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terça-feira, 30 de agosto de 2011

30.- Mais machismo preconceituoso


Ano 6

PORTO ALEGRE

Edição 1853

A cruenta história trazida ontem mereceu a seguinte resposta a um dos comentários: "encantei-me com tua proposta e seria dado a abrir manchete: ‘Teólogo, propõe a canonização de Severina’. Seria edificante: a mulher que pagou para matar o pai, reconhecida como ‘modelo de santidade’. Não deixaria de se significativo invocar Santa Severina, como exemplo de mulher que tendo perdido ‘o pai-protetor’ o descartou enquanto ‘pai-agressor’. Realmente é pertinente a pergunta: ¿por que homo sapiens, quando temos estas cruentas provas do homo bestialis?

Se ontem tivemos um exemplo do machismo que impera dolorosamente em alguns lares – e talvez, mais extensamente do imaginamos –, hoje trago um machismo muito presente na academia e denunciado repetidamente nas palestras e no livro A Ciência é masculina? É, sim senhora!

A propósito, apresento a nova capa da 5ª edição de A

Ciência é masculina? É, sim senhora. No sábado, na Fundação Santo André, foi a primeira ‘circulada’ da nova edição. A edição tem nova cor na capa e foi revisada e ampliada, passando de 110 para 134 páginas. O ISBN agora é 978-85-7431-448-8. A resposta à pergunta título esta agora na capa. Na dedicatória onde antes dizia “Para Maria Antônia, minha neta que, afortunadamente, será mulher em novos tempos” tem agora esta redação: “Para Maria Antônia e Maria Clara, minhas netas que, afortunadamente, serão mulheres em novos tempos”. Esta dedicatória continua a mesma na segunda parte: “Para Gelsa, minha companheira, cujo fazer acadêmico, ajuda a chegada destes novos tempos”. Renovo aqui, meu reconhecimento à Editora Unisinos, especialmente ao esmero e a competência de seu editor professor Carlos Alberto Gianotti.

Em www.clicrbs.com.br/especial/rs/donna foi publicado Mulheres não se interessam por ciências exatas devido ao romance, diz estudo e a explicação para isso estaria nos papéis tradicionalmente associados aos gêneros. Eis mais uma maneira rasa de se justificar preconceitos:

Um estudo da University at Buffalo, dos Estados Unidos, apontou que, quando uma mulher está interessada em romance, ela se distancia dos estudos acadêmicos e perde o interesse em atividades relacionadas a ciências, tecnologia e matemática. As informações são do site Eureka Alert.

A pesquisa foi conduzida para determinar por que as mulheres, que têm conquistado grande espaço nos campos da educação e do mercado de trabalho, ainda não se destacam nas ciências exatas. Os resultados são descritos em artigo a ser publicado no próximo mês, no periódico especializado Personality and Social Psychology Bulletin.

Segundo o estudo, se os interesses românticos da mulher são despertados, seja por questões sociais ou pessoais, ela se volta mais para as artes e as línguas. O comportamento não foi identificado nos homens pesquisados.

A coordenadora do estudo, a professora de psicologia e PhD Lora Park, explica: “Uma razão para isso pode ser o fato de que buscar objetivos em campos masculinos, como as ciências exatas, entra em conflito com objetivos românticos tradicionalmente associados aos gêneros.”

Park lembra que, na cultura ocidental, há papéis muito definidos sobre como os gêneros masculino e feminino devem agir, quando o assunto é relacionamento. De acordo com a pesquisadora, mulheres que obtêm sucesso em campos "masculinos", como as engenharias, são rechaçadas. Por outro lado, homens que ocupam posições incongruentes a seus gêneros não sofrem o mesmo grau de discriminação.

Temos ainda muito a caminhar. Não somos machistas por acaso. Fomos construídos assim. Pesquisas como estas são passos para trás na sonhada busca por novos tempos. Nestas constatações – nada auspiciosas e muito reducionistas (ou ingênuas) – os votos de uma boa terça-feira e convite para nos lermos amanhã no ocaso de agosto.

10 comentários:

  1. Olá professor, bom dia! Voltamos a nos falar a partir de uma sala de aula... Este semestre, falaremos na turma de Pedagogia, sexto período, que cursa a disciplina Fundamentos Teórico Metodológicos de Ciências II. São 27 estudantes discutindo Educação Científica.Discordamos do ponto de vista apresentado na pesquisa que você cita, pois na sociedade em que vivemos atualmente o machismo, apesar de ainda existir, não é mais pertinente. A hierarquização entre os gêneros não é mais viável e nem mesmo aceitável. Com votos de uma boa terça feira!

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  2. Bom dia, Mestre!
    A ciência, as religiões e as nossas sociedades foram construídas em bases machistas, pois este era o comportamento dominante desde o início da nossa civilização.
    Só bem recentemente, deixaram de ser tão isolados os exemplos da iniciativa feminina e da aceitação masculina por um papel mais amplo da mulher na nossa sociedade, além do tradicional de mãe e esposa.
    Mas, como em outras mudanças evolutivas do comportamento humano, sempre haverá atos e palavras apoiando o preconceito!
    Mas, afinal, já estivemos pior!
    Abraços!

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  3. Caro Chassot,
    Temos que considerar que há um componente evolutivo na "especialização" dos gêneros. Fêmeas com a lado direito do cérebro mais ativo em relação ao esquerdo estão obedecendo a uma imposição que as capacita a serem muito melhor aparelhadas para arcar com o trabalho de "carregar o piano" na perpetuação da espécie. Aos machos cabe outros afazeres, em geral mais leves. Veja bem aqui não existe nenhum viés machista, no frigir dos ovos me considero feminista, apenas não podemos afirmar que os gêneros são "iguais", aí estaríamos nivelando as mulheres a nós os quais somos mais fracos que elas. Outra coisa, a natureza é sábia, não fez os dois gêneros iguais para facilitar a atração, já viu como o leão é diferente da leoa? Eu não gostaria de casar com uma mulher com aparência ou comportamento de homem. Abraços, JAIR.

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  4. Caro Chassot,

    pois é, até as pesquisas 'científicas' são direcionadas pela problematização que lhes propomos. Se queremos descobrir algo é só apontar para lá. Não conheço a pesquisa, mas entendo que a metodologia acaba determinando os resultados. Assim é possível provar, 'cientificamente' a superioridade de um ou de outro gênero: basta mexer na problematização e adotar os 'métodos' adequados.

    Por favor, assim não dá!

    Um abraço,

    Garin

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  5. Muito querida Cristhiane,
    primeiro saúdo teu retorno. Que bom que vamos retornar os “Diálogos de Aprendentes” Há combinações a fazer.
    Claro que na pesquisa há simplificações que nos leva a rejeitá-las.
    Um afago com saudades
    attico chassot

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  6. Meu caro Leonel,
    a chegada a novos tempos é uma caminhada com avanços e retrocesso. Estamos aprendendo e parece que estamos fazendo a nossa parte. É preciso dar-nos conta que há preconceitos milenares a vencer.
    Obrigado por esta parceria em busca deste novos tempos.
    Com estima e admiração
    attico chassot

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  7. Meu caro Jair,
    claro que a proposta de igualdade entre homens e mulheres não pressupõem ignorar que somos de gêneros diferentes. Ali[as nossa luta passa pelo respeito as diferenças está muito bem posto no que escreves no teu blogue de hoje.
    Com admiração
    attico chassot

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  8. Meu estimado colega Garin,
    as pesquisas muitas vezes mostram o que se quer mostrar, especialmente aquelas que envolvem sentimentos ou percepções.
    Com admiração agradeço teu comentário
    attico chassot

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  9. Caro amigo,
    Espero que você faça boa viagem até POA e tenha um maravilhoso final de semana!
    Abraço grande,
    Flávio
    (Univali)

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  10. Muito estimado amigo Flávio,
    primeiro celebro tua primeira visita a este blogue, agradecido que em meio aos transtornos catalisado pelo Piquet guarapuavano tenha ganho um amigo: isto é muito bom.
    A volta com o Luis – o mesmo que te trouxe – foi outro departamento.
    “Histórias íntimas: – Sexualidade e erotismo na história do Brasil” é a dica sábatica de hoje.
    Na alegria de podê-lo chamar de amigo, votos de um bom resto de fim de semana
    attico chassot

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