Ano 6 | SÃO BERNARDO DO CAMPO | Edição 1850 |
Escrevo desde o ABC Paulista [Região do Grande ABC ou ABC] o mais significativo polo do Estado de São Paulo (talvez da América do Sul), que pertence a Região Metropolitana de São Paulo. A sigla vem das três cidades, que originalmente formavam a região, sendo: Santo André (A), São Bernardo do Campo (B) e São Caetano do Sul (C). Essas três cidades possuíam nomes de santos, dados em ordem alfabética no ato de suas fundações, devido à influência da religião Católica na então Colônia portuguesa.
Cheguei a Guarulhos um pouco antes das 17h, onde era aguardado pelo Alexandre e pela Jéssica (esposo e filha da Simone). É a professora Simone Ydi, coordenadora do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID da Fundação Santo André, minha anfitriã nesta viagem. Como ela estava em aula recebi as atenções do Alexandre e da Jéssica. Levamos cerca de 1h40min para fazer um trecho de cerca de 30 km, que foram aproveitados no conhecimento da História e da Geografia da região.
À noite no jantar tive a companhia dos dois e também do Prof. Toshiharu, conhecido de vários eventos e de sua esposa Denise e da filha Tatiana. Foi uma gostosa confraternização, por mais de duas horas, que parecia reunir velhos amigos de há muito. Amanhã falo sobre a “A (a)ventura de ser professor” no encontro do PIBID, em Santo André, razão desta vagem.
Esta blogada ocorre desde São Bernardo do Campo. Esta é uma cidade que teve/tem um marca muito forte na História do Brasil. Ainda nas décadas de 50/60 do século 20, ela recebe o parque automobilístico brasileiro, então em franca-expansão. O parque chega para alavancar de uma vez por todas o desenvolvimento do município, que, de 60.000 habitantes em 1960, passa a ter 740.000 já em 2000 (765.000 em 2010). Desta forma, a indústria automobilística/autopeças passa a designar a cidade como a "Capital do Automóvel".
A expansão da indústria automobilística gerou um movimento sindical metalúrgico muito forte. São históricas suas lutas que fizeram surgir líderes operários históricos, dos quais o ex-Presidente Lula – que mora muito próximo do hotel onde estou – é provavelmente a expressão maior. Não sem emoção que estou pela primeira vez aqui.
Falar em emoções, hoje, faz 50 anos que começou um dos mais significativos movimentos da História do Brasil – e mais particularmente do Rio Grande do Sul – quando se impede um movimento golpista que tentava impedir o vice-presidente João Goulart assumir a Presidência da República, quando da renúncia de Jânio Quadros, há sete meses no governo.
Recordo que no meu primeiro ano de professor acompanhava a ‘voz da legalidade’. Na evocação daquele agosto de 1961, trago uma apimentada crônica escrita pelo Prof. Juremir Machado, que colhi em www.correiodopovo.com.br/blogs/juremirmachado. Ela substitui com oportunidade a resenha sabática hoje. Para jovens trará interrogações e para os mais anosos fara presente um passado histórico. Para uns e outros, ajudará a curtir o sábado.
Amanhã nos lemos de novo em Porto Alegre, para onde viajo nesta tarde. A agora fiquem com a boa escrita de Juremir Machado.
Ah, agosto Talvez nunca tenha existido agosto como aquele de 1961, quando Brizola, de metralhadora a tiracolo e microfone ao alcance da mão, dobrou os milicos golpistas e levou Jango ao poder. Ah, sim, houve outro agosto ainda mais impressionante, o de 1954, quando Getúlio, com um tiro no coração, saiu da história para entrar no mito e freou o golpismo do Corvo Lacerda, que foi se esconder no vão de uma escada, no meio das vassouras, na Base Aérea do Galeão, antro dos golpistas ligados à UDN. Há meses assim, em que tudo parece acontecer. Os portugueses chegaram ao Brasil em abril. A independência aconteceu em setembro, a República, em novembro, a abolição da escravatura, em maio. A revolução de 1930, em outubro.
Agosto, mês de desgosto, é o mês emblemático do Brasil depois de 1950. Setembro é um mês terrível no mundo nesse mesmo período. Em 1970, houve o “setembro negro”. Morreram entre cinco e dez mil palestinos no confronto entre o exército jordaniano e a OLP. Ninguém esquece um setembro mais recente, há dez anos, o setembro de 2011, o do 11 de setembro que abalou o planeta com os atentados terroristas em Nova York. Diante do horror de setembro, agosto parece pequeno, romântico, provinciano. Mas é uma impressão, uma distorção, uma questão de escala. O agosto de 1954 foi uma derrota para o Brasil. Os episódios de agosto de 1961 terminaram em vitória no começo de setembro. Uma vitória maculada pela solução parlamentarista, que tirou poderes de Jango. Mesmo assim, não foi um empate. No século XX, antes de 1964, o Rio Grande do Sul, como se diz, brilhou no céu da pátria.
Depois, forneceu ditadores, que jamais tiveram as oscilações e a sensibilidade social de Getúlio, que conheceu seu anos de tirano. Qual o nosso pior mês? Do ponto de vista dos nossos índios, certamente abril. É também o mês do golpe de 1964, recuado para 31 de março para tentar enganar os bobos. Estamos em agosto, 50 anos depois do agosto da Legalidade, tentando completar as reformas de Jango, interrompidas pela ditadura, cujos torturadores ainda não foram punidos. Temos uma mulher no poder, quase gaúcha, mostrando que é de faca na bota. A limpeza que Dilma está fazendo nos setores atolados na corrupção é de tirar o chapéu. É incrível como a corrupção brasileira consegue ser suprapartidária. Uau!
Exatamente como em agosto de 1954 e em agosto de 1961, assim como em março de 1964, a direita vocifera contra a corrupção. Lembra os discurso histéricos de Carlos Lacerda e do próprio Jânio Quadros. Sempre que há um governo de esquerda promovendo “reformas de base”, a direita agarra-se a um único recurso: denunciar a corrupção. Só que ela historicamente usa os mesmos estratagemas. Atualmente, é o roto falando do descosido. Dilma está parecendo o Brizola de 1961, sem metralhadora e o mais longe possível dos microfones. É pura atitude. Já enterrou todas as previsões machistas sobre o seu governo. Onde estão os que diziam que ela seria uma mulherzinha a mando de Lula? Estão desesperados tentando aumentar o tamanho da corrupção para se manter vivos.
Caro Chassot,
ResponderExcluirMuito boa essa pincelada sobre eventos notáveis que marcaram a história recente. Vale lembrar apenas que o chamado "Sembro negro" teve, justamente uma conseqüência (olhaí o trema!) no mês de setembro em Munique. Lembremos: O Massacre de Munique também conhecido como Tragédia de Munique teve lugar durante os Jogos Olímpicos de Verão de 1972, em Munique, quando, a 5 de Setembro, 11 membros da equipe olímpica de Israel foram tomados de reféns pelo grupo terrorista palestino denominado Setembro Negro. Os atleta foram mortos covardemente e, seqüência (olha ele de novo! espero que o Simões esteja contente), vários "setembrinos" morreram levando com eles alguns inocentes. Quanto ao Brizola, louvemos sua iniciativa. Abraços, JAIR.
Caro Chassot,
ResponderExcluirlembro da Legalidade. Ouvia o rádio que anunciou-se o fim da Campanha e celebrava um momento importante para o Brasil e, em especial para o RS.
Desejo-te um bom retorno nesse sábado que promete um dia de sol entre os de frio e chuvas.
Um abraço,
Garin
Meu caro Garin,
ResponderExcluirjá domingo avançado agradeço tua rememoração da Legalidade.
O rádio foi então histórico.
Como estima
attico chassot
Meu caro Jair,
ResponderExcluirjá domingo avançado agradeço tua rememoração da Legalidade.
Isto de olhar a história próxima nos ajuda pensar nossa história pessoal.
Um bom domingo, que aqui será indoor para curtir a chuva, mas sem Irene
attico chassot