O pôr-do-sol
do domingo de São Sebastião encontrou-me ouvindo Bach e folheando um dos muitos livros que foram
importantes quando escrevia, há 20 anos A
ciência através dos tempos. Lia, num momento que parecia mágico, ‘Livros que
revolucionaram o mundo’ de Robert B. Downs [Porto Alegre: Globo, 1977]. Nele são
apresentados 16 livros que trouxeram ideias tão vitais e candentes de autores —
por exemplo: Marx, Copérnico, Newton, Darwin, Freud, Hitler — que tiveram poderoso impacto na história da civilização (ocidental). Reler Downs levantou
pistas a uma dica de leitura de um próximo sábado.
Buscava reler
acerca de um dos livros mais importantes que ainda destaquei na ultima
terça-feira em Manaus: Ensaio sobre o Princípio
População. Obra revolucionária publicada em 1798, por um jovem de 38 anos, clérigo
da Igreja Anglicana, Thomas Robert Malthus. Uma síntese ligeira do livro: há
bocas de mais a alimentar, logo é preciso controlar os nascimentos. Um
contraponto a Malthus: em 1968, Paulo 6º edita a Humanae Vitae, com restrições
a contracepção.
Quem catalisou
a minha busca de Malthus foi Ruy Castro, com uma oportuna em bem humorada crônica
sobre infertilidade, publicada nesta sexta-feira, dia 18, na p. A-2 da Folha de
S. Paulo. Espero ter oferecido um aperitivo ao saboroso texto do articulista
carioca ao qual aditei ilustração.
Antes de
preliba-lo, atendo, com satisfação, aqui e agora, um pedido de um colega e amigo
muito querido. O filósofo Renato José de Oliveira, que comigo organizou Ciência, ética e cultura na educação
[São Leopoldo: Unisinos, 1998] pede divulgar entre estudantes e professores:
A
realização do I Seminário Internacional de Estudos Éticos e Retóricos em
Educação
~~
I SIEERE ~~
A
página do evento é : http://sieere.blogspot.com.br/
Um pouco de infertilidade A revista
"Human Reproduction", da Universidade de Oxford, na Inglaterra, acaba
de publicar uma pesquisa reveladora. Cientistas estudaram 26 mil homens pelos
últimos 17 anos e concluíram que o sêmen desses senhores piorou em quantidade e
qualidade. A taxa de espermatozoides por mililitro caiu em 32,2% no período
(significando bilhões de espermatozoides demissionários). Já a de
espermatozoides morfologicamente "anormais" — ou seja, sem cabeça, sem cauda ou que não
sabiam nadar — cresceu.
Como se não
bastasse essa quebra (provocada, segundo eles, por poluição, drogas, junk food,
obesidade, estresse e outras pragas modernas), há também os contraceptivos, que
podem tornar frustrante a vida de um espermatozoide. Como se sabe, dos milhões
de espermatozoides que saem nadando feito loucos numa ejaculação, só um vencerá
a prova — apenas para, ao bater a mão no ladrilho, descobrir que foi em vão,
porque, se a mulher usar pílula, por exemplo, não haverá um único óvulo na
piscina para fecundar.
Ou quando os
espermatozoides, depois de quebrar todos os recordes no nado de peito, dão de
cara com uma parede de látex — a
camisinha. Ou ainda, se for um "ato solitário", os infelizes
simplesmente cairão no abismo, quase sempre no vaso sanitário, e irão embora
com a descarga.
Os peritos em
fertilidade se preocupam. De minha parte, não vejo nada de muito grave. O mundo
já tem gente de sobra, e um pouco de infertilidade garantirá cidades mais
confortáveis, filas menores nos restaurantes e menos fãs do padre Marcelo.
O inexplicável
é que, apesar de tudo isso —espermatozoides meia-bomba, pílula, camisinha—, a
população não para de crescer. E, com toda a poluição, drogas, junk food,
obesidade e estresse de seus pais, as crianças estão cada vez mais altas,
saudáveis e bonitas.
"Caríssimo amigo e mestre Attico Chassot. Agradeço pela divulgação do I SIEERE.
ResponderExcluirCom relação a Malthus, devo dizer que ele não poderia prever que metade da comida produzida no mundo é jogada no lixo, segundo matéria recente da Globo News. Isso é mais chocante do que o pragmatismo chinês (um filho por casal) ou que o conservadorismo da Igreja Católica no que concerne às políticas de natalidade. Isso, o desperdício, tem nome: CAPITALISMO."
Concordo integralmente com o comentário do filósofo Renato Oliveira. O mal do mundo não é a falta de espaço, não é falta de alimento, nem o excesso de população. O mal do mundo é capitalismo selvagem que nos faz escravizar uns aos outros. Todo o mal vem do capital. Por detrás das drogas temos o interesse financeiro, alavancando a prostituição está o lucro sórdido do aliciador, a política se transforma em via de enriquecimento levando países inteiros a extrema miséria. Filhos matam pais, herdeiros se degladiam em pugnas amorais. Obras primas se perdem na história quando seus autores não acham o viés do mercador. Casamentos são pactos, e ao final o "meu bem" termina em "meus bens".
ResponderExcluirAbraços (gratuitos)
Antonio Jorge
Limerique
ResponderExcluirDescobriu-se que há infertilidade
Espermatozoides quase sem vontade
Diminuem os nascimentos
Vai devagar o crescimento
Mas quem ganha é a humanidade.