Ano 7*** PORTO ALEGRE Morada dos Afagos ***Edição 2345
Feliz
2013, uma vez mais... pois na verdade hoje começa o novo ano, nesta nossa
dicotômica classificação de dias úteis e de dias festivos, como se estes não
fossem úteis também. Ontem inaugurei o 30º volume de meus diários manuscritos,
sem faltar um dia desde 01JAN1983.
Já que agora estamos nos dias para valer, um excelente
texto de Dráuzio Varella, conhecido médico cancerologista abre as edições deste
blogue em 2013. Ele escreve aos sábados, a cada duas semanas, na versão
impressa de "Ilustrada", da Folha de S. Paulo, de onde trago o texto.
Mulheres e as guerras A
condição social das mulheres guarda relação direta com as guerras. Esse é o
tema de uma revisão científica publicada pela revista "Science".
Desde os primórdios da humanidade, os homens se matam nas
batalhas. Esqueletos desenterrados de cavernas pré-históricas exibem mais
fraturas na cabeça quando pertencem ao sexo masculino. No entanto, identificar
e separar fatores biológicos daqueles culturais envolvidos na gênese da
violência é tarefa intelectual de alta complexidade.
Até a década de 1990, os estudos ressaltavam que o
subdesenvolvimento, a falta de democracia, a existência de um grande número de
jovens desempregados e o nacionalismo estavam por trás dos conflitos armados.
Em 2000, Mary Caprioli, da Universidade de Minnesota
(EUA), surpreendeu os especialistas ao publicar um trabalho no qual relacionava
a posição subalterna da mulher na sociedade com as revoluções e as guerras
entre os países.
A afirmação enfrentou reações acaloradas porque
contrariava o conceito clássico de que o sexo feminino estaria associado à
maternidade e à vida em paz por razões evolutivas e por imposições biológicas,
como a baixa produção de testosterona.
Um dos principais críticos, Erik Melander, da
Universidade de Uppsala, decidiu testar essa hipótese a partir de uma avaliação
do status feminino em diversas sociedades, que levava em conta o sexo da maior
liderança do país, a proporção de mulheres no Legislativo e o número delas com
acesso ao ensino superior.
Para sua surpresa, os resultados não foram diferentes.
Estados em que as mulheres viviam oprimidas apresentavam índices mais altos de
prisioneiros políticos, assassinatos, desaparecimentos e maior risco de
envolvimento em guerras civis e internacionais.
O problema metodológico com esses estudos é que não
comprovam a relação de causa e efeito. A desigualdade entre os sexos poderia
ser simples consequência de outros fatores ligados ao comportamento violento:
pobreza, baixo nível educacional, fanatismo religioso e atraso cultural.
No livro "War and Gender" [(Guerra e Gênero), o professor americano Joshua
Goldstein abordou o seguinte aspecto: embora existam diferenças biológicas que
mantêm a mulher afastada dos campos de batalha — como os cuidados com a prole —,
elas sempre interagem com os valores culturais.
Segundo ele, os níveis de testosterona que aumentam
quando um homem ganha dinheiro, é promovido no trabalho ou ganha um jogo, não
explicam as diferenças bélicas entre suecos e paquistaneses, nem entre os
suecos de hoje e seus antepassados vikings. Em seus estudos, a visão que mulheres
e homens têm da guerra são muito mais semelhantes do que se imagina.
Diante da pergunta: "O conflito árabe-israelense
deve ser resolvido pela via militar ou diplomática?", as escolhas de
mulheres e homens israelenses, egípcios, palestinos e kuwaitianos foram
praticamente iguais.
Quando os mesmos participantes responderam se era mais
importante mandar para a escola um menino ou uma menina, as preferências
machistas estavam tão associadas à beligerância, que o autor concluiu: "É
possível prever quando uma pessoa optará pela guerra ou pela paz entre árabes e
judeus, com base apenas no que pensa sobre igualdade sexual".
Conclusões similares foram tiradas nas pesquisas sobre
preconceitos étnicos: sociedades em que as minorias são discriminadas têm maior
probabilidade de envolver-se em guerras externas e internas.
Mesmo quando elas eclodem, países mais igualitários
tendem a fazer as pazes com mais facilidade.
Avaliando a expectativa de vida das mulheres em relação à
dos homens e a proporção de matrículas na escola secundária entre os dois
sexos, existentes em 124 países em guerra civil, no período de 1945 a 2000,
Ismene Gizelis, da Universidade Essex, no Reino Unido, demonstrou que as
iniciativas de pacificação das Nações Unidas obtiveram mais sucesso nos Estados
em que existia maior igualdade entre os sexos, antes do começo da guerra.
Baseado nesses estudos, ao falar sobre a necessidade de
medidas para promover ascensão social das mulheres, o Secretário-Geral da ONU,
Kofi Annan, declarou em 2005: "Eu diria que nenhuma política é mais
importante na prevenção das guerras ou para impor a paz quando um conflito
chega ao fim".
Chassot,
ResponderExcluirBem interessante esse estudo que é facilmente contrariado se levarmos em conta que o país mais belicoso do Planeta no momento é os EUA. Naquele país as mulheres alcançaram o maior índice de igualdade entre os sexos e os homens continuam tão guerreiros como qualquer homem de tribo machista e inculta do Paquistão. Talvez a conclusão do estudo tenha só levado em conta outros países que não os EUA. Parabéns pela postagem e abraços, JAIR.
Limerique
ResponderExcluirEntão os homens iam à guerra
As mulheres cuidavam da terra
Como eram guerreiros
Mexiam em vespeiros
Porque bom cabrito não berra.
Caro Attico,
ResponderExcluirfiquei preocupado na noite de ontem, ao tomar conhecimento do movimento climático durante a virada do ano em Porto Alegre. Creio que não houve problemas contigo, não?
Grande abraço e os votos de um grande 2013!
Paulo Marcelo
Meu querido Paulo Marcelo,
Excluirobrigado por tua atenciosa preocupação. Como tu, soube do ‘vendaval’ em Porto Alegre pela imprensa.
Agradeço e retribuo teu votos de que tenhamos um bom 2013, no qual ao lado dos augúrios usuais aditemos uma continuada parceria intelectual.
Com estima e admiração
attico chassot
Limerique
ResponderExcluirPorque seu homem pega em arma
A mulher se conforma: é meu carma
Fica amainando a terra
Com o marido na guerra
Cheio de piolhos, feridas e sarna.
Interessante observar que na época dos bárbaros as mulheres adquiriram certos direitos como por exemplo o de fazer determinados negócios com a propriedade, assumir determinados compromissos. Avanço na consciência da igualdade dos sexos? Bobagem, puro interesse machista, como eram povos guerreiros estavam sempre ausentes nascendo assim a necessidade de outorgar mais poderes as esposas que ficavam com a responsabilidade da administração das propriedades.
ResponderExcluirabraços
Antonio Jorge