Ano 6 ***
Frederico Westphalen ***
Edição 1989
Acerca
destas viagens que meu estar na URI tem me ensejado, para que meus ‘diários de
bordo’ não sejam monótonos há sempre ineditismos. Ontem, não fui acordado/não
acordei (bom exemplo de voz passiva/ voz ativa) em Frederico Westphalen e só
fui chamado em Iraí, ponto final do ônibus.
Na
minha última vinda para cá o destino final era Foz de Iguaçu. Então, um retorno
emergencial seria mais complicado. Ontem, esperei 40 minutos e tomei um pinga-pinga com destino a Uruguaiana. Em
um pouco mais de 30 minutos ele fez os 30 quilômetros que percorrera a mais
desde Frederico Westphalen e que significou chegar ao hotel duas horas depois
do previsto.
Mas
esta ida imprevista a Iraí ensejou ao margear por um tempo o Rio da Várzea, com
dezenas de tendas com
artesanato indígena, na rodovia. Afloraram algumas recordações. Há 50
anos (DEZ1961 ou JAN1962) fiz uma viagem de jeep com o Eng. Agr. Péricles Pinto
da Silva, irmão de meu colega do Colégio Jacob Renner, Prof. Pedro. O Péricles
estava em atividade profissional da Secretaria da Agricultura. Recordo que fiz,
então, um diário de bordo, que depois datilografei com a Remington que comprei
com salários de meu primeiro ano de magistério. O relatório (que ainda possuo)
tem um mapa com o roteiro de ida e volta (com percursos diferentes) Montenegro/Irai/
Montenegro. Foi, então, que frui, pela
primeira vez banhos em águas termais, quando o balneário tinha 25 anos. Foi um
passeio memorável com alguém que desde então não tenho notícias.
Como,
ontem, de repente — por obra e graça do deus Morfeu: o filho de Hipnos, que
cuida de nosso sono — estava em Irai, com este imprevisto teço a blogada de
hoje. Isto oferece uma oportunidade a meus leitores de visitar comigo um pouco Iraí,
já muito importante no turismo gaúcho. Iraí é um município conhecido como
estância hidromineral. Suas águas minerais termais são recomendadas como método
terapêutico por médicos e especialistas e atraem visitantes de todo o Brasil e
de países vizinhos.
Em
meados de 1893, um grupo de partidários da Revolução Federalista, cruzou as
terras pertencentes ao então município de Palmeira das Missões, rumo às
barrancas do Rio Uruguai. Nos primeiros tempos estes refugiados enfrentaram
dificuldades por estarem isolados de qualquer núcleo populacional. Numa das
suas incursões em busca de alimento, encontraram um local às margens de um
arroio, com várias fontes quentes e frias que brotavam com grande força e cujas
águas traziam um cheiro característico, atraindo, devido às suas qualidades,
grande quantidade de animais de caça. Inicialmente denominaram o local das
fontes de Barreiro do Mel, pois a margens deste arroio era cercada de colmeias.
Como em todo alto Uruguai, a região em que se localiza este município foi
primitivamente habitada por Índios. Estes denominavam esta região por Irahy que
na língua indígena significa: ira=mel e hy=água, tradução literal Águas do Mel.
Termo que mais tarde seria adotado como nome do município.
Mais
tarde, ao redor daquele local onde havia fontes naturais, no dia 20 de setembro
de 1935, foi inaugurado o centro de tratamentos crenoterápicos Balneário
Osvaldo Cruz, denominado assim em homenagem ao famoso médico sanitarista
brasileiro. Na época o mais moderno da América Latina no ramo de prestação de
serviços de crenoterapia, objetivando melhor qualidade dos serviços e o
atendimento de um maior fluxo/dia de clientes. Sua edificação em concreto
armado e formato cilíndrico, lembrando as antigas arenas romanas, foi
estrategicamente planejada para suportar as grandes enchentes verificadas na
várzea do Rio do Mel, próximo de onde o prédio do balneário foi construído,
mais especificamente sobre a sua fonte principal de água mineral.
Rio
Uruguai dista da cidade 2 quilômetros e faz divisa natural com o Estado de
Santa Catarina; na região é navegável somente para barcos de pequeno calado;
existem espécies de peixes como: Surubi, Dourado, Piaba, Tainha, Cascudo,
Jundiá, Lambari e outros. Nas imediações há dois rios que têm como foz o Rio
Uruguai: Rio da Várzea e Rio do Mel; foi através deste rio que os desbravadores
primitivos chegaram até as fontes termais; dista da cidade de Iraí 200 metros.
Deixo
de falar acerca do seminário de Teorias
do conhecimento e Educação. Hoje pela manhã e a tarde (assim como amanhã)
tenho novas atividades. Dois anúncios: amanhã este blogue dará voz ao Prof. Guy
Barcellos em sua terceira crônica estadunidense e no sábado uma importante
resenha: O Cemitério de Praga, de
Umberto Eco.
Aqui
em Frederico Westphalen vejo mais intenso o clamor por chuvas. Sonhamos que
venham.
Aguardo ansiosamente por sábado. Estou lendo O cemitério de Praga, a pequenos goles é preciso dizer.
ResponderExcluirMuita paz, Attico amigo!
P.S.:Eis aí uma identificação interessante. Se me permite, a partir de hoje irei me referir a ti como Attico amigo, ao invés estimado, prezado, ou outros que as vezes soam com certa distância inevitavelmente!
Caro Attico,
ResponderExcluirpara nós, leitores, Morfeu foi bastante providencial, já que nos oportunizou conhecer um pouco mais da geografia e história de parte do Sul do país.
Creio que os índios da região descendem dos guaranis, não?
Abraçõs,
PAULO MARCELO
Caro Chassot,
ResponderExcluirTalvez o "deus das termas" o tenha levado até Iraí para que você nos proporcionasse esse belo texto. Abraços e boa estada por aí, JAIR.
Caro Chassot,
ResponderExcluirparece que os deuses da mitologia grega te aplicaram uma peça; como resultado, fizeste uma blogada, como costumas chamar, com tema do cotidiano: ficou ótima, especialmente porque mostraste que de um limão é sempre possível fazer uma excelente limonada (ou seria melhor caipirinha?).
Um abraço,
Garin
Muito caro amigo Cristiano,
ResponderExcluirhonra-me o vocativo recebido.
O fato de estares lendo ’O cemitério de Praga’ valoriza a blogada de sábado.
Com estima
attico chassot
Meu caro Paulo Marcelo,
ResponderExcluirque bom que vês positiva a travessura de Morfeu.
Os indígenas da região são Kaingangues oi Caingangues
Um abraço da tórrida e seca Frederico Westphalen,
attico chassot
Meu caro Jair,
ResponderExcluirque bom que o filho de Hipnos tenha se acolherado ao deus das termas nessa travessura que redundou em uma blogada imprevista.
Com estima
attico chassot
Meu caro Garin,
ResponderExcluiraos deuses a caipirinha preparada em cuia do artesanato Kaingangue,
um abraço da seca Frederico Westphalen
attico chassot
EDU
ResponderExcluirProfessor Attico sua referência a seca na região foi lida , além de todo seu conhecimento, está fazendo até chover..
Meu caro Edu,
ResponderExcluirno blogue de hoje — recém cheguei — registro minha admiração por teus fazeres,
Com estima
attico chassot
Professor Attico,
Excluireram 15hs ontem, quando conseguimos a vaga na CTI em Passo Fundo.Mesmo com ordem judicial, o governo do estado comprando uma vaga, todas CTIs neonatal do estado, particulares ou não, estavam lotadas.
Um recém nascido foi ao óbito, assim houve a vaga. É o caos ... mas teremos Copa do MUundo, Olimpiadas e....
Minha admiração por você e obrigado por ter compartilhado seus conhecimentos no Mestrado de Educação
Edu