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quinta-feira, 28 de julho de 2011

28. A Rússia está na história de todos nós

Ano 5

MOSCOU

Edição 1820


16/23 DIARIO Ontem, em dois voos: Paris/Munique/Moscou pensava no que determinava em fazer uma viagem tão inusual. Não seria apenas para colocar mais um país em minha lista daqueles que já visitei, mesmo que isto me gratifique. À noite, quando em determinado momento, caminhava pela primeira vez em Moscou pela Praça Vermelha a Gelsa disse: “Fecha os olhos e deixa eu te conduzir”. Por alguns momentos segui sua recomendação. Ao ser liberado para ver, meus olhos se toldaram de lágrimas: enxergava o Kremlin.

Minhas interrogações tiveram novas respostas. A Rússia, com seus cientistas, pintores, músicos, escritores, políticos, tzares e astronautas, com 1917, com o Comunismo, o Socialismo, o Sputnik, a Laika, com a agência TASS, a KGB, os toplev, os Lada, a Perestroika... e tanta coisa mais, está intensamente na história de todos nós. Tinha porque me emocionar ao estar, pela primeira vez, na Praça Vermelha, neste verão de 2011.

Antes destas emoções, muito presentes na primeira vez que deixamos o hotel, às 21h30min, com temperatura de 35ºC e a noite ainda sem ter chegado, houve três momentos de tensões que registro aqui, até para mostrar que nestas viagens nem sempre tudo são flores. É verdade que os dissabores foram sobrepujados, com vantagens 12 horas depois de ter deixado a residência da Júlia e do Benjamin e com a chegada ao hotel. Eis ‘três atos tensos de recém-chegados a uma megacidade onde seus habitantes só falam uma língua que até a leitura é proibitiva’.

Primeiro ato: como tivéramos restrições com uma bagagem de mão, nos desparceiramos momentaneamente em busca de uma solução. Então, a manada que deixava o Airbus foi conduzida por labirínticas escadas à imigração em dois andares distintos. Uma e outro somos retidos. Como explicar para uma inexperiente funcionária que fazia a emigração que a Rússia não exige ‘visa’ de brasileiros... Custamos a nos reencontrar, junto a uma babélica esteira de bagagens. Foram, talvez, 30 minutos. Pareceram horas.

Segundo ato: a viagem na chegada se fazia emocionante. Depois de acompanharmos o longo desfile de malas numa esteira onde se comprimiam pessoas, surge um aviso: ‘últimas malas’. Faltava uma de nossas bagagens. Voltamos para dezembro de 2006, ao aeroporto de Sofia, quando uma de nossas malas chegou no sexto dos sete dias de estada na capital búlgara. Uma vez mais eram os caracteres cirílicos que nos embaralhavam. Chegamos depois de muita desinformação ao setor de reclamo de bagagens extraviadas. A resposta foi rápida. A mala ficou em Munique, vem em um voo à noite. Até convencer uma burocrática funcionária que a mala devia ser entregue no hotel, ela preencheu sete formulários, não contando os cinco semipreenchidos que ela irritada amassava e jogava ao chão, em meio a clientes que bradavam na busca de seus direitos. Esperamos a mala para hoje.

Terceiro ato: todos os guias fazem a mesma recomendação: não tomar taxi desconhecido. A primeira pergunta: o que é taxi conhecido. Quando tirávamos grande quantidade de rublos (cada 100 rublos é cerca de 6 reais) de um caixa eletrônico, um jovem se grudou em nós oferecendo taxi. Mesmo que com nossa não comunicação disséssemos ‘Niet’ ele nos seguia em todas as tentativas de sair do aeroporto, já com mais de duas horas de atraso pela não chegada de uma mala. Sempre que encontrávamos uma possível solução ele interferia dizendo algo como ‘os clientes são meus’. Uma moscovita recém-chegada, disse não aceitássemos o serviço. Por fim acertamos por 2200 rublos com um que parecia confiável. Antes de partirmos lá estava o atravessador recebendo sua parte do motorista. Este não conhecia a localização do hotel, muito tradicional. Com uma mão manejava o GPS, com a outra o celular e com o cotovelo, mantinha o volante, que como no Reino Unido é do lado direito. Quando passamos por um extenso parque deserto, ficamos apreensivos. Depois de 1hora e 20 minutos chegamos o hotel.

Final feliz: as reservas internéticas de hotéis sempre são uma caixa de surpresas. Muitas vezes desagradáveis. O Savoy é muito melhor que o esperado. E o preço, como foi pago antecipado em maio, é menos que 1/3 da tabela. Valeu os esforços da Gelsatur.

Já temos uma programação para hoje. Ainda esperando a última confirmação, a Gelsa pela manhã deve ter um encontro com um colega moscovita que com ela é coautor de um artigo. Se isso puder efetivamente ocorrer, eu pretendo ver algumas das dezenas de igrejas ortodoxas que me encantaram, com suas cúpulas, na chegada ontem.

Aqui já passam das 7h da manhã. Há muito é dia claro. No Brasil a quinta-feira está começando. Que ela seja muito boa para cada uma e cada um.


2 comentários:

  1. Caro Chassot,

    quando começo esse meu comentário são 12h43 aí em Moscou. Assim como tenho me sentido companheiro de viagem, me tornei companheiro de aflição na epopéia de vocês na imigração, na reivindicação da bagagem e do taxi. Confio que as emoções positivas irão sempre superar esses momentos complexos do contato com uma cultura diferente com um idioma quase incompreensível para nós aqui, do outro lado.

    Boa quinta-feira! Boas visitas!

    Garin

    http://norberto-garin.blogspot.com

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  2. Caro Chassot,
    Antes de mais nada, contratempos em aeroportos são planetais, não há país que não tenha esses inconvenientes nos terminais. Quanto às primeiras impressões de Moscou, parece que você as curtiu, então também gostei. Abraços, JAIR.

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