Ano 6 | PORTO ALEGRE | Edição 184r |
Esta semana recebi um envelope postal. Ao ver a cidade de origem: Itumbiara, GO, previ o conteúdo. Um livro, mas junto havia uma atenciosa carta de agradecimento. Então recordei a Carla Cristina. Em junho do ano passado estive na Ulbra de Itumbiara. Uma jovem professora recém-graduada procurou-me e contou acerca de uma experiência de sala de aula, no mínimo original.
Minha sugestão: disseminar. Lembrei-me da recomendação: “Não se acende uma vela para coloca-la sob a cama!” Era preciso dar a lume. Onde publicar? para uma revista (como Química Nova na Escola) o texto era extenso. Como, então, recém acompanhara a experiência de publicação de Dialogando Ciência, entre sabores, odores e aromas [ISBN: 85-7961-072-2; já assuntado aqui] de Anelise de Luca Grünfeld & Sandra Aparecida dos Santos, duas dinâmicas professoras de Rio do Sul, SC na Editora da Livraria da Física de São Paulo, fiz a mesma sugestão. Tempos depois Carla Cristina me escreve feliz: a sugestão vingara. Nesta semana recebo a concretude; o primoroso livro: As ‘Estrelas, uma viagem pela estrutura do átomo’ e este se faz nesta dica sabática.
MENDES, Carla Cristina Alves. As Estrelas, uma viagem pela estrutura do átomo: astroquímica para o estudo do átomo e outros conceitos químicos. São Paulo: Livraria da Física, 2011. 142 p. ISBN 978-85-7861-106-4 R$ 33,00 em www.livrariadafisica.com.br
Carla Cristina Alves Mendes é formada em licenciatura em Química em 2009 no ILES/ ULBRA de Itumbiara, Goiás, cidade distante mais de 200 km da capital, considerada o portal do estado pela sua proximidade com Minas Gerais e São Paulo.
Carla Cristina foi professora voluntária de Química e Física do cursinho Pré-Vestibular para Jovens e Adultos desenvolvido pela UEG de Itumbiara. Enquanto aluno de graduação produziu vários trabalhos relacionados com Educação Química. Atualmente é professora de Química e Física para o 9º ano do Ensino Fundamental.
Lendo este livro, de vez em vez, evocava o filme “Madame Curie”, uma obra-prima estadunidense de 1943, onde há uma linda frase que embala a obra cinematográfica: É preciso buscar colocar as pontas dos dedos em uma estrela. Carla Cristina nos mostra estrelas.
Li o livro nestes dias. No começo o título me pareceu pretensioso. Li e reli a quarta capa. Ora direis ouvir estrelas para ensinar astroquímica para crianças do ensino fundamental. Leiam o argumento da autora.
Química, estrelas...Astroquímica... Por que seu ensino em sala de aula?
Astronomia e Química, aparentemente opostas, enquanto uma se ocupa do estudo de entidades de grandes dimensões a outra procura compreender como as interações entre átomos causam e modificam as percepções de fenômenos que podem ser vistos na realidade humana. Mas com o imenso anseio em conhecer mais sobre si mesmo e o que está a sua volta, o ser humano faz com que diferentes áreas da Ciência encontrem respostas umas nas outras, para entender um pouco de seus próprios mecanismos. Daí a Astroquímica, que tenta compreender como reações químicas acontecem em planetas, no espaço interestelar, em estrelas, e em inúmeros corpos celestes. O Big Bang tem uma de suas descrições como sendo "o átomo primordial", as estrelas fabricam os elementos químicos, regiões de formação estelar e nuvens interestelares formam moléculas inorgânicas e orgânicas, e até mesmo meteoritos trazem consigo a biografia da Química do início do sistema Solar. Alguns fatos, estes, bem conhecidos da Ciência, mas que ainda permanecem distantes do conhecimento de muitos. Pode ser que o reencontro de diferentes faces de uma mesma Ciência possa integrar os conhecimentos científicos à sociedade. E por que não começar em sala de aula?
Carla Cristina faz uma envolvente genealogia das estrelas. Devo dizer que me fiz aluno do ensino fundamental e aprendi sobre estrelas. Valeu muito.
Sabemos o quanto o ensino do modelo atômico é algo abstrato no ensino fundamental. Usualmente marcado por exigências de memorização. Os alunos são levados a um mundo inimaginável.
O livro narra uma experiência didática da autora. Agora o título: “As Estrelas, uma viagem pela estrutura do átomo” diz tudo. Conhecemos primeiro as estrelas e nelas os átomos mais simples: Hidrogênio se fundindo em Hélio. O resultado: uma estrela muito nossa: o Sol e com déficit massa e energia solar nossa de cada dia.
Vale fazer o caminho inverso: vir do macro ao micro. Conhecer estrelas e aprender modelo atômico. Pareceu-me uma experiência válida, mesmo que usualmente defenda que no ensino fundamental não se antecipe a disciplinarização e se ensine Ciências. Repito que estamos diante de uma experiência ousada, onde a autora nos descreve êxitos.
Está ai uma dica para professores de Ciências e, talvez, para aqueles que ensinam na área de Ciências da Natureza e sua tecnologias do Ensino Médio. Com esta sugestão votos de um bom sábado a cada uma e cada um. Um convite: lermo-nos amanhã, em uma blogada mais amena, como soem serem aquelas dominicais.
Attico,
ResponderExcluirfico bastante feliz pelo trabalho da Carla. Coincidentemente, faço este mesmo percurso para trabalhar os elementos químicos, partindo de sua origem associada à formação do Universo e, mais diretamente, à vida e morte das estrelas. Há, inclusive, uma apresentação muito interessante da NASA sobre o tema, intitulada "Qual sua conexão cósmica com os elementos químicos?" (Disponível em: http://imagine.gsfc.nasa.gov/docs/teachers/elements/imagine/element_connections_port.ppt), sem contar a excelente série estrelada pelo Carl Sagan: Cosmos.
A astronomia é uma vertente poderosa para atrair a atenção de estudantes. Utilizá-la em sala de aula certamente pode trazer benefícios imensuráveis à turma.
Grande abraço,
PAULO MARCELO
Muito caro Paulo Marcelo,
ResponderExcluirtua ratificação ao trabalho da Carla Cristina é significativa.
Muito obrigado.
Ela usa Sagan; vou ver tua outra sugestão.
Um sábado gostoso para ti na Veneza Brasileira,
attico chassot
Caro Chassot,
ResponderExcluirEvidente que o livro de Carla consegue fazer um "gancho" cósmico com o átomo nosso de cada dia, pelo que podemos deduzir do texto. No meu entender, esses grandes "saltos" originais são obras de pessoas especiais que conseguem enxergar mais adiante que nós, seres comuns. Isaac Newton, como escrevi em meu blogue, era um desses privilegiados. Quem sabe Carla não será uma grande pensadora ainda no berço? Esperemos que sim. Abraços, JAIR.
Admirável que essa moça se volte para repartir assunto tão interessante e fundamental para a compreensão da natureza!
ResponderExcluirIsto já foi dito por diversas pessoas, mas é uma verdade: o infinitamente pequeno e o infinitamente grande se parecem! Além disto, estão intimamente ligados.
Grande iniciativa, divulgar esse belo trabalho!
Parabéns à Carla Cristina e ao Mestre!
Bom dia Professor!
ResponderExcluirQue delícia ver minha terra tão bem representada!
Carla é uma vitoriosa!!
Mais um livro que quero [e preciso!] , conhecer, ler, e ter em minha biblioteca pessoal!
Excelente dica!
E, já que o senhor menciona novamente o filme "Madame Curie", não sabes me dizer onde o posso comprar?!Porque por aqui em Goiânia é complicado...não o encontro nem para locar...
Ótimo sábado, mestre!
=]
Bom dia, caro amigo.
ResponderExcluirRealmente foi uma grata surpresa abrir seu Blog hoje e me deparar com o livro da Carla. Tão jovem e já tão competente! Vc tem razão: o universo fascina e começar o estudo do átomo do macro para o micro pode ser uma estratégia interessante. Meus parabéns à jovem professora! Que outros sigam os passos dela.
Renato
Muito estimado Jair,
ResponderExcluirencanta-me teus augúrios pró-Carla, uma menina que promete.
Não é sem razão que frase do Newton que referes está no portal do Currículo Lattes do CNPq.
Um bom sábado,
attico chassot
Meu caro Leonel,
ResponderExcluiralgo muito significativo: a maravilhosa migração do fantasticamente grande ao fantasticamente pequeno. Este título de um dos capítulos de meu livro Alfabetização científica: questões e desafios para a Educação.
Com admiração e reconhecido por tua presença aqui,
attico chassot
Muito querida Thaiza,
ResponderExcluirquando recebi este livro lembrei primeiro de ti. Aliás no sítio da ILES-ULBRA de Itumbiara está o teu sítio.
Torçamos pelo sucesso da Carla uma goianense de valor e que promete.
Há vários sítios onde podes fazer o download de Madame Curie (1943).
Se não conseguires, me pede que posso te ajudar.
Um sábado muito gostoso para ti e para os teus
attico chassot
Meu querido Renato,
ResponderExcluiro endosso de filosofo e químico a esta alternativa macro para o micro, é uma excelente ratificação.
Viva a Carla
Com admiração os agradecimentos do
attico chassot
Caro Chassot,
ResponderExcluirum belo exemplo de interdisciplinariedade no ensino das ciências para a educação básica. Ressalto também, o teu incentivo e as indicações de caminho à Profa. Carla. Que belo!
Um abraço,
Garin
Sr. Mestre Chassot
ResponderExcluirÉ com muita alegria e, sem palavras, que agradeço pelo texto e pela oportunidade!
Abraço!
Carla Cristina
Meu estimado colega Garin,
ResponderExcluiré muito bom estimular uma jovem estudante. A proposta é excelente
Com admiração
attico chassot
Muito querida Carla Cristina,
ResponderExcluirque bom que gostastes.
Eu vibrei com a ratificação de tua proposta por tão insignes colegas.
Com admiração
attico chassot