¡Há um dragão na
minha garagem! Quando, especialmente em sala de aula, se discute História
e Filosofia da Ciência, de vez em vez, a
questão do ônus da prova aflora nos debate especialmente quando olhamos
os diferentes óculos [ciência, mitos, pensamento mágico, religião, saberes
primevos, senso comum] para ler o mundo e entre estes comparamos religião e ciência.
Na semana passada recebi um texto acerca do tema de Silvia Regina Gobbo,
uma respeitada paleontóloga, que já em várias oportunidades brindou os leitores
deste blogue com sábios comentários. Assim, nesta quarta-feira, com esta
produção se constrói a blogada de hoje.
Ultimamente temos visto uma série de criacionistas que se acham muito
“filósofos”, mas que cometem alguns erros básicos de argumentação. Um deles é a
questão “de quem é o ônus da prova”. Bem o ônus da prova é de quem AFIRMA A
EXISTÊNCIA DE ALGO. Assim se você afirma a existência de um dragão na sua
garagem, cabe a você o ônus da prova. Pode ser também um coelhinho da páscoa,
um duende, orcs, hobbits, o que você quiser... se você afirma a existência o
ônus da prova é seu.
Eu posso afirmar que o Papai Noel não existe E NÃO PRECISO PROVAR, porque
simplesmente não existem EVIDÊNCIAS que me levem a propor a hipótese deste
ser... Mas se você afirma a existência, o ônus da prova é seu.
Da mesma maneira é quanto ao tema “o universo tem um propósito?” Não
existem evidências de que o universo tenha um propósito então cabe a quem
afirma que o universo tem um propósito provar esta afirmação. O mesmo vale para
a existência ou não de Deus(es). A quem afirma a existência é que cabe o ônus
da prova.
Guilherme de Ockham, teólogo e filósofo já dizia isso na Idade Média...
por isso ele propunha que uma crença em uma divindade é uma crença fideísta,
baseada apenas em fé. E que aquele que tem fé nem se preocupa com provas. É uma
questão de honestidade. Assuma sua crença, simplesmente por fé, não tente
convencer outras pessoas da sua crença pessoal e nem queira utilizar a ciência
para resolver esta questão. Se a hipótese não é falseável então não pode ser
nem ser considerada uma hipótese científica. Tenha a sua fé numa boa, mas deixe
a ciência fora disso.
Sucinto e verdadeiro. Quem precisa provar que Deus (Akenathon, Odin, Alá, Monstro de Espaguete Voador, etc) existe pela Ciência está mostrando que sua fé é flébil. Eu não tenho fé, mas respeito e admiro quem tem. O problema é que quem tem fé é respeitado, já quem não tem...
ResponderExcluir[Isso em nossa sociedade, é claro. Em outras quem tem uma fé diferente é lapidado, esfolado, imolado...]
O eterno debate que sempre se "renova" e segue com os mesmo argumento. Quem crê em Deus ou Deuses o faz apenas por fé, e esta não precisa ser provada, e quem não acredita, não necessita provar para quem acredita que acredita que ele está certo. Cada um na sua.
ResponderExcluirTal como São Tomé o ser humano sente a necessidade extrema de ser superior. A busca pelo inexplicável, o conflito criador criatura sempre existiu e existirá . Seneca disse uma vez, " O ser humano é o único animal que tem consciência de fim." . E por esta peculiaridade que convivemos em eterno conflito. A fé é perene, é tranquila como o leito do riacho que segue seu curso independente de eventuais obstáculos. E quando os encontra revolve-se e os transpõe seguindo mais a frente tranquila no seu caminho. Ter fé, é acreditar que a vida vale a pena. É saber que, apesar de sermos unidades biológicas insignificantes em relação ao universo, não estamos sozinhos, há um arquiteto maior dono desta obra.
ResponderExcluirInfeliz daquele que não tem fé.
abraços
Antonio Jorge
Caro Antonio Jorge, você escreveu "Infeliz daquele que não tem fé". Eu não sei se quem não tem fé é um infeliz. O conceito de felicidade é uma coisa tão fugidia... O que é ser feliz? Pelo pouco que entendo deste mundo eu vejo tanto crentes quanto descrentes infelizes... e felizes. Felicidade é um estado passageiro, que ora está na nossa vida ora não está. Todos experimentamos MOMENTOS de felicidade e infelicidade... Acho que não lhe cabe o direito de julgar quem tem ou não fé e se esta pessoa é feliz ou infeliz.
ExcluirEu penso assim: Alguns tem a necessidade de ter fé, outros não. Para quem tem a necessidade de crer em algo, sim, a fé lhes dá prazer e alegria. Mas quem não tem necessidade de crença, não sente a menor atribulação por não crer, não sente falta disso. Pode parecer estranho de início para você, mas não é para outros.
Só preste atenção porque, ao achar que quem não tem fé é um infeliz, você, sem perceber, está sendo preconceituoso contra quem não tem fé.
Não vejo mal algum na fé, mas também não vejo mal algum no agnosticismo ou ateísmo. São escolhas pessoais e, no meu entender, intransferíveis.
Limerique
ResponderExcluirEra um Planeta em forma de globo
Contudo, quase repleto de bobo
Criacionistas de montão
Gente sem a menor noção
Felizmente lá morava Regina Gobbo.
Estimada Sílvia,
Excluirolha a linda e poética homenagem que recebe do Jair Lopes no blogue de hoje.
Um afago,
achassot
Adorando a poesia, rsrsrsr
ExcluirObrigada, Jair!
**corada**...
A própósito há um mês ganhei um livro, cujo título é "A ciência descobre Deus". Uma colega de trabalho ao perceber que questiono certas posições sobre a fé, me presenteou dizendo que com a leitura poderia mudar minha posição. O livro é de um cientista que tenta mostrar por evidências e realizações científicas, a existência de Deus.Para isso recorre à História das Ciência para tentar alcançar sua empreitada. Confesso que gostei do livro justamente pelo mergulho na História da Ciência com exemplos bem interessantes e situados no tempo e espaço. Mas, no fundo, achei que estava recorrendo e apelando à "autoridade" da ciência e do prestígio que cientistas gozam na sociedade, para justificar a existência de Deus. Alan Chalmers, em O que é ciência, afinal?, escreve: “Qual é a base para tal autoridade?”.
ResponderExcluirIvanildo Lima
Ciência e Religião: cientistas, teólogos e filósofos debatem descobertas científicas e crenças religiosas, este é o extenso nome do segundo livro anunciado para ajudar-nos na proposta de conhecermos as relações entre História da Ciência e Religiões. Historia natural da religião é da autoria do filósofo e iluminista escocês David Hume (1711-1776).
ExcluirVale conferir.
Saudades do nosso encontro na REAMEC
attico chassot
Bem, Ivanildo, eu desconfio de coisas que colocam o nome ciência em um apelo à autoridade...
ExcluirA ciência descobre Deus? Como? As pessoas costumam confundir o fato de que cientistas podem ter crença, COM COMPROVAÇÕES PELO MÉTODO CIENTÍFICO.
Se eu encontro um livro com o título "A ciência descobre Deus" EU ESPERARIA, no mínimo, que fosse algo relacionado ao método científico, se não é, então o título do livro está equivocado, propositalmente ou não...
Conheço histórias de grandes cientistas que eram crentes devotos, Dobzhansky, por exemplo, Francis Collins (o coordenador do Projeto Genoma), Frei Guy Consolmagno (astrônomo do Vaticano), etc, etc... pessoas que são cientistas, crêem MAS NÃO USAM DO FATO DE SEREM CIENTISTAS PARA COMPROVAR a existência de Deus ou para falar de religião.
Não dá para jogar xadrez com as regras do pôquer, assim como não é possível utilizar método científico para falar de divindades...
Limerique
ResponderExcluirDuvidar DELE é pura bobagem
ELE é real, não uma miragem
Está na escritura
ELE é criatura
O homem O criou à sua imagem.
O conceito de Falseabilidade, proposto por Karl Popper nos anos 1930, foi duramente críticado por Feyerabend, segundo este autor "nenhuma teoria interessante é sempre consistente com todos os fatos relevantes". Isto rejeitaria a ingênua declaração da falseabilidade sobre as teorias científicas que devem ser recusadas se não concordarem com os fatos conhecidos.
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