Ano 5 | Londres | Edição 1811 |
07/23 EUROPA 2011 Hoje é meu último dia completo em Londres, pois amanhã pela manhã, a Gelsa – que chega esta noite de Manchester – e eu vamos à Paris. A terça-feira será pequena para tudo que sonho fazer. Ao entardecer, encontro-me com o casal Teresa Samart &Joe Harlon para jantarmos.
Ontem, tive mais um dia supimpa, mesmo que após quase seis horas no Science Museum estivesse literalmente cansado, quase não entendo a diferença entre elétron e próton. Há uma dose de exagero, of course. Não posso comentar tudo que vi, mas como nos dias anteriores, este blogue honra a proposta: transvestir-se em ‘diário de um viajor’; Hoje não vou faltar, exatamente quando conto de dia que foi ubérrimo.
Sai pela manhã com a meta era: Science Museum – www.sciencemuseum.org.uk – e The
Natural History Museum – www.nhm.ac.uk –, que são vizinhos. Como os museus só abrem às 10h, propus-me ir a pé. Primeiro atravessei o Hyde Park, reencontrando o castelo do qual trouxe referências ontem, e hoje apresento uma foto que fiz de um dos seus portões.
Ao sair do parque, estava em uma região muito fina. Havia embaixadas: uma pelo menos, um verdadeiro búnquer, do qual não se podia passar perto, outras, quase convidando ao ingresso.
Havia também crianças indo para escola, com uniformes com muito charme, que traziam brasões. Só então me dei conta que existe uma ampla nobreza e que esta tem filhos. Vi outros prédios importantes como o Royal Albert Hall, o Royal College, o Royal College of Music, neste havia uma frase que achei significativa, no momento que vi dezenas de jovens chegando à mesma: “As estrelas de amanhã estão hoje tocando aqui”.
Às 10 horas, estava no Science Museum, donde só saí depois das quatro da tarde, sem condições físicas para ir ao The Natural History Museum. No Science Museum já era a minha terceira visita e, ainda em 2008, ali estive, em frutuosa jornada. Também no museu de Historia Natural já estivera em outras vezes. Mas sempre se aprende mais, mesmo quando nem tudo é novidade.
Numa descrição reducionista dá para dividir o Science Museum em dois espaços: um são as áreas do TOQUE e no outro, as do OLHE. Na primeira há quantidade de atividades para serem feitas; na outra, objetos ou dioramas para serem olhados.
Havia dezenas de turmas de alunos, onde professores traziam seus alunos com diferentes graus de escolarização. Muitas visitas eram preparadas, pois os alunos tinham dossiês que precisava responder. Pelos uniformes e pelas crianças podia-se saber algo da escola. Havia turma que todas as meninas estavam cobertas com véus islâmicos, outras de crianças predominantemente negras, outras indianas, algumas tinham uniformes onde tanto meninas e meninos usavam gravatas e casacos com brasões dourados. Os professores são jovens mulheres brancas de maneira geral.
Uma vez me emocionei ante a curiosidade destas crianças tem diante da Ciência e as significativas oportunidades que desfrutam, para aprender. Aliás, nos museus há amplos espaços exclusivos para crianças inclusive com bibliotecas, livrarias e lojas exclusivas. Também ao que precisam de necessidades especiais merecem muitas atenções.
Uma crítica geral, feita por quem apenas ‘espiou’: há apresentação de uma Ciência apenas como uma fada maravilhosa. Não vi nada que pudesse mostrar o quanto a Ciência, ou melhor, os homens e mulheres que fazem Ciência nem sempre fazem transformações para melhor no mundo natural.
Uma preocupação continuada e com a produção e a transformação de emergia, sendo as crianças alertadas que no mundo hoje, de cada quatro pessoas, uma ainda vive sem energia elétrica. Sugeria-se então, com frequência, como elas se imaginassem com este problema.
Ainda outro comentário acerca minha jornada de ontem: se quando estive no British Museum, me ressenti com a falta de conhecimentos mais aprofundados de História e Geografia, ontem poderia ter aproveitado muito mais se tivesse mais sólidos conhecimentos de inglês. Atualmente, muitos museus são muito interativos, exigindo o conhecimento de expressões de ordens a ações que nem sempre soube executar. Também particularmente quando visiteis as secções de ‘História da Medicina’ e de ‘História da Medicina Veterinária’ sobrei especialmente em nomes de doenças e de órgãos anatômicos, que nunca foram meu forte.
Comento um pouco da visita ao Science Museum que abre com um convite: “Veja seu mundo diferentemente” que coincide com minha proposta de ‘Ciência como uma linguagem para ler o mundo’. Vou destacar algumas das visitas que mais me envolveram. A história da agricultura desde o medievo até o século 20, com dioramas muito elucidativos, especialmente na evolução do arado e da colheitadeira.
A história dos transportes é fartamente ilustrada com presença de locomotivas (1829),
aviões, automóveis, navios, bicicletas (1871) de diferentes modelos. A conquista da Lua esta presente com naves espaciais e foguetes originais e manequins de astronautas. Na foto estou junto a Apollo 10 – quarta missão tripulada do Programa Apollo e a segunda a ir à Lua e voltou depois de oito dias em 1969. Participei também de ‘voo simulado’ onde a poltrona dava solavancos e se recebia respingos quando a nave amerissava.
A história dos utensílios domésticos pode ser facilmente imaginada pela apresentação da evolução de modelos de utensílios e eletrodomésticos (por exemplo, aparelhos de televisão) e aparelhos para medir o tempo. Visitei ainda ‘uma história da computação’, que é fácil também imaginar o quando houve de rapidação nessa área. Aqui me surpreendi que Alan Turing, foi acrescentado depois sem destaque a suas realizações. Vi também uma sessão sobre ‘uma história da Matemática’, centrada em construção de aparelhos para calcular, com destaque para as réguas de cálculo e para desenhar curvas. Nesta segunda vi que há personagens que preciso conhecer mais.
Havia uma excelente exposição temporária acerca dos primeiros 100 anos do mundo dos plásticos, iniciada com a síntese da baquelite e chegando a tecnologias de ponta que usam plásticos hoje. Nessa exposição havia uma postura muito crítica acerca da reciclagem de plásticos. Apenas um dado: 4% de todo petróleo extraído no mundo é destinado a fabricação de plásticos e mais 4% é queimado para o fabrico dos mesmos. Também o problema da exagerada produção é de está CO2 muito presente. Assim somos questionados quantas viagens áreas fizemos nos últimos 12 meses. Ante a resposta vemos o quanto estamos acima da média de diferentes países. Vi, uma vez mais, que 99% dos homens e mulheres da Terra nunca viajaram de avião.
A História da Medicina, onde a apresentação de instrumentos cirúrgicos de 1823, gabinetes de oculista de 1930 e dentista de 1850 e 1930, cirurgias em 1895, próteses de braços e pernas em 1800, tratamentos psiquiátricos, próteses para vítimas da talidomida e ainda a determinação da estrutura do DNA até informações acerca da clonagem da Dolly. Há muito destaque para a historia da bacteriologia. Havia inclusive um aparelho para eutanásia, que foi legal em parte da Austrália entre 1995 e 1997.
Ainda vi uma excelente exposição acerca da Ciência no Reino Unido, no século 18,omde o grande mecenas foi o rei George 3º, (1738-1820) que reinou a partir de 1760, tendo a alcunha de o Louco e se diz foi muito lunático. Aqui é mostrado o que significou, então a passagem de um mundo com predominância da produção agrícola passar a ter nas tecnologias sua forma de produção.
Talvez isso, de uma maneira muito geral, poderia resumir um pouco de minha já terceira visita ao Science Museum. Convido aos que quiserem saber mais visitar o sítio do mesmo que esta acima.
Uma terça-feira muito boa terça-feira. Para amanhã há, ainda uma postagem londrina.
Caro Chassot,
ResponderExcluirmesmo que não tenhas entrado ontem no The
Natural History Museum, vê-se que teu dia foi muito além do que imaginavas. Chamou-me a atenção a tua observação sobre a ausência de uma crítica mais acurada à ciência - parece que por aí ela continua sendo apenas endeusada.
Um abraço, e boa viagem à Paris.
Garin
Olá, caro amigo viajante.
ResponderExcluirPosso imaginar a canseira que o Science Museum lhe causou, mas com certeza foi por um nobre motivo. Não visitei essa preciosidade quando estive em Londres, mas pretendo ir lá na próxima vez em que estiver nas terras de Elisabeth.
Espero que sua terça-feira não seja assim tão pequena e aguardo ansioso o seu relato parisiense.
Abraços
Renato
Muito obrigado Garin,
ResponderExcluirsempre se encontra compensações, especialmente quedo se está aqui sem agenda e tendo facilidade para refazê-las.
Obrigado pela torcida
attico chassot
Meu caro Renato,
ResponderExcluiresta cidade nos faz insaciáveis, Não fosse o cansaço – tu sabes que fazer turismo cansa, teria assunto para não parar.
Visarei a rainha de teus propósitos.
Aguarda Paris, então.
Obrigado por seres leitor aqui
attico chassot
Caro Chassot,
ResponderExcluirEssa sua passagem poelo Museu de Ciência me remeteu à visita que fiz ao Smithsonian de Washington. Tudo que diz respeito à ciência me fascina. Obrigado pela descrição, JAIR.
Meu caro Jair,
ResponderExcluira sorte que os museus oferecem oportunidades para pessoas como nós. O Smithsonian ainda não conheço. Nunca estive em Washington.
É bom telo parceiro nesta viajada.
Obrigado
attico chassot
Ave Chassot,
ResponderExcluirembarco para Maurício amanhã.
Adorei a blogada de hoje! Me deu vontade de, por engano, embarcar na nave que leva a Londres.
Abraços,
Guy.
PS: Heidi manda beijos!
Meu querido Guy,
ResponderExcluirum prêmio para quem tenha mais um amigo que possa dizer ‘embarco para Mauricio’ amanhã.
Estamos tu e eu em rotas ecologicamente antípodas.
Este blogue será homenageado com uma mensagem de tão exótica procedência, salvo se lá ainda não houver internet.
Aguardo relatos. Encantei-me com o PS. Retribua e...
... e... boa viagem desde a sempre linda Paris.
attico chassot
Caro Chassot,
ResponderExcluirnão há como negar a importância do concreto na aprendizagem, como estímulo especial à construção do conhecimento.
Teus relatos nos entusiasmam, minuciando teu percurso pela história da ciência e preocupação ante os problemas mundiais.
Um adendo: apesar de ser a segunda missão tripulada a ir à Lua, a Apollo 10 não realizou aterrissagem, pairando a 15 km de altitude sobre nosso satélite, como teste à missão posterior: a primeira alunissagem ocorreu apenas com a Apollo 11, em 20 de julho de 1969 - cujo aniversário se celebrou ontem.
Encerro com a notícia de que o Hubble ainda nos deu um presente: foi descoberta uma nova lua em Plutão, sendo denominada temporariamente de P4. Recebi a notícia através da ESA (Agência Espacial Europeia).
Grande abraço.
Muito querido amigo e polímata Paulo Marcelo,
ResponderExcluirespero estar certo já imaginá-lo no Brasil! Uma vez mais cumprimentos pelas vitórias na Turquia e agradecimento pelos preciosos adendos que fazes acerca de voos espaciais,
Com redobrada admiração
attico chassot