Ano
7*** WWW.PROFESSORCHASSOT.PRO.BR ***Edição 2246
Abro esta edição com um ponto de
minha agenda desta noite. Vou ao Campus do DC-Navegantes do Centro
Universitário Metodista do IPA para fazer uma fala na Semana Acadêmica dos
Cursos de Arquitetura e Urbanismo, Engenharias e Análise e Desenvolvimento de
Sistemas.
O título que me foi proposto é Ciência como chave para competitividade e
vou aproveitar muito do que falei para um grupo de pesquisadores na manhã de
segunda e contei ontem aqui.
Mas o assunto central desta edição —
algo inédito na história republicana — está sintetizado em chamada de várias agências
noticiosas:
Justiça
retifica registro de óbito de Vladimir Herzog; causa da morte deverá ser
"por lesões e maus-tratos"
Eis texto veiculado ontem pela Agência Brasil:
Imagem mostra Vladimir Herzog no Dops, em SP O juiz Márcio Martins Bonilha Filho, da 2ª Vara de
Registros Públicos do TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo), determinou
nesta segunda-feira (24) a retificação do atestado de óbito do jornalista
Vladimir Herzog, para fazer constar que sua “morte decorreu de lesões e
maus-tratos sofridos em dependência do II Exército – SP (Doi-Codi)”.
O magistrado atende, assim, a pedido
feito pela Comissão Nacional da Verdade, representada por seu coordenador,
ministro Gilson Dipp, incumbida de esclarecer as graves violações de direitos
humanos, instaurado por solicitação da viúva Clarice Herzog.
Em sua decisão, o juiz destaca a
deliberação da Comissão Nacional da Verdade “que conta com respaldo legal para
exercer diversos poderes administrativos e praticar atos compatíveis com suas
atribuições legais, dentre as quais recomendações de ‘adoção de medidas
destinadas à efetiva reconciliação nacional, promovendo a reconstrução da
história’, à luz do julgado na Ação Declaratória, que passou pelo crivo da
Segunda Instância, com o reconhecimento da não comprovação do imputado
suicídio, fato alegado com base em laudo pericial que se revelou incorreto,
impõe-se a ordenação da retificação pretendida no assento de óbito de Vladimir
Herzog”.
Pedido
A Comissão Nacional da Verdade
encaminhou o pedido à Justiça paulista no dia 30 de agosto para que o documento
de óbito do jornalista Vladimir Herzog, morto em 1975 durante a ditadura
militar, fosse retificado.
A comissão atende a um pedido da
família de Herzog, que pedia que fosse retirada da causa da morte a asfixia
mecânica, como está no laudo necroscópico e no atestado.
A solicitação foi decidida por
unanimidade pelos membros da comissão. Além da recomendação, a comissão também
enviou à Justiça paulista cópia da sentença da ação declaratória, movida pela
família Herzog, e de acórdãos em tribunais, que manteve a sentença de 1978 de
que não havia prova de que Herzog se matou na sede do DOI-Codi de São Paulo,
órgão subordinado ao Exército, que funcionou durante o regime militar.
“Quando a sentença rejeita a tese do
suicídio exclui logicamente a tese do enforcamento e, então, a afirmação de
enforcamento - que se transportou para o atestado e para a certidão de óbito -
encobre a real causa da morte, a qual, segundo os depoimentos colhidos em juízo
indicam que foi decorrente de maus tratos durante o interrogatório no
DOI-Codi”, diz o parecer da comissão.
Esta notícia nos lembra que a vergonha do povo alemão pelas atrocidades cometidas no passado não é privilégio deles, nós tambem temos motivo bastante para vergonha, ainda com o agravante que conosco a barbárie ainda foi cometida pela nossa gente contra o próprio povo. O poder se exerce, não se detem indeterminadamente. E neste exercício temporário muitas vezes a razão escapa a civilidade e do ser humano aflora os mais baixos instintos. Não é raro ver um bom político ao ser eleito transmutar-se em algo irreconhecível.
ResponderExcluirNietzsche em sua obra "Assim falou Zaratustra" escreve em sua frase inicial. "O mundo tem uma pele, essa pele tem doenças, uma dessas doenças é o homem."
abraços
Antonio Jorge
Olá!!!! Gostaria de registrar o impacto que a imagem me causou, quando abri o blog de hoje. Muitas são as reflexões proporcionadas... Valores morais instaurados naquele momento histórico, posicionamentos contraditórios e padrão de manifestações por eles geradas... E hoje? Crianças e adolescentes ainda são vítimas de bárbaries... Nós, adultos, que, muitos, passamos pela escola reproduzimos, provocamos ou mesmo omitimos tais situações...
ResponderExcluirUm forte abraço!!!!!
Sandra
Sandra querida,
ResponderExcluirobrigada por tua visitação ao blogue.
Esta foto-montagem, de um doloroso engodo sempre me impacta.
Afagos com saudades
attico chassot
Limerique
ResponderExcluirEra um jornalista libertário
Observado como adversário
Tomaram-lhe a vida
Acusado de suicida
Por um poder discricionário.