Porto Alegre Ano 5 # 1467 |
Madrugada fria (cerca de 10ºC). A previsão é tempo bom. Ontem a meteorologia errou para o domingo dia dos pais. O dia em Porto Alegre foi chuviscoso. O sol anunciado não apareceu em seu chamado Sunday ou Sontag. Ele foi substitui pela acolhida festiva de filhos e filhas que com seus clãs alegraram a data.
Nos últimos dias algumas das edições deste blogue têm sido pautadas pelos meus leitores. Isto é uma situação muito boa. Exemplifico. Na quarta-feira passada, confessadamente, por falta de assunto, escrevi acerca do ‘meio da semana’, como é chamada a quarta-feira em alemão e então, muito despretensiosamente, comentei o ‘dia de Mercúrio’ e outras muitas associações.
A edição bombou [para usar, talvez pela primeira vez, uma ação verbal dicionarizada (bombar: Ser muito animado: A festa ontem bombou. A noite portoalegrense bombou no feriado. Ser um sucesso: O restaurante da esquina está bombando: O novo blogue vai bombar) que o meu corretor do Word não reconhece]. Assim repetir a dose na quinta-feira, com o ‘dia de Júpiter’ e no ‘dia de Venus’, sexta-feira completamos um tríduo que rendeu 20 comentários, que determinou que no sábado o ‘dia de Saturno’ ganhasse também uma inserção.
Assim hoje e amanhã vou trazer mais dois dias de nosso hebdomadário. Ficará faltando o domingo e ainda uma maior discussão de porque em português os cinco primeiros dias da semana são tão díspares dos demais idiomas
Hoje é o primeiro dia da semana. Esta é a abertura de nosso hebdomadário. Aqui talvez já coubesse a primeira crítica. Cabe inaugurá-lo com a segunda feira. A pergunta óbvia é: “onde está a primeira feira?” Ela foi/é o domingo. Este – como na maioria dos nossos calendários mensais, que apresentam os dias divididos em semanas -, é o primeiro dia da semana? Ou é o último?
Para mim o domingo, em que pesem os calendários, é o último, mesmo que abramos com aquele dia que até no nome - em português - é o segundo. Não que esta seja uma questão crucial, mas trago dois argumentos para fazer do domingo o último: o primeiro é tirado na nossa cosmogonia cristã, e essa, mesmo com essa adjetivação colocada, tomo-a da tradição judaica. Porém, essa tomada não é isenta de algo muito usual na história: houve uma aculturação. Sabemos do relato do Gênesis que Deus, depois de criar o mundo em seis dias, descansou no sétimo: aqui está uma marcação histórica para nossa semana de sete dias, mesmo que no mundo do trabalho tenha havido conquista para semanas de cinco ou até 4,5 dias. Mas na ‘absorção’ da tradição judaica o cristianismo passou considerar o domingo, e não mais o sábado, o sétimo dia. Há, ainda, denominações cristãs sabatistas, mas isso não é assunto para agora. O segundo argumento, diferente do anterior, buscado em tempos muito remotos, é de tempos pós-modernos; uma das mais salutares criações de nossos tempos é o fim de semana. Esse se encerra com o domingo e muitas vezes já começa no entardecer de sexta-feira, para mim o melhor momento do fim de semana.
Devo dizer também que para mim a segunda-feira começa no entardecer do domingo. Já entro, então, em ritmo de trabalho. Assim tenho na tradição judaica minha maneira de começar os dias. Pelo menos as sextas e as segundas-feiras; aliás, também os domingos – com essa inovação de já no entardecer de sábado estarmos lendo os jornais de domingo –, se assemelham começar no entardecer de sábado. Parece muito natural que, há tempo, fosse o por do sol que decretasse o fim de um dia. O mundo moderno, na expansão de jornadas de trabalho, faz com que as noites sejam ‘mais aproveitadas’. Algo inusitado, na primeira metade do século 20, era, por exemplo, o ensino noturno. Hoje quando vemos a pujança das Universidades à noite, não nos damos conta que esse ‘terceiro turno’ poderia ser pensado como quase uma violência na geração de nossas avós. Recordo que há um tempo, não era trivial ver o esforço de 60 alunas (em muitos semestres as turmas eram quase exclusivamente femininas) assistindo aulas à noite. Dizia-lhes que essa situação seria impensável nos tempos de suas avós.
A segunda-feira, na sua denominação em pelo menos uma dezena de idiomas é o dia da lua. Vale ver as tabelas que estão na edição da última quinta-feira. Além da nominação de dia da lua, diferentemente dos outros dias, segunda-feira é dia da lua no Panteon greco-romano, no anglo-saxônico, e ainda no calendário japonês, grego, hindu, árabe etc.
Talvez pudesse ser essa homenagem tão expressiva ao satélite da terra mais uma razão para termos nesse o primeiro dia da semana. Se os outros seis dias, não com essa densidade de idiomas, estão devotados a outros planetas, esse é o único dia que não é dedicado a um planeta, mas àquela que faz, na concepção aristotélica de universo, a grande divisão dos dois mundos: o universo sub-lunar onde temos os quatro elementos (a terra, a água, o ar e o fogo) e o mundo supra lunar com os seis planetas e seus deuses romanos homenageados nos outros seis dias da semana. É preciso referir que Diana – ou Ártemis –, a deusa da lua, irmã de Hélios, o deus Sol, não era muito cultuada entre os romanos. Mas é a lua que preside os calendários e os ciclos da vida, como por exemplo, o menstrual.
Artemis/Diana Na Grécia, Ártemis (em grego Άρτεμις) era uma deusa ligada inicialmente à vida selvagem e à caça. Em Roma, Diana tomava o lugar de Ártemis, frequentemente confundida com Selene ou Hécate, também deusas lunares Em Roma, Diana era a deusa da lua e da caça, filha de Júpiter e de Latona, e irmã gêmea de Apolo.
Era muito ciosa de sua virgindade. Na mais famosa de suas aventuras, transformou em um cervo o caçador Acteão, que a viu nua durante o banho. Indiferente ao amor e caçadora infatigável, Diana era cultuada em templos rústicos nas florestas, onde os caçadores lhe ofereciam sacrifícios.
Na mitologia romana, Diana era deusa dos animais selvagens e da caça, bem como dos animais domésticos. Filha de Júpiter e Latona, irmã gêmea de Apolo, obteve do pai permissão para não se casar e se manter sempre casta. Júpiter forneceu-lhe um séquito de sessenta oceânidas e vinte ninfas que, como ela, renunciaram ao casamento.
Diana foi cedo identificada com a deusa grega Ártemis e depois absorveu a identificação de Artemis com Selene (Lua) e Hécate (ou Trívia), de que derivou a caracterização triformis dea ("deusa de três formas"), usada às vezes na literatura latina. O mais famoso de seus santuários ficava no bosque junto ao lago Nemi, perto de Arícia.
Os imaginários habitantes da lua eram os selenitas. Assim se diz que quem sonha ou anda distraído, está no mundo da lua ou é um selenita.
Que esta segunda feira – dia muito bom para ser um pouco selenita –, Lunae Dies, lunes, Monday... seja uma frutuosa abertura da segunda semana agustina. E que venha o dia de Martes.
Bom dia Professor!
ResponderExcluirAaaaaah!Da segunda eu sabia!Mas isso se deve ao fato dos tempos em que fazia capoeira [hehehe!Sim, eu fazia!Rsss!], pois no chamado 'batizado' quizeram me denominar Ártemis!
=]
No entanto, no final das contas acabei sendo 'Iemanjá'.
.
Um ótimo início de semana ao senhor e aos seus!
^^!
.
Muito querida colega Ártemis,
ResponderExcluirdigo melhor, Thaiza,
não te imaginava capoeirista, pelo menos agora que estás com ventre prenhe de uma esperada realidade.
Obrigado pelo teu comentário e uma muito boa semana.
Afagos fraternos
attico chassot
Bom diaaaaaaaa Prof. Chassot!
ResponderExcluirÀs vezes é muito bom ser um selenita, não acha?
Viver no mundo da lua, mesmo que por poucos minutos... rsrsrsrs
Um lindo início de semana ao Senhor e um Feliz Dia dos Pais atrasado.
Com carinho,
Neusa
Olá!!!! Iniciar esta semana, em especial, com a reflexão da "segunda-feira", é simplesmente mágico.
ResponderExcluirUm abraço carinhoso a você que nos acolhe como um "pai".
Sandra
Estimada Neusa,
ResponderExcluir~~ espero que esteja me dirigindo para a Neusa certa, (aquela da postagem abaixo) mestranda da PUCPR ~~
Que bom que possamos ser, de vez em vez, selenita.
Eu sou inveterado.
Um afago
Prof! É a Neusa certa sim.
ResponderExcluirAbraço gordo!
Neusa
Estimada Sandra
ResponderExcluir~~ não sei se estou respondendo direito, mas elegi enviar a resposta para a Sandra Aparecida de Rio do Sul, como se fosse ela a autora do comentário abaixo ~~
Aqui bom que a mensagem te foi apetecível.
Obrigado por nos sentirmos acolhidos
Afagos
attico chassot
aah, é por isso que deram os nomes de Diana e Selene a duas pílulas anticoncepcionais. Legal.
ResponderExcluirAbraços Lunares
Minha muito querida Marília,
ResponderExcluirnão conhecia este detalhe do nome das pílulas, mas convenhamos, sendo o ciclo menstrual das fêmeas (mulheres e muitas outras mamíferas) presidido pela Lua, muito bem posto o nome.
Um afago carinhoso do
attico chassot