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quinta-feira, 7 de julho de 2011

07.- À Wikipédia, com admiração

Ano 5

Porto Alegre

Edição 1799

Na fria quarta-feira estive, à tarde, no Centro Universitário Metodista do IPA, ainda envolvido na finalização da seleção do Mestrado Profissional de Reabilitação e Inclusão e definir os selecionados, em continuação da atividade que nos envolveu no sábado.

Ao entardecer, um compromisso há muito agendado: atender a um convite de meu amigo Professor Guy Barros Barcellos para tomar um chá. O Guy já esteve aqui neste blogue quando narrei um episódio, ocorrido em outubro do ano passado, em um curso e não

recordava o nome do pintor holandês que recebia em sua casa Delft, no século 17, construtor de microscópio Antonie van Leeuwenhoek. Referi então: é o autor de ‘A leiteira’ e ‘Moça do brinco de pérola’. Segundos depois ele diz: “Vermeer, professor!” Ante minha surpresa, mostra-me seu I-Phone. Também estive com ele em três oportunidades no colégio São Mateus, em Cachoeirinha e já o recebi, na Morada dos Afagos para um chá.

Foi um papo muito bom. O Guy mora com seus avós. O melhor foi fruir da companhia de Heidi Franco Barros, avó de meu anfitrião. Seu pai era farmacêutico e pude manusear livros e objeto com quase um século. Heidi é minha coetânea e encontramos muitas coisas em comum. Fomos os dois alunos das irmãs de São José de Chambery e evocamos como então, uma e outro, nos primeiros anos da escola primária víamos aquelas freiras como figuras assexuadas, que nem podiam comer em nossa frente e da qual só enxergávamos uma porção dos rostos.

Em 1948, viemos a Heidi de Rio Grande e eu de Montenegro à Porto Alegre para o V Congresso Eucarístico Nacional e fomos ambos ao Colégio Sevigné, então das irmãs de São José; recordo que, então, pela primeira vez, comi um pãozinho com leite condensado. Lembramos inclusive de cantos da época e de nossos estudos nos livros FTD. Foi muito bom remexer em baús de saudades. Nas fotos estou com os dois que me receberam de maneira muito querida no começo da noite de ontem.

Trago a esta blogada, em mais um gélido dia do inverno gaúcho – que desejo supimpa para cada uma e cada um de meus leitores – com um excerto da edição de 15 de fevereiro deste ano, que tinha como chamada Internet no Brasil: realidades e esperanças

Já escrevi e falei em palestras o quanto precisamos diminuir a brecha cada vez maior que se estabelece entre os que têm acesso ao conhecimento e os marginalizados. Hoje a diferença ente pobres e ricos – pessoas e países – não só que os pobres tenham menos bem, mas é que estes têm menos acesso ao conhecimento. Temos de diminuir o número daqueles que ainda pertencem ao Movimento dos Sem @rroba (isto é, não tem um endereço eletrônico).

Então comentava tentativa de fazer disso política do novo governo da República. Também meus leitores e ouvintes muito já me ouviram dizer o quanto a Wikipédia pode ser considerada o melhor exemplo de democratização do conhecimento.

Eu, particularmente, sou usuário (também um pequeno produtor) da Wikipédia e ouso afirmar que quase se pode dizer que não há duvida que ela não resolva. Aos que contestam que ela tem erros, respondo que também a Enciclopédia Britânica os tem.

Este blogue, há muito, se associou a campanhas de ajuda financeira para manutenção deste patrimônio da Humanidade. Aqui não é força de expressão; Ela está disponível em 272 idiomas ou dialetos com mais de 17 milhões de artigos.

Desde seu início, a Wikipédia tem aumentado firmemente a sua popularidade, e seu sucesso tem feito surgir outros projetos parecidos. Segundo o Alexa, a Wikipédia é o sétimo website mais visitado do mundo.

Este preambulo é para introduzir, entrevista publicada ontem, 6 de julho, no caderno ZH digital. A matéria: “A Wikipedia mostra a força da colaboração” realizada por Letícia Pakulski com Barry Nestead, chefe de Desenvolvimento Global (CGDO) da Fundação Wikimedia (WMF), responsável pela enciclopédia colaborativa, esteve em Porto Alegre para participar do Fórum Internacional do Software Livre. Ele conversou com ZH Digital em meio aos computadores do telecentro montado no fisl12:

ZH Digital – A Wikipedia acaba de completar a sua primeira década. O que você vê para os próximos 10 anos?

Barry Nestead – Esperamos que os próximos 10 anos sejam ainda mais surpreendentes do que os primeiros 10. Na primeira década, a Wikipedia cresceu do nada, de uma ideia louca para um sucesso incrível, com mais de 18 milhões de artigos em mais de 280 idiomas – o quinto site mais visitado do mundo. Nós esperamos que a Wikipedia se torne a maior fonte de conhecimento do planeta. Em alguns aspectos, já o é, mas não é tão global quanto gostaríamos. Adoraríamos que cada ser humano pudesse compartilhar uma parcela de todo o conhecimento.

ZH Digital – Você falou no Fisl do interesse da Wikipedia de se aproximar de museus e bibliotecas. Como isso pode ser feito?

Nestead – Museus, bibliotecas, arquivos e galerias são muito interessantes porque eles são guardiões de conhecimento sobre uma série de assuntos. Existem artigos da Wikipedia para várias obras de arte, mas há uma quantidade gigantesca de conhecimento adicional que está presa nesses museus e você precisa frequentá-los para descobrir. Queremos abrir esses locais, por exemplo, com artigos escritos sobre sítios arquelógicos no Brasil e obras de arte importantes. Procuramos essas instituições para reduzir o medo do conhecimento livre.
ZH Digital – Qual foi a maior contribuição da Wikipedia para o mundo?

Nestead – A Wikipedia mostra o poder do voluntariado, a capacidade dos indivíduos de colaborar de todos os cantos do mundo para construir algo juntos, não por dinheiro, não pela fama, mas só para contribuir com o conhecimento livre. O fato de haver uma enorme enciclopédia que pode ser acessada de graça por todos é um feito e tanto, mas a maior contribuição, eu acho, é que ela pode ser feita por uma comunidade, não precisa de profissionais pagos, mas pode ser alimentada por pessoas como você e eu.

8 comentários:

  1. Caro Chassot,

    como tu sabes, também sou usuário constante da Wikipédia, mas nunca colaborei com seus verbetes. Até já tenho algumas ideias, mas me falta coragem, acho. Quem sabe, com o estímulo do teu blogar de hoje, me anime e faça uma inserção.

    Uma boa quinta-feira!

    Garin

    http://norberto-garin.blogspot.com

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  2. Meu caro colega Garin,
    os wikipedistas afortunadamente são exigentes. Ao lado dos verbetes aceitos, já tive rejetados em maior número dos que os aceitos. Duas razões para as minhas rejeições. Uma: por de mais laudatórios aqueles sobre pessoas; isto não é aceito. Outro: acusado de plágio, pois usei textos meus, que já estavam na rede. Como os verbetes não são assinados, a hipótese de ‘autoplagio’ não é reconhecida.
    Mas sempre é um bom exercício tentar, mesmo que doa, quando depois de um dois dias os verbetes caprichados são retirados.
    Obrigado pela a presença aqui e uma muito boa quinta-feira, desta vez um pouco menos fria (está 4ºC, com pontos de temperaturas negativas no Rio Grande do Sul) e é hora de cumprir o horário da Academia, ou melhor meu exercício fisioterápico.

    attico chassot

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  3. Ave Chassot,

    adoramos te receber aqui em casa. Já fica o convite para mais um chá quando retornares de viagem. Parabéns pela excelente crônica; Também sou um habitué da Wikipédia.

    A vó adorou se ver no blogue e manda beijos.

    Forte abraço,
    Güy

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  4. Meu caro colega e amigo Guy,
    foram momentos que valem ser repisados.
    Retribua a Heidi seus afetos e manifesta a ela minha admiração.
    Encanta-me teu reconhecimento à Wikipédia.
    attico chassot

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  5. Caro Chassot,
    Como usuário juramentado da Wikipedia gostei muito da blogada. Acho que chegará o dia em que a totalidade dos habitantes deste Planetinha azul estará plugada na internet, então, o conhecimento estará ao alcance dos dedos de pobres e ricos, velhos e jovens. A utopia é um sonho grátis, sonhemos! Abraços fraternos, JAIR.

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  6. Muito prezado Jair,
    quando vejo alguns intelectuais mostrar o cenho ao uso da Wikipédia gratifica-me ver um polímata como tu ser seu usuário ‘de carteirinha’ como se dizia.
    Com admiração

    attico chassot

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  7. Ana Kautzmann escreveu no Facebook~
    Adorei o blogue hoje. Lembro de um aula que tivemos no mestrado em que falaste sobre a Wikipedia e a partir daí, passei a ve-la com outros olhos...

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  8. Muito obrigado Ana,
    realmente a Wikipédia é o mais democrático instrumento de disseminação do conhecimento.
    Um afago com saudades

    attico chassot

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