Há
uma recomendação continuada ‘Não leve tablet
ou assemelhados para a cama!’ Entre outras desvantagens: tiram o sono,
produzem dor de cabeça etc.
Luli Radfahrer, professor-doutor de Comunicação Digital da ECA (Escola de Comunicações e Artes) da USP há 19 anos, com a autoridade de quem trabalha com internet desde 1994, no artigo que tece a blogada de hoje é convincente: a luz do tablete reduz o hormônio do sono em 22%.
Luli Radfahrer, professor-doutor de Comunicação Digital da ECA (Escola de Comunicações e Artes) da USP há 19 anos, com a autoridade de quem trabalha com internet desde 1994, no artigo que tece a blogada de hoje é convincente: a luz do tablete reduz o hormônio do sono em 22%.
O autor do livro "Enciclopédia da
Nuvem", publicou no caderno Tec da Folha de S. Paulo o texto que segue:
Estamos
cercados de retângulos brilhantes. Dos pequenos displays nos micro-ondas e
rádios às TVs cada vez maiores, passando por videogames, desktops, notebooks,
tablets, celulares e smartphones, praticamente não há momento em que se viva
distante deles. É só uma questão de tempo, creio, para chegarem ao fundo de
piscinas e mares.
Novos
fabricantes desenvolvem, a cada ano, versões mais leves, econômicas,
resistentes e versáteis dessas telinhas, que a partir deste ano serão até
dobráveis. Nos carros, TVs para motoristas já não causam espanto. Dividem sua
preciosa atenção com as telas do painel, do GPS, do celular e, de vez em
quando, até com o que acontece na rua.
Nossa
relação com a luz é tão intensa que parece que vivemos de fotossíntese. Nas
hiperluminosas residências modernas, algumas noites ficam mais claras do que os
dias.
Pena
que o cérebro humano, esse primitivo, não esteja preparado para tanto brilho.
Luz, para as mentes consolidadas desde os primeiros hominídeos, vem do céu, do
fogo ou de raridades como um vaga-lume ou um metal radiativo. Luz branca, ainda
mais rara, só vem de um raio ou do Sol ao meio-dia. LEDs, LCDs, plasmas e
outras iridescências causam estranheza a nossos mecanismos de atenção. Como
gatos expostos ao flash de uma câmera, ficamos meio paralisados diante eles.
Isso
não impede a exposição cotidiana a dezenas de retângulos brilhantes, deixando a
mente em estado de constante estímulo. Por instinto, quem passa muito tempo em
frente às telas permanece desperto até o momento em que não resta ao corpo
outra opção se não desligar os disjuntores e desmaiar, até o sono ser
interrompido pelo brilho do despertador. Como quem vive no fuso horário da
Califórnia, o impulso de alguns brasileiros tecnológicos é deitar perto das 3h
e acordar às 11h. A maioria, que não pode dar-se esse luxo, acaba dormindo
pouco.
E
mal. Um estudo publicado no periódico técnico "Applied Ergonomics"
revela que duas horas de exposição à luz brilhante de um tablet ou equivalente
antes de dormir reduzem os níveis de melatonina, o hormônio do sono, em cerca
de 22%.
Essa
carência provoca, além de noites ruins, o aumento dos riscos de obesidade,
diabetes e problemas cardiovasculares. A falta de sono diminui a produtividade,
aumenta o risco de acidentes, prejudica o raciocínio e mata a libido. Por mais
que fanfarrões afirmem ser capazes de dormir poucas horas, não há argumentos
médicos que defendam essa tese, muito pelo contrário.
Aplicativos
para smartphone se propõem a medir a qualidade do sono de seus usuários com
base no movimento captado por seus acelerômetros. A intenção é nobre, embora
seja fácil prever alguns resultados. Quem checa mensagens ou visita websites
antes de dormir pode levar preocupações do trabalho para a cama. Quem joga ou
interage com redes sociais tende a ficar mais alerta. Até mesmo quem assiste a
um vídeo bobo no telefone fica exposto a uma luminosidade sem precedentes. Mal
dormidos, vários acordam no meio da noite e checam suas redes. Não pode fazer
bem.
Por
mais que aparelhos eletrônicos fascinem, é preciso limitar seu uso antes de ir
para a cama. Talvez seja um excelente motivo para retomar o antigo hábito de
conversar.
Mestre querido, excelente artigo.
ResponderExcluirHá muitos anos, a Dra. Judith Cortesão, minha saudosa "avó emprestada" e grande amiga do meu pai, disse que os índios não tinham muitos tipos de câncer devido a não terem luz artificial... Achei mirabolante a teoria. Recentemente li em New England que luz artificial diminui níveis de melatonina e aumenta chances de vários cânceres... Esta blogada só vem a corroborar com a teoria da Judith. Lê sobre ela na Wikipedia, vale a pena conhecer esta mulher.
Abraço muito afetuoso,
Guy.
Querido Attico,
ResponderExcluirfascinante leitura. Parece-me que a falta de sono ou o sono mal-dormido virá a ser um dos males deste século.
Abraços,
PAULO MARCELO
Vale ressaltar um detalhe que me deixou um pouco espantado. No transcurso da recente tragédia vários jovens postaram mensagens de socorro no facebook. Isso demonstra o quando esta mídia já faz parte do mundo atual. Modificar os hábitos desta garotada (e de muitos adultos) convencendo-os de que precisam abdicar, pelo menos no horário noturno, de sua conexão para dormir é uma missão impossível.
ResponderExcluirabraços
Antonio Jorge
Caro amigo e mestre Chassot,
ResponderExcluirsempre nos reunimos para discutir seu blog, o tema de sábado será sobre o blog de hoje. Muito pertinente, costumamos assar uma costela associado a uma cervejinha e discutir em grupo os post do seu blog,
Roniere
Meu querido Colega e ex-aluno Roniere,
ResponderExcluircenário como tu descreves para ler minhas postagens neste blogue é no mínimo original. Espero este ano estar em São Luis Gonzaga.
A amizade e a admiração do
attico chassot
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirLimerique
ResponderExcluir"Gadjets" seja no sul ou na Amazônia
Bom alvitre que use com parcimônia
Pois tais aparelhos
Lhe dou um conselho
Poderão lhe causar terrível insônia.
Limerique
ResponderExcluir"Gadjet" na cama não é panaceia
Para interagir com sua plateia
Porque perder o sono
E ficar em abandono
Nunca foi ou será uma boa ideia.