Ano
7*** Frederico Westphalen *** Edição
2249
Esta edição é postada em Frederico
Westphalen, onde ontem vivi produtivas rodadas de orientações com minhas quatro
orientandas do Programa de Pós Graduação em Educação da Universidade Regional
Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI. Hoje tenho as 3ª e 4ª sessões do
Seminário ‘Teoria do Conhecimento’ e ainda uma reunião do Colegiado do Programa
pela manhã.
Antes do assunto desta sexta-feira,
um comentário acerca da muito concorrida edição de ontem —quase 300 acessos em
12 países—. Um excerto de uma ‘escaipada’ ocorrida na madrugada ao chegar ao
hotel:
[Leitor] O blog de hoje não me sai da cabeça — e do coração.
ADOREI!!!
[Achassot] Quando escrevia aquilo ontem pensava: "Não posso
esperar o livro ser publicado!”
Esse excerto é trazido para alertar quem
não leu a carta de Paul-Jacques Curie, irmão de Pierre, na defesa de sua
cunhada Marie, quando uma história de amor, em 1911, era execrada.
A matéria de hoje foi publicada no
Jornal Ciência da SBPC [http://jornalciencia.com/meio-ambiente/animais/448-elysia-chlorotica]
Antes um alerta: este texto é impróprio aos que não aceitam o
evolucionismo. Recomenda-se a não leitura do que segue:
Uma incrível vida é encontrada,
sendo considerada intermediária entre o reino animal e vegetal. Trata-se de uma
lesma marinha, o primeiro animal encontrado capaz de produzir o pigmento
clorofila das plantas. A lesma Sneaky parece ter "roubado" genes que
permitem esta habilidade incrível a partir de algas que ela comeu. Com estes
genes vindos de algas, as lesmas podem realizar a fotossíntese - processo pelo
qual as plantas usam energia solar e a convertem em glicose, produzindo assim,
o seu próprio alimento.
"Eles podem fazer suas
moléculas com energia solar sem precisar comer absolutamente nada", disse
Sidney Pierce, um biólogo da Universidade do Sul da Flórida. Pierce estudou
estas criaturas únicas, oficialmente chamadas de Elysua chlorotica por cerca de
20 anos. Ele apresentou seus resultados mais recentes somente agora, na reunião
anual da Sociedade para Biologia Integrativa e Comparativa em Seattle. A
descoberta foi relatada pela primeira vez na Science News.
"Esta é a primeira vez que os
animais multicelulares têm sido capazes de produzir clorofila", disse
Pierce à Livescience. Essas lesmas do mar vivem em "pântanos" de água
salgada na Nova Inglaterra e Canadá. Os genes necessários para fazer a
clorofila bem como os cloroplastos (organelas celulares vegetais) foram
totalmente "roubados" de algas e incorporados ao DNA do animal.
Estes seres podem ser mantidos em
aquários por um mês sem nenhum alimento. Enquanto tiver luz sobre eles, 12
horas por dia, eles sobrevivem sem necessidade de comer absolutamente nada.
Os investigadores usaram um marcador
radioativo para ter certeza que as lesmas são realmente produtoras de
clorofila, ao invés de apenas roubar o pigmento pré-fabricado pelas algas. Na
verdade, as lesmas incorporaram totalmente o material genético, e essa
incorporação se deu de modo tão perfeito que a característica ímpar foi
transmitida para os descendentes.
Apesar disso, os bebês das lesmas
"ladras de clorofila" não podem fazer fotossíntese imediatamente
quando nascem, precisam comer bastante alga para ativar algum mecanismo
interno, para então produzirem o seu próprio alimento, como as plantas e algas.
Agora os cientistas sabem com total
certeza que o DNA de uma espécie diferente pode ser incorporado em outra, já
que as lesmas têm provado isso, mas os mecanismos de "transferência de
genes" de uma espécie diferente para outra é ainda desconhecido.
A cada dia sabemos mais, e o espanto é natural. Fico com as palavras de Sócrates: Só sei que nada sei.
ResponderExcluirabraços
Antonio Jorge
Chassot,
ResponderExcluirachei fascinante esta descoberta. Os moluscos sempre foram muito estimulantes para mim.
Já conhecia o caso dos corais, que associam-se com as algas zooxantelas e estas, abrigadas em seus interstícios, produzem glicose através de fotossíntese. Os tardígrados também são capazes desta proeza. Na própria evolução de todos eucariontes fotossintetizantes já é sabido que o cloroplasto é uma "ex-cianobactéria", até mesmo nossas mitocôndrias têm origem bacteriana. Mas, pelo que entendi, este caso da aplísia (o nome genérico desta lesma do mar) é diferente e ainda mais fascinante: não é uma endossimbiose nem uma cooperação, é um deliberado roubo de genes! Fantástico. Segunda-feira eu e os alunos-curadores do MN faremos uma exposição sobre esta descoberta.
Obrigado por divulgar.
Abraços,
Guy.
Mergulhando em Mauritius eu esbarrei em uma aplísia, mas não era a Elysua... Mesmo assim deu um show de tinta roxa para meu espanto.
ResponderExcluirLimerique
ResponderExcluirA natureza ponto sem nó não dá
Para quem quiser ver, claro está
Ao buscar a ciência
Pela evidência
Tem certeza que verdade advirá.
Recentemente li sobre a transferência horizontar de genes de fungos para afídeos, um dos poucos organismos complexos com reprodução partenogenética regular (http://arthropoda.wordpress.com/2010/04/30/aphid-adornment-lateral-gene-transfer-from-fungi-to-aphids/http://arthropoda.wordpress.com/2010/04/30/aphid-adornment-lateral-gene-transfer-from-fungi-to-aphids/). Parece que agora vemos que é mais comum do que imaginávamos.....
ResponderExcluir