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segunda-feira, 22 de agosto de 2011

22.- Papel dos gays no currículo

Ano 6

PORTO ALEGRE

Edição 1845

Inauguro esta segunda-feira, depois de um gélido fim de semana com uma correção: Os três quase-prováveis-improváveis-futuros-novos estados resultados da divisão seriam: PARÁ, CARAJÁS e TAPAJÓS e não Tocantins como por duas vezes escrevi aqui.

Em julho, antes de viajar, tinha agendado (e até fizera uma chamada) a matéria que se faz título. Posterguei o tema para publicar uma manifestação contra a publicação dos resultados do IDEB na fachada das escolas (12JUL2011) depois este blogue se transformou em um diário de viagem.

Motivara a matéria esta notícia:

Califórnia inclui em currículo papel de gays. Legislativo estadual aprovou implementar aulas sobre contribuição de homossexuais

As escolas públicas da Califórnia podem em breve ser obrigadas a incluir em seus livros didáticos e aulas de história contribuições importantes de estadunidenses gays, como parte de uma medida inédita no país para reduzir os ataques de estudantes contra colegas homossexuais.
O governador do Estado, Jerry Brown, tem dez dias para assinar ou vetar o projeto de lei, que já foi aprovado pelo Senado e, anteontem, pela Câmara estadual, numa votação de 49 deputados a favor e 25 contra.
O caso despertou a ira de grupos religiosos, que começaram uma campanha para que os pais tirem seus filhos das escolas públicas, caso a medida entre em vigor. Opositores republicanos da casa também são contra.
"Como cristão, estou profundamente ofendido", disse o deputado republicano Tim Donnelly à agência Associated Press.
Entre os defensores estão dois deputados abertamente gays, John A. Pérez, de Los Angeles, e Tom Ammiano, de San Francisco. "Eu não quero ser invisível nos livros escolares", disse Ammiano.
Para eles, é importante dar a jovens gays modelos a seguir, incluindo aulas sobre história de lésbicas, bissexuais e transsexuais, numa tentativa de combater a homofobia dentro das escolas.
Entre exemplos a serem incluídos, estaria Friedrich von Steuben, conselheiro militar de George Washington (herói da independência dos EUA) expulso da Prússia por ser gay.
A Califórnia é o Estado americano mais populoso e conta com 6,2 milhões de estudantes em instituições públicas de ensino.
No currículo, há matérias que abordam as contribuições de minorias como índios e americanos vindos do México e da África.
Uma medida parecida foi vetada pelo governador anterior, Arnold Schwarzenegger.

Procurei informações e não encontrei informações acerca da decisão do governador. Como interessa mais a matéria que lei, adito um assunto que me pareceria extremamente importante para este currículo.

Muitos dos que já ouviram minhas falas, e mesmo aqui neste blogue: assistiram eu destacar o caso de Alan Mathison Turing (Londres, 23 de junho de 1912 - 7 de junho de 1954) um matemático britânico, que cedo se interessou pela ciência. A maior parte de seu trabalho foi desenvolvida na área da solução de mensagens criptografadas. Somente em 1975 – mais de 20 depois de sua morte – veio a ser considerado o pai da informática.

Como homossexual declarado, no início dos anos 50 foi humilhado em público, impedido

de acompanhar estudos sobre computadores, julgado por "vícios impróprios" e condenado a terapias que, de fato, equivalia à castração química e que teve o humilhante efeito secundário de lhe fazer crescer seios. Deprimido, em 7 de junho de 1954, em sua residência, com apenas 41 anos, faleceu após ter comido uma maçã envenenada com cianeto de potássio. A sua morte foi oficialmente considerada como suicídio. Na estátua em sua homenagem, pode se ver a maçã.

Somente em 11 de setembro de 2009, governo britânico pediu desculpas pelo tratamento "chocante" ao qual o matemático Alan Turing, um dos cientistas mais reverenciados do país, foi submetido para coibir sua homossexualidade, e que o levou ao suicídio.

"Turing foi um matemático brilhante, famoso por decifrar os códigos da [máquina de criptografia] alemã Enigma. Não é exagero dizer que, sem sua notável contribuição, a história da Segunda Guerra poderia muito bem ter sido outra", disse o então premiê Gordon Brown em comunicado no site do governo.

Afortunadamente vivemos outros tempos. Mas ainda há muito preconceito nesta esfera a vencer. É muito provável que voltemos ao assunto pois 2012 será considerado o ano Alan Turing, na recordação do centenário de seu nascimento.

A melhor segunda-feira a cada uma e cada um. Amanhã, um bom ponto de leitura, poderá ser este blogue. Apareça.

10 comentários:

  1. Caro Chassot,
    é muito possível que uma decisão sobre semelhante tema, no nosso Congresso Nacional, seja encarada, pela parte mais conservadora da sociedade, como uma afronta "ao princípios cristãos". Essa é sempre a mesma justificativa que os conservadores tomam para embasar suas posições. Essa é uma triste consequência da livre interpretação da Bíblia (uma grande conquista desde Lutero), que tem se transformado numa Babilônia, na qual tudo vale.

    Boa segunda-feira! Vamos nos encontrar no IPA hoje à tarde.

    Garin

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  2. Prezado Chassot,

    Bom dia! Infelizmente ainda vemos situações abomináveis de preconceitos tanto dentro do âmbito escolar como fora deste, onde prevalece o absurdo da intolerância. No mês passado lembro ter visto no jornal local que no interior de São Paulo um pai e filho foram atacados em uma feira por um grupo de rapazes que julgou tratar de um casal homossexual, sendo que o pai teve sua orelha decepada. Na escola também vemos hoje relatos de constantes situações de bullying sofrido por crianças e adolescentes, que na maioria das vezes termina com um quadro de precoce depressão, diminuição do desempenho e no extremo suicídio. Esperamos que isso efetivamente caminhe para o fim, afinal todo preconceito deve ser combatido e falo isso no sentido mais amplo do que significa pré-concepção. Afinal, o respeito às diferenças e à pluridade deve fazer parte de cada um de nós como seres humanos. Abraços.

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  3. Parece que estamos atravessando uma fase de adaptação. Velhos preconceitos estão sendo enquadrados e combatidos, às vezes com medidas oficiais.
    Por outro lado, surge com isso uma ansiedade por parte dos envolvidos em resgatar sua identidade, e até de expô-la como um trunfo! Isto acaba gerando reações variadas, onde falta o equilíbrio!
    Se é um avanço abandonar a atitude de reprovação contra os homossexuais, querer coloca-los em destaque como se isso em si fosse um mérito gera uma nova "discriminação ao contrário"!
    Na minha opinião, o ideal seria cada vez mais valorizarmos as pessoas pelas suas realizações e atitudes, e não por sua religião, "raça", condição física ou preferência sexual!
    Mas, é difícil acreditar que um dia os preconceitos deixarão de existir!
    Abraços, Mestre!

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  4. Caro Chassot,
    Bastante interessante essa história de Turing, não por acaso acontecida no mesmo país que tratou Oscar Wilde, autor de "O Retrato de Dorian Gray", com desprezo e abaixo do chicote da Lei, por seus atos homossexuais. Pode ser que a Califórnia, que já é sob muitos aspectos, um estado que dá lições de tolerância, consiga insuflar um pouco de humanidade nos outros estados dos EUA neste momento delicado que o ultradireitista "Tea Party" tenta derrubar Obama, mesmo a custa de derrubar o próprio país. Abraços, JAIR.

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  5. Muito caro colega Garin,
    com as diferentes interpretações da Bíblia (que se entendi chamas babilônicas = na acepção de muito confusas) se pode amar e odiar. Se ressuscita e se mata.
    Por outro lado: algo similar à Califórnia parece ainda impensável no Brasil, pela força da bancada evangélica.
    Com admiração e sempre na escuta
    attico chassot

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  6. Muito estimado colega Sérgio,
    que troca momentaneamente seu Piauí por São Paulo, realmente os preconceitos contra as opções sexuais de indivíduos parecem ser as maiores causas de bullying; não gostar de chuchu é algo que não gera problemas. Mas há grupos organizados para patrulhar e metralhar as relações homoafetivas. Doloroso este caso que trazes de pai e filho serem molestados, inclusive fisicamente, por pensarem se tratar de um casal gays.
    Temos muito a nos educar e por isso a proposta da Califórnia merece ser pelo menos apresentada à discussão.
    Obrigado por tua presença aqui e fico satisfeito que a Biblioteca Digital Mundial te agradou.
    attico chassot

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  7. Muito estimado Leonel,
    ~~mesmo que já tenha estado em “O Asteroide” não encontro teu correio eletrônico para mandar minhas resposta, fazendo intermediário nosso elo de ligação: Jair ~~
    adiro a tua tese que devêssemos apenas valorizar as pessoas em si. Todavia em uma sociedade que tanto discrimina é preciso mostrar que mulheres, negros, homossexuais... também são realizadores de feitos importantes, por tal parece válida a proposta californiana.
    Também concordo com amigo que há manifestações de grupos reprimidos que mais exacerbam que captam simpatias. Um ainda não entendo o significado das paradas gays (ou não as vejo como produtoras de simpatia à causa), por exemplo.
    Com admiração
    attico chassot

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  8. Muito estimado Jair,
    o tratamento sado pelo Reino Unido a Wilde, a Turing e certamente muitos outros são emblemas de intolerância contra a opção sexual. Seria salutar – como aventas – que a Califórnia que tem em algumas iniciativas dado lições de humanidade, tivesse ações para cercear a ultradireita (marcada por uma religiosidade hipócrita e conservadora) nos seus propósitos de regredir ações progressistas de Obama. As lamentáveis atitudes belicistas do Presidente eles apaudem, coerentes com suas posturas mercenárias.
    Obrigado pelo comentário e ‘genealogia’ já está pautado;
    attico chassot

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  9. Prezado Chassot,

    Acabei de conhecer seu blog através de uma postagem no facebook de uma ex-colega de faculdade.
    Alguns de seus livros foram-me apresentados pela brilhante professora Ivoni Reis durante o período que eu escrevia a minha monografia sobre as dificuldades encontradas no ensino de Química. Não trabalho mais com Educação, mas seus ensinamentos foram muito importantes para a minha formação profissional. Obrigado!
    Quanto ao tema deste post e considerando a minha mente sempre aberta a novas possibilidades, gostaria muito de ver a maioria dos gays se respeitando da forma como deveriam para, desta forma, conquistarem o tão sonhado respeito perante a sociedade. É certo que o medo e a repressão que a maioria deles enfrenta desde cedo influenciam muito nos exageros comportamentais, mas gostaria de vê-los cada vez mais seguros e sensatos, sem a necessidade da utilização de personagens para se sentirem protegidos.
    Parabéns por sua maneira sempre ímpar de abordar os temas "educacionais-sociais-humanos"!

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  10. Muito estimado Jhon,
    lamento não tenha teu endereço para agradecer teu tão estimulante comentários. São retorno como estes que se fazem estímulos para fazer da escrita uma ferramenta para Educação e do blogue cátedra adimensional.
    Quant ao assunto da postagem de hoje questionei o quanto certas manifestações (parada gay) parece mais prejudicar que ajudar o movimento gay.
    Obrigado por tão estimulantes considerações
    attico chassot

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