Ano 6 *** Mendoza *** Edição 1998
A
edição deste sábado, por ocorrer em período de viagem de férias, deixa de
responder à usual formatação sabatina: dicas
de leituras, para se fazer em memórias
de um viajor. E nesta dimensão conta de uma sexta-feira que foi de reder
glórias a Baco.
Como
contei aqui ontem, estamos, desde quinta-feira, depois de fazer a travessia
transandina vindos de Santiago, em Mendoza. Ela é capital e a maior cidade da
província de Mendoza, na Argentina. Localiza-se no oeste do país, nas bordas
dos Andes, e é um importante polo de produção de vinho e azeite. Dista um pouco mais de 1.000 km
de Buenos Aires.
A
cidade que se estende em uma região que antes era desértica, continuação da
Cordilheira dos Andes, possui uma excelente arborização, com muitas árvores,
regadas por canais pequenos que funcionam junto
a muitas ruas, mesmo nas mais centrais, proporcionando a irrigação necessária.
Segundo
o censo de 2001, a cidade conta com aproximadamente 110.993 habitantes, o que
representa uma baixa demografia em relação aos 121.620 habitantes do censo de
1991. Este estancamento é produto da inexistência de lugares que permitam o
crescimento da população, ao que se soma uma tendência geral da população a
abandonar o centro, o qual é ocupado por oficinas e comércios. A Grande
Mendoza, por sua vez, é quase 8 vezes maior e apresentou um crescimento
populacional de 10%. A cidade de Mendoza é a quarta cidade da Argentina em
quantidade de habitantes no conjunto urbano.
A
província de Mendoza possui mais de 1.200 bodegas (que nós usualmente chamamos
de vinícolas) produzindo uma diversidade de
vinhos dos mais populares aos mais sofisticados. Estas bodegas produzem tem sua
matéria originada de 70% do vinhedo argentino e é responsável pela exportação
de 20% do vinho que a Argentina produz. Devemos
convir que se nos transportássemos à Grécia antiga aqui seria a terra do deus
Baco.
Incluída, pela primeira vez, esta região em
nossas férias, era natural que incluíssemos tour enológico. Este acompanhou a
sugestão de Loreto, a amiga que ganhamos na travessia transandina de quinta-feira.
O tour, no qual nos integramos tinha 12 pessoas (argentinos, australianos,
italiano, venesuelano e brasileiros) teve quatro momentos — os primeiros visita
a três bodegas —, organizados com muita propriedade. Trago de cada um breve relato.
1º) Bodega Navarro
Correa — uma grande
vinícola — cuja história se origina na metade do século 19, com don Juan
de Dios Correa plantando vides aos pés da cordilheira. Por mais de 100 anos a
família Correa produziu vinhos. Desde 1996 a vinícola é de propriedade da
Diageo, uma das maiores multinacionais do ramo de bebidas do mundo. Na visita
recebemos informações significativas da produção de uvas e sua transformação em
vinhos. Numa parte da visita descemos por escada caracol 45 degraus, para estar
em um subterrâneo que abriga 5.000 barricas de carvalho, com 225 litros de
vinho cada. A produção maior é de Malbec e o tempo de armazenamento nas
barricas varia em função de ser Reserva (1 ano) Grande reserva (1,5 anos).
Tivemos oportunidade de degustar em espumante de duas variedades de vinhos
tintos.
2º) Bodega Família
Cecchin uma pequena vinícola familiar, que tem nos rótulos de sua
produção uma adequada síntese: ‘agricultores, artesãos e artistas’. Orgulha-se
em produzir um vinho certificado como ‘vinho orgânico’, isto é não ter nenhum produto
químico agrotóxico. Somente usam fertilizantes naturais, como o esterco dos
cavalos que aram as vinhas. Don Jorge Cecchin, hoje com 87 anos, fundador da vinícola,
mora na propriedade e continua comandando a produção de Malbec. Também aqui tivemos
verdadeiras aulas acerca da produção artesanal de vinhos e podemos degustar
algumas diferentes produções.
3º) Bodegas Cavas
de Don Arturo está situada no belo vale Lunlunta, Maipú, reconhecido mundialmente
como um local de excelência para produção de vinhos. É uma vinícola em proposta
e em aparatos tecnológicos intermediária entre as duas anteriores. A visita
teve esta marca e as explicações também foram muito preciosas. A degustação
envolveu uma variedade de Malbec.
4º) Restaurante Cava
Cano terminamos nosso tour com um almoço que lembrou um pouco o
filme ‘Festa de Babete’, O restaurante que produz seu próprio vinho, tem em sua
entrada diferentes variedades de videiras. O restaurante está em uma mansão que
foi de um Governador de Mendoza e está toda decorada com um típico do gaúcho do
pampa argentino. O cardápio servido em tão acolhedor ambiente é indescritível.
A entrada era uma mesa com dezenas de variedades de queijo, embutidos,
conservas diversas. Depois havia empanadas, um prato de risoto, depois massa e
ainda sobremesa.
Parece não restar dificuldade em perceber que este foi um
excelente dia de férias. Hoje seguimos aqui em Mendoza.
Caro Chassot,
ResponderExcluirtua blogada de hoje me deixou com água na boca. Votos de um sábado repleto de visões e sabores requintados.
Um abraço. Garin
Caro Cahasot,
ResponderExcluirTeu périplo baquiano (baquiano de Baco, não bachiano de Bach) enche de água na boa os enólogos que não podem desfrutar tais sabores. Carpe Diem! JAIR.