se
distinguiu, tanto do ponto de vista científico como de forma geral.
Ela
foi a felicidade de meu irmão, durante dez ou onze anos de seu casamento, até a
morte dele. É impossível imaginar duas naturezas que se entendessem mais.
Ela
foi a felicidade de meu pai durante os últimos aos de sua vida, que ele passou
sozinho com ela e suas filhas. A afeição que sentiam um pelo outro era real e
completa.
Quanto
a mim, a ligação que sinto por ela é tão profunda como sentiria com uma
verdadeira irmã. Creio que posso dzer que temos plena confiança um no outro, do
fundo de nossos corações, e que nada, no futuro, nos separará jamais.
A mim comoveu este exemplo
da generosa solidariedade de Paul-Jacques
Curie. Quis comparti-lo com cada uma e cada um de meus leitores. É muito
bom fazê-lo
A autêntica solidariedade é um sentimento cada vez mais raro. Neste mundo de ambições desmedidas o sentimento do ter, ganhar sobrepuja qualquer manifestação que ao final não traga vantagem mensurável. É uma atitude nobre e louvável a relatada.
ResponderExcluirabraços
Antonio Jorge
Prezado Mestre Chassot
ResponderExcluirÉ sempre uma honra poder ver meu nome em postagens no seu blog. É como um ídolo, no sentido de pessoa a se admirar e com ela aprender, citando nominalmente um fã.
Abraços, te esperamos aqui em Serra Talhada, em 2013, ansiosamente.
Euzébio Simões
Limerique
ResponderExcluirMadame Curie disse a que veio
Cientista referência em seu meio
Sua estrela brilhou
E ninguém apagou
No mundo não estava a passeio.
Querido amigo,
ResponderExcluirfolgo em perceber tua energia inquebrantável para incursões acadêmicas pelo mundo.
Confesso-te que esta fantasia hibernal vestida pela primavera, apesar de cristalizar nossos jardins, fez-me bem...
O frio é sempre bem vindo pelos gordinhos...
Desconhecia este causo dos Curie, comovente. Dá um filme.
Grande abraço e boa viagem,
Guy
Meu preclaro amigo Guy,
ResponderExcluirno ocaso de um dia frederiquense, agradeço tua visitação a este blogue. Lembro que a edição que circulará em 15 minutos traz um alerta: este texto é impróprio aos que não aceitam o evolucionismo.
Um muito boa noite
attico chassot