Ano 6 *** Mendoza/Buenos Aires *** Edição 1999
No
começo desta manhã estaremos deixando Mendoza, para vencidos cerca de 1.000 km,
por via aérea, estarmos em Buenos Aires, antes do meio-dia. Nosso sábado mendocino
foi muito gostoso, mesmo que os jornais digam ‘estarmos en un enero que quema’. Não sei se para abrandamento do
calor, mas aqui vi algo inédito: no café matinal o hotel disponibiliza
espumante. Isto certamente faz parte do culto a Baco que referi ontem.
Desde
a manhã e até meia tarde curtimos a parte central da cidade com nossa amiga
venezuelana Loreto. Encantou-nos a arborização da cidade. Recordando o que
comentava ontem, ter sido esta região desértica, ver todas as ruas com
imponentes árvores como salso chorão, plátanos e outras é salutar a impressão
de sempre estarmos em tuneis verdes.
Outro detalhe que também já referi, mas que
neste sábado vi mais atenção são os canais que correm em ambos os lados de cada
pista de rolamento dos automóveis. Como é uma cidade que praticamente não chove
toda a vegetação que cresce junto a estes canais, parece ser consentida. Lembrei-me
de uma citação que diz: “O que é inço para alguns, pode ser flor em meu jardim”,
Há impressão, que as árvores que são muito cuidadas, se inclinam, qual animal,
para beber água nos canais.
Por
cerca de duas horas visitamos o Museu histórico da municipalidade de Mendoza. Este
museu nasceu como resposta à necessidade de expor e conservar os restos
arqueológicos encontrados entre 1989 e 1991 nas escavações realizadas no antigo
“Cabildo” (Casa de Governo) de Mendoza e de sucessivas construções no mesmo sítio.
Também desempenha uma função como centro de desenvolvimento das atividades
culturais do centro histórico da cidade. Tivemos no museu uma excelente aula
que se iniciou com detalhes da história pré-colombiana, especialmente da
chegada e dominação dos Incas, depois a chegada dos espanhóis que 1561
iniciaram a construção e detalhes do terremoto de 1861, seguido de três dias de
incêndio e depois inundações, quando a população de cerca de 15 mil habitantes
ficou reduzida a cerca de dois terços.
Em
redor deste Museu, localizam-se outras construções históricas que também foram
escavadas e exibidas: a Antiga Fonte da Praça — nos subterrâneos da qual
fizemos uma muito significativa visita — e os restos do Ex-Convento e Iglesia
Jesuítica (Igreja Jesuíta) conhecidos atualmente como “Ruinas de San
Francisco”.
Nossa
caminhada teve uma interrupção para uma cerveja Andes e a companhia com
Loreto se encerrou com um almoço pelas 16h. Então celebramos um estar juntos
nestes três dias resultante de ‘uma acidental’ proximidade de assentos na
viagem transandina. Realmente é inexplicável entender o ‘mistério dos encontros’.
No
final da tarde fiz ainda uma caminhada até o extenso Parque San Martin, cuja
área é bem maior que a parte central da cidade. Meu objetivo era visitar o
magnífico conjunto de portões, pois seguindo um costume europeu de jardins e
parques, foram adquiridas um conjunto de uma firma da Escócia.
O
conjunto é composto por três portões de ferro, duas folhas cada, conectados por
portas. A abertura de acesso principal tem 6,30 m de largura por 6,70 m de
altura e 3,90 m do lado de largura por 4,71 m de altura. Os portões são
montados sobre uma base de pedra (granito) de 0,85 m de altura. O conjunto tem
um comprimento de 31,50 m e seu ponto mais alto 9,40 m altura.
Assim
esta domingueira se faz deste breve relato que é quase uma despedida da agradável
Mendoza. Um bom domingo a cada uma e cada um.
Uma boa chegada à terra de Jorge Luis Borges!
ResponderExcluirMuita Paz!
Caro Chassot,
ResponderExcluirMinha experiência de Mendoza resume-se a viagem que fiz logo depois da malfadada aventura da ditadura militar da Argentina, aquilo que se convencionou chamar "Guerra das Malvinas". Os citadinos estavam entre perplexos, assustados, tristes e jubilosos, não era um bom clima, de modo que meu olhar sobre a cidade ficou prejudicado. Você nos traz uma olhada muito mais otimista e turística que me faz sonhar em voltar aí de novo. Parabéns pela blogada, JAIR.
Prezado Mestre Chassot!
ResponderExcluirDepois de alguns dias novamente em Concordia, para um casamento de sobrinha, me conecto novamente para ver tua jornada argentina. Tenho curiosidade em conehcer Mendoza, e vejo que pelos teus relatos há muitos lugares interessantes para se descortinar. Interessante tambem o que relatas sobre detalhes da história pré-colombiana no museu. Incitou mais ainda minha curiosidade. Abraço e Bom Retorno. JB