Ano 6 | MOSCOU | Edição 1822 |
A abertura da blogada sabatina pede um registro especial: Este blogue completa, neste 30 de julho, cinco anos. Assim, a partir de hoje na portada muda o registro e aparece Ano 6.
Em cinco anos foram postadas 1821 edições, isto significa (exceção feita nos primeiros dias de agosto de 2006, quando não estabelecerá a prática diária) uma edição a cada dia. Escrevi neste período da maioria dos Estados do Brasil e de 15 países (Argentina, Uruguai, Colômbia, México, Estados Unidos, França, Espanha, Reino Unido, Holanda, Bulgária, Croácia, Eslovênia, Dinamarca, Suécia e Rússia) e a sonhada estada hoje em St. Petersburg ensejará amanhã a 26ª cidade no exterior.
Esta celebração de 5 anos só tem uma razão: ter mais de uma centena de leitores diários que catalisam minha produção. A cada uma e cada um: obrigado, ou melhor: muito obrigado ou spasóbi, como tento dizer aqui na Rússia.
18/23 DIARIO
O último dia pleno moscovita foi densamente de turismo e pode ser dividido em três tempos, correspondente a cada turno.
O primeiro: Pela manhã. Após o desjejum multicultural do Savoy, que vale quase por um almoço, iniciei o primeiro tempo desta sexta-feira. Como a Gelsa estivesse envolvida em fazeres acadêmicos, saí sozinho para um desejado circuito de igrejas ortodoxas.
Primeiro fui à igreja de Nossa Senhora de Kazan (uma das centenas de invocações marianas que aprendi haver na Rússia). Havia um ofício religioso. Os dois celebrantes tinham funções distintas (e distantes): o mais jovem fazia leituras monocórdicas. Após entrou aquele que parecia ser o celebrante principal; tomou a posição central. Os fiéis, a maioria mulheres idosas persignavam-se repetidamente e se inclinavam quase até o chão, mais parecendo um exercício de alongamento. Não fiquei muito tempo. Senti-me um intruso na religiosidade alheia.
Fiz então uma longa caminhada. Encantam-me as cúpulas das igrejas. Trago algumas fotos que fiz.
Percorri lindos jardins. Admirei o túmulo do soldado desconhecido e o mausoléu de Lênin. Vi jovens desfrutando fontes em função do calor. Muitos turistas (estes a maioria russos do interior) na Praça Vermelha e nos jardins do Kremlin.
Encerrei o meu périplo visitando a catedral de são Basílio, subindo uma íngreme escadaria de degraus altos e irregulares para chegar a uma capela onde um coral cantava. Valeu o esforço físico.
Depois de três horas voltei exausto ao hotel. Uma hora após estava agendado o compromisso da tarde.
O segundo: Às 14 horas, a Gelsa e eu saímos com a Mariane, uma guia moscovita muito competente, que nos anos 70 morou dois anos em Cuba, e assim falava um espanhol aceitável. Fizemos uma visita guiada aos museus do Kremlin. Algo impressionante. Há roupas, carruagens e trenós dos tzares e tzarinas (nesta sessão se incluía arreios riquíssimo e incluindo joias que eram levadas pelos cavalos), baixelas, joias e presentes recebidos pelas duas dinastias de tzares que governaram a Rússia do século 13 ao começo do século 20.
Havia também uma seção de roupas de patriarcas e metropolitas da igreja ortodoxa. Aqui ainda se destacavam objetos de culto como lindos cálices, turíbulos e especialmente preciosos missais.
Depois de muito bem aproveitadas duas horas com a Mariane, por nossa conta, durante 1,5 hora, visitamos duas igrejas no complexo do Kremlin: a do Arcângelo e a dos 12 Apóstolos. Nestas, como em todas as igrejas ortodoxas encanta internamente os lindos e ricos ícones que cobrem paredes imensas e externamente as reluzentes cúpulas. Fomos ao hotel por cerca de duas horas, para mitigar o calor e o cansaço, para as 20h30min, partirmos com a Mariane, para o terceiro tempo.
O terceiro: Se ontem fiz aqui um prelúdio do metrô anunciando para hoje uma sinfonia mais completa do Metrô de Moscou (em russo Московский метрополитен) acho que fui audacioso. Diria que este palácio subterrâneo, inaugurado em 1935, é quase inenarrável.
É o maior metrô do mundo por densidade de passageiros, transportando por volta de 3.341.500.000 pessoas por ano e cerca de 9,2 milhões de pessoas por dia. Sua rede é composta de 182 estações, distribuídas por 12 linhas através de 298,2 km (sexto mais extenso do mundo atrás de Nova Iorque, Londres, Paris, Tóquio e Seul).
Ontem à noite, por duas horas percorremos com a Mariane mais de uma dezena de estações, muitas diferentes daquela que referira na edição anterior. Há que dizer apenas que Stalin concretizou uma proposta audaciosa que concebeu: O povo também merece palácios. Víramos pela tarde o luxo dos nobres no museu do Kremlin agora nos encantávamos com aquilo que milhões de pessoas podem fruir a cada dia. As fotos que fizemos dão uma pálida (muito pálida, mesmo) ideia de algumas estações. O Google oferece coleções muito mais elucidativas em diferentes endereços na internet.
Terminamos a visita de duas horas na Plastsat Revolutsia, onde há dezenas de arcos formados por duas lindas esculturas em mármore negro, narrando a história de diferentes momentos da Revolução Russa de 1917.
Ainda uma observação acerca de comentário deixado aqui ontem pelo polímata comentarista deste blogue Jair Lopes, editor do “Blog que pensa”: Em relação ao metrô de Moscou, assistia um programa no History Channel que tratava dos abrigos subterrâneos construídos durante a guerra fria, paralelos aos túneis do metrô. Parece que os soviéticos, diferentes de seus adversários do ocidente, aproveitaram a estrutura já existente e ampliaram ramais paralelos dotando-os das comodidades necessárias para sobrevivência dos líderes do Kremlin em caso de ataque nuclear. Segundo a Mariane, o assunto anda hoje é objeto de investigações e o assunto tem sido comentado na imprensa.
Esta tarde vamos de trem à St. Petersburg, de onde sonho escrever amanhã. Um bom sábado a cada uma e cada um. Obrigado pela companhia.
Ola meu caro Mestre! Em primeiro lugar parabéns pelos cinco anos de teu Blog, sempre instigante e trazendo conteúdos densos e interessantes. Mas que maravilha a cúpula desses templos. O dourado encanta e passa a impressão de uma suntuosidade imensa. Também o interior é muito rico. Entendo agora porque dizias de tua satisfaçao em poder visitar a Russia.
ResponderExcluirAbraços desde POA. JB
Caro Chassot,
ResponderExcluirinicio meu comentário cumprimentando o Blog do Mestre Chassot pelo seu quinto aniversário, e a ti como autor e mantenedor do mesmo: PARABÉNS!
Não somente a ti encanta as cúpulas dos templos ortodoxos: a mim também. São lindas! Com esse passeio assistido pela Mariane o aprendizado deve ter sido uma verdadeira aula de história e de arquitetura.
Boa viagem à St. Petersburgo.
Um abraço,
Garin
Petersburgo
Caro Chassot,
ResponderExcluirNo momento no qual seu blogue completa um lustro nada mais apropriado que você desfrutar das belezas arquitetônicas tanto do metrô moscovita quanto das igrejas ortodoxas da Capital. Parabéns pelo profícuo escrever e parabéns para nós, seus leitores, por essa dádiva de sapiência e idéias claras e bem enunciadas. Que a estada em St. Petersburg seja tão boa ou melhor do que a de Moscou. Boa viagem! JAIR.